domingo, 13 de abril de 2014

Mais jovem delegado do Brasil sonha com uma polícia melhor

Brenno Carnevale Nessimian, de 24 anos, é delegado da 10ª DP (Botafogo), Zona Sul do Rio.


ROBERTA TRINDADE

Rio - Quem vai à 10ª DP (Botafogo) e pede para falar com a autoridade policial de plantão se surpreende quando Brenno Carnevale Nessimian surge por trás do balcão. Com carinha de menino, do alto de seus recém completados 24 anos, ele é o delegado mais jovem do Brasil. Fez a primeira prova do concurso público em 2012, aos 22 anos, e terminou a academia há quatro meses, assumindo a função aos 23. Ele tirou a posição de um delegado de São Paulo que tem 25. Brenno é o primeiro da família a seguir a carreira policial. “Sempre fui uma pessoa com senso de Justiça aflorado. Cresci achando que na polícia poderia ajudar muita gente. Sempre tive esse sonho, desde que saí do colégio. Sou um entusiasta. A polícia é feita por pessoas da própria sociedade. Uma polícia melhor só depende de quem entre nela querendo fazer a diferença”, ressaltou ele, que pensa em permanecer na polícia e fazer carreira.

Em sua segunda lotação, Brenno lembra de um caso que o marcou, quando ainda trabalhava na 19ª DP (Tijuca): a prisão do lutador de MMA Pierre Alexandre Inácio de Lima, 41 anos, 24 horas após esfaquear a ex-namorada, em frente ao Shopping Tijuca, em janeiro. Não somente jovem, bonito e inteligente, o delegado é um exemplo para outros policiais e um modelo para os cariocas. Durante uma corrida na orla de Copacabana, presenciou um assalto, correu e, cerca de um quilômetro depois, conseguiu alcançar e deter o criminoso. Desarmado, só teve problema em afastar as pessoas que queriam linchar o ladrão. “Falei que o soltaria para prender quem o agredisse. Não podemos exigir que as leis sejam cumpridas se não as cumprirmos. Crime é crime. Independentemente de quem o pratica e não podemos incentivar atitudes às margens da lei”, enfatizou o delegado, que anda de ônibus e de metrô. 

"Cresci achando que na polícia poderia ajudar muita gente. Sempre tive esse sonho, desde que saí do colégio" Brenno Carnevale, delegado, 24 anos

Sobre a crise de credibilidade na polícia, o jovem delegado se mostra esperançoso: “Podemos recuperar a confiança da sociedade, trazê-la para perto de nós. Antigamente a polícia era vista como algo mais distante. Hoje temos policiais com boa formação. As pessoas se identificam mais porque têm vizinho, colega, amigo que virou policial. Às vezes um amigo me fala: ‘Eu não confio na polícia, mas confio em você’. E eu respondo ‘então você confia na polícia, porque eu sou a polícia.”

Tricolor quer voltar a lutar
Tricolor, Brenno foi ao Maracanã na última quinta-feira para torcer pela classificação do Fluminense para a segunda fase da Copa do Brasil, contra o clube cearense Horizonte. Relembrando os cinco gols de seu time, o jovem delegado, geralmente sério, abre um sorriso largo. Mas nem precisa disso para chamar a atenção das mulheres na delegacia. Apesar de ele garantir que não recebe cantadas, muitas comentam que valeria a pena ser autuadas por ele.

Os policiais mais antigos me receberam muito bem. Eles acatam minhas decisões e me respeitam. As mulheres também me tratam com respeito e nunca tive situações de ouvir cantadas ou gracinhas”, desconversa Brenno. E completa: “Acho que a minha namorada também não ia ficar feliz.” 

Durante os estudos para o concurso, Brenno abriu mão de algumas paixões, como o muay thai, que praticava desde a adolescência. Hoje, pretende retomar a dedicação à arte marcial tailandesa, assim como voltar a jogar vôlei de praia.

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