Cerca de 400 pessoas alegam não ter para onde ir depois da desocupação dos prédios da Oi, que tiveram a energia cortada e foram isolados por tapumes.
JULIANA DAL PIVA
Rio - Mesmo grávida de quase nove meses, Stefany Montenegro, 20 anos, é uma das cerca de 400 pessoas que protestam em frente à Prefeitura do Rio desde a tarde de sexta-feira, depois da desocupação dos prédios da Oi. “Estou com a roupa do corpo. Perdi o pouco que tinha: colchão, comida e até o enxoval do bebê. Não tenho para onde ir”, diz a jovem, que está desempregada.
Com uma cama improvisada por cobertas, ela está gripada, enfrenta dores nas costas e passou a noite como a maioria: sem banho e se alimentando apenas das doações que chegam da população que para de carro em frente à prefeitura. Em situação semelhante, Carlos de Souza Gomes, 34 anos, cuida do pequeno Júnior, de apenas 2 meses. “Não sobrou nada. Entre as minhas coisas e as dele peguei as duas bolsas dele, mas os pacotes de fraldas ficaram por lá”, desabafou. Os ex-ocupantes dizem que não foram procurados por nenhum representante do município para fazer o cadastro social. Segundo eles, a única ação tomada ocorreu na noite da sexta-feira, quando duas vans da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social estiveram no local para oferecer vagas em abrigos municipais, o que foi recusado por todos.
50 policiais
Já no terreno da Oi, funcionários da Light cortaram a energia do local e outros terceirizados passaram o dia instalando tapumes ao redor do prédio, além da construção de um muro de concreto na antiga entrada. Mais de 50 policiais vigiavam os trabalhos. Neste sábado, o prefeito Eduardo Paes disse que a compra do terreno pelo prefeitura não ocorreu, como publicado anteriormente, por culpa da empresa. “A cobiça da Oi foi muito grande. Ela está cuidando muito mal da sua propriedade”, disse. Não houve entendimento sobre o valor de quase R$ 20 milhões, previsto em termo de compromisso firmado em 2012 para a construção de moradias no local conhecido como Favela da Telerj, como foi publicado ontem no Informe do DIA . A prefeitura informou que assistentes sociais cadastraram mil pessoas na sexta.
'Ainda estou com o projétil'
Vídeo: Maycon conta como perdeu a visão na desocupação
Maycon disse que pouco depois sentiu que tinha sido atingido. “Senti um projétil bater na minha vista e saí gritando pela minha mãe. Fomos para a UPA. Ontem, falaram que iam fazer a cirurgia, mas não fizeram e estou com o projétil até agora na minha vista”, desabafou. Com o trabalho, Maycon sustenta a mulher, dois filhos e ainda ajuda a mãe, que só tem uma perna. “A ocupação era uma chance de conseguir alguma coisa própria para a minha família”, afirmou ele.
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