domingo, 21 de abril de 2024

Casos de febre oropouche disparam no Brasil; conheça a doença.

 
Saiba como diferenciar a febre oropouche da dengue
Agência Estadão

O número de casos de febre oropouche quadruplicaram no Brasil. Enquanto em 2023 foram registrados 832 casos da doença, o Ministério da Saúde (MS) contabilizou 3.354 apenas nas quinze primeiras semanas de 2024. Do total deste ano, 2.538 dos casos são em residentes do Amazonas, seguidos por Rondônia (574), Acre (108), Pará (29) e Roraima (18). Fora da região Norte, Bahia (31), Mato Grosso (11), São Paulo (7) e Rio de Janeiro (6) foram os Estados com maior número de registros da doença. De acordo com o MS, a descentralização do diagnóstico laboratorial para detecção do vírus nos Estados da região amazônica, onde a febre é considerada endêmica, é o principal motivo por trás do aumento no número de casos. A situação, contudo, é mais complexa. Enquanto locais da Amazônia têm maior disponibilidade de exames, há outras regiões do Brasil sem possibilidade de detecção, o que sugere que o número de casos de febre oropouche seja muito superior ao registrado. Além disso, outro fator que colabora com a subnotificação é a semelhança entre os sintomas da oropouche com a dengue. Além de serem arboviroses - grupo de doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos -, os dois quadros costumam causar dor de cabeça, nos músculos e articulações, além de náusea e diarreia.

Na análise da infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Emy Gouveia, o ritmo atípico da febre oropouche, assim como de dengue, também pode ser associado ao fenômeno El Niño e às mudanças climáticas, que resultam em temperaturas elevadas e chuvas irregulares, condições ideais para a reprodução dos mosquitos transmissores e, consequentemente, disseminação da doença.

O que é a febre oropouche?
Como o nome sugere, a febre oropouche é uma doença causada pelo vírus oropouche. Transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, esse vírus foi detectado no Brasil na década de 1960 a partir de amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos Estados da região Amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).

Como ocorre a transmissão?
Segundo Emy, a transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela. Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:
Ciclo silvestre: nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus, mas o maruim é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo urbano: já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O maruim também é o vetor principal, porém, alguns casos também podem estar associados ao Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos."A diversidade de mosquitos envolvidos na transmissão do vírus é uma das preocupações mais sérias em relação ao aumento de casos no Brasil, especialmente em regiões além da Amazônia, uma vez que a disseminação pode ocorrer de maneira mais rápida, considerando que as pessoas também são hospedeiras", afirma Emy.

Como diferenciar a febre oropouche da dengue?
Além da diferença entre os mosquitos vetores, que, no caso da dengue, é o Aedes aegypti, as doenças se diferenciam pela evolução do quadro clínico. O paciente diagnosticado com dengue pode começar a sentir dores abdominais intensas e, no pior dos casos, pode apresentar hemorragias internas, o que não acontece na oropouche. Uma característica específica da oropouche é a apresentação de ciclo bifásico. Geralmente, a pessoa tem febre e dores por alguns dias e eles desaparecem em seguida. Após uma semana, o quadro da doença retorna, até sumir novamente. Segundo Emy, não há casos de mortalidade pela doença. Porém, uma outra característica marcante é que nos casos mais graves pode haver comprometimento do sistema nervoso central, com quadros como meningite asséptica e meningoencefalite, principalmente em pacientes imunocomprometidos. Vale ressaltar também que, diferente da dengue, ainda não há imunizantes específicos para a febre oropouche.

Quais são os grupos de risco?
De acordo com a infectologista do Hospital Albert Einstein, os idosos e as crianças são os principais grupos de risco da febre oropouche. No caso dos idosos, o perigo está relacionado à maior possibilidade de desidratação e presença de comorbidades. Já entre crianças, além da desidratação, a dificuldade de controlar a febre é o que amplia o risco de a doença evoluir para um quadro pior.

Como o diagnóstico é feito?
Atualmente, apenas um exame faz a identificação da doença: o RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazonas. A coleta é por meio do sangue e o exame fica disponível nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens). Existem também testes que dizem se a pessoa tem anticorpos da doença, e que revelam infecção recente, mas são poucos disponibilizados em laboratórios."Geralmente, por causa da pouca disponibilidade de exames, eles ficam restritos às pessoas com sintomas típicos da fase aguda da doença ou que testaram negativo para dengue ou chicungunya. Além disso, quando o paciente não é da Amazônia, mas teve passagem pela região, a atenção é redobrada", afirmou Emy.

Como é o tratamento?
De acordo com a especialista, ainda não há um medicamento específico para tratar a febre oropouche. Por isso, o tratamento é de suporte. Ou seja, costumam ser administradas medicações para dor, náuseas e febre, além da indicação de hidratação e repouso. Outra diferença em relação à dengue é que a febre oropouche não possui contraindicação de medicamentos. Então, a administração de anti-inflamatórios é liberada. Mas, para isso, é essencial que exista uma diferenciação do quadro clínico, já que a administração de certos medicamentos durante a dengue pode agravar a situação do paciente, ocasionando inclusive quadros hemorrágicos.

Como prevenir?
De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de prevenção incluem:
- Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele, especialmente nas regiões com maior número de casos;
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas;
- Se houver casos confirmados na sua região, é recomendado seguir as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos;

https://tribunaonline.com.br

Nem Búzios, nem Cabo Frio: outra cidade do Rio desbanca as preferidas.


Toda a atenção agora se volta para Rio das Ostras, na Costa Azul. Gastronomia 
requintada atrai turistas amantes da boa mesa à capital fluminense do jazz e blues.

Rio das Ostras (RJ) - O renomado chef José Hugo Celidônio (1932-2018) era um frequentador assíduo de Rio das Ostras, tanto que deixou um discípulo por ali: o engenheiro Pedro Rodrigues, hoje proprietário e chef do restaurante Bartrô, onde aplica as lições tomadas com o mestre, sobretudo a arte de receber bem. De uns tempos para cá, a gastronomia tomou conta da localidade conhecida como a capital do jazz e do blues por onde passou Charles Darwin, com uma boa leva de bares e restaurantes chegando para ficar. Inclusive uma adega/bistrô onde foram lançados dois espumantes especialmente para o aniversário da cidade. Rio das Ostras completa 32 anos este mês, esbanjando frescor de um balneário pronto para ser um polo gastronômico da dourada Região dos Lagos.

Boa música.
Rio das Ostras é azul. É também a capital fluminense do jazz e do blues, segundo decreto de uma lei estadual. Anualmente, tem festival do gênero em cinco palcos pela cidade, no feriado de Corpus Christi. Mais de cem horas de música, 300 artistas, incluindo atrações internacionais. O curso de produção cultural da UFF existe em razão do jazz. Um ponto de encontro para ouvir jazz e blues fora do festival é o Hotel Atlântico, que está fazendo 40 anos. De frente para o mar da linda Costa Azul, são 36 suítes (diárias a partir de R$ 240), piscina, sauna e um salão com centenas de fotos de relíquias da música mundial (Bob Dylan, Paul Mccartney, Madonna…) transformado no Galleria Gastrobar, porta de entrada do Atlântico, tocado com maestria pela chef capixaba Penhamara Araújo, com ajuda da sócia e chef Silvia Stanzani. Penhamara é sobrinha da sócia do Atlântico, Penha Araújo, que trouxe do exterior as imagens que estampam as paredes.

A tia cinéfila ia para os EUA todo ano e voltava com pôsteres dos artistas de Hollywood, que a sobrinha reuniu numa galeria de fotos e partir dali um gastrobar, com jazz/blues tocando o ano inteiro, tanto ao vivo quanto na caixa de som. Para sair cantarolando lararara pela rua… A moqueca capixaba (sem dendê, nem leite de coco, nem coentro) faz sucesso por ali, mas não tanto como a torta capixaba, com mariscos na massa. “Importei um pouco da culinária e cultura capixaba para cá, inclusive no preparo dos pratos, em panelas de barro, um patrimônio imaterial no Espírito Santo, fabricadas por mulheres paneleiras organizadas em cooperativas”, comenta Penharama. “Trabalhamos também com as desfiadeiras de siri.”

Circuito de sabores.
E por conta do circuito turístico de música, a gastronomia está bombando em Rio das Ostras. Nos anos 2000, o então engenheiro Pedro Rodrigues pediu demissão do cargo que ocupava numa empresa de insumos medicinais e percorreu o Caminho de Santiago de Compostela. Logo em seguida, começou a frequentar Rio das Ostras, vendo aflorar ali uma cultura gastronômica. Das edições do Festival de Frutos do Mar com José Hugo Celidonio e outros chefes de prestígio, como claude Troisgros, até a lugar de prestígio que seu Bartrô ocupa no balneário, em 20 anos sevindo produtos frescos e insumos daquele mar: congro negro, “caviar” de tomate-seco e molho de tamarindo. Atenção redobrada para o steak au poivre (coberto com grãos de pimenta grosseiramente quebrados), dos tempos áureos de Zé Hugo em seu Club Gourmet, irrepreensível no ponto da carne e no sabor do molho. Vem dali o prato dos 20 anos do Festival da Boa Lembrança, que traz uma mandala, a marca do Bartrô. O primeiro prato da Boa Lembrança surgiu junto com a casa, em 2001, e de lá para cá virou um cliente frequente. “Funciona como uma espécie de clube para os chefs se encontrarem e conversarem”, diz Pedro, que mantém os três filhos trabalhando no salão, que na verdade é o quintal de sua casa.

Espumante exclusivo.
E na carona, a enogastronomia também. Dois espumantes foram lançados para celebrar os 32 anos de Rio das Ostras. A iniciativa foi da Madame Merlot - personagem por trás da sommelier capixaba Geni Machado, proprietária da adega que vem colocando vinho bom na taça dos moradores e turistas. “Fui criada em Rio das Ostras, que a partir de agora vai voltar a ter ostras (risos)”, brinca, sobre as ostras que chegam de SC diretamente para seu restaurante, no interior da adega. Os espumantes comemorativos vêm da Serra Gaúcha, feitos na Lidio Carraro, vinícola boutique no Vale dos Vinhedos que assinou os vinhos da Olimpíada no Brasil. Serão mil garrafas de cada, um será o Pérola Brut (chardonnay e pinot noir) e o outro, Pérola Moscatel. O chef Maurimar assina o menu que tem início com arancini de cordeiro e passam por cogumelos Paris com creme de gorgonzola, fettuccine com cavaquinha (local) até chegar num prime rib duroc (corte feito na transversal incluindo o lombo e a costela) com purê de feijão branco e repolho; além de pescados daquela costa (camarão e dourado). O menu executivo sai por R$ 89,00.

A harmonização fica sempre a cargo da Madame, que dá o start com espumante Garbo (enologia criativa) e segue com Laroche Chablis premier cru safra 2020, Garzon tannat single vineyard safra 2020 e Domaine Seguinot bordet petit Chablis. A gigante Garzon vai servir os vinhos do jantar harmonizado (R$ 269,00) agendado para este sábado (13/04), no qual o stinco de cordeiro braseado lentamente com legumes e vinho tinto virá na companhia do petit verdot single vineyard.

Recanto de Darwin
A cidade da Costa Azul surgiu de uma vila de pescadores. O Rio das Ostras, que dá nome ao município, existe como rio desembocando na Boca da Barra, no mar, onde se avista o mais lindo point para o pôr do Sol. Fica ali o Quiosque da Tia Daci, que serve o inigualável kibe de peixe com camarão (R$ 10,00). Próximo, a festa da fauna riostrense formada por tartarugas, baleias e guaiamuns (o caranguejo azul). Ao visitar o destino, faça passeios de barco para praias mais distantes, visite o Museu Sítio Arqueológico Sambaqui Tarioba. Charles Darwin passou por ali (o naturalista inglês, autor da teoria da evolução das espécies, passou pelo Rio de Janeiro em 1832 quando esteve no Brasil. Para guardar esse interessante momento da história, foram criados os Caminhos de Darwin, com 2,2 quilômetros). Slow Food no meio do mato e de frente para o mar (Praia Virgem). Cozinha simples e confortável: Casa do Mar, onde se degusta camarão empanado ou flambado no conhaque no abacaxi (R$ 69,90) com catupiry e queijo canastra, muito bem acompanhando de um gim tônica de limão siciliano (R$ 38,00). A saideira? No Pátio Costazul, onde tem o craque Guto Chamarelli, proprietário da World Drinks, fazendo estripolias com as mãos em criações autorais.

Bate-volta a Casimiro de Abreu.
Rio das Ostras sempre foi, mas antes de se emancipar fazia parte do município Casimiro de Abreu, onde tem a casa em que o poeta nasceu (ele escreveu apenas um livro na vida, “A casa de primavera”). O túmulo dele fica atrás da igreja, e as pessoas o visitam. Um poeta sonhador exilado em Portugal escreveu sobre seu país e um grito de saudade das terras onde passou a infância e adolescência. De volta ao Brasil, colaborou para jornais, entrou para a Academia Brasileira de Letras e passou os últimos dias de vida na casa onde viveu a infância, hoje um museu na pequena cidade que leva seu nome: Casimiro de Abreu, a 30 minutos de Rio das Ostras. Basta um dia para percorrer a beira do Rio São João e ir parando nas construções coloniais à procura de traços da história e boa gastronomia. São ao menos seis bons restaurantes na via. O Simpatia é um dos mais antigos e o fio condutor desta renovação culinária local. É possível desfrutar de um almoço bucólico à beira do Rio, como serviço da casa que inclui cerveja gelada e um leque de opções de frutos do mar (mariscos, polvo e lula), além de pescados como pitangola, dourado e robalo.“Existe um interesse muito grande em oferecer uma gastronomia com segurança e feita com insumos locais”, garante o proprietário, Osmar Soares. Ele mesmo prepara a comida, no caso deste jornalista que vos fala, pescada grelhada ao belle menuère (molho a base de vinho branco) servida com risoto de siciliano e batatas rústicas (R$ 176,00 para três pessoas).“Simpatia é quase amor”, para quem não sabe, é o nome de um poema famoso de Casimiro.

Mais adiante, no Capri, o chef Paulo Fernandes trabalha com ostras e vieiras frescas, mexilhões de Búzios, polvo e lagosta. “O imóvel era uma casa abandonada”, conta ele. Ali também é oferecido day use (R$ 30,00) para usar a piscina, além de servir de galeria de arte com exposições temporárias e obras à venda. O artista da vez é Robson Fasolin. Cultura, arte, história e gastronomia. Uma viagem que vale um poema.

*O jornalista viajou a convite do Hotel Atlântico e do Galleria Gastrobar.
https://www.em.com.br

Após embate com Padilha, Lira reage e anuncia a líderes da Câmara que vai destravar demandas da oposição.


Presidente da Câmara falou em acordo para criar 5 CPIs e um grupo de 
trabalho para uma PEC de reação a operações judiciais contra parlamentares.

Por Lauriberto Pompeu e Gabriel Sabóia — Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou na terça-feira em reunião com líderes partidários que a Casa Legislativa deve destravar uma série de pedidos feitos pela oposição. Entre as medidas citadas estão a criação de cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar uma proposta de reação contra operações judiciais visando deputados. Pelo regimento da Casa, o número máximo de CPIs em funcionamento simultâneo é justamente cinco. Entre os requerimentos com o número necessário de assinaturas estão colegiados que pretendem apurar o "tráfico infantil e exploração sexual", o "avanço do crack", o "crime organizado", o "abuso de autoridade do Judiciário", as "passagens promocionais", as "concessionárias de energia Ambar Energia e Karpowership no Brasil" e as "concessionárias de distribuição de energia elétrica e pedidos de conexão de Micro e Minigeração Distribuída".

Não ficou definido quais das CPIs serão instaladas. A ideia é que os líderes partidários cheguem a um acordo e apresentem uma lista ao presidente da Câmara. – Não decidimos ainda. Ele quer ver se tem acordo – disse a líder da minoria na Câmara, Bia Kicis. Parte dessas comissões tem potencial para desgastar o governo, como os que jogam luz sobre a crise na segurança pública e na distribuição de energia. Além disso, Lira também afirmou que deve acontecer uma audiência pública no plenário da Casa com os jornalistas Michael Shellenberger e Glenn Greenwald, com o objetivo de debater o papel das redes sociais. O tema tem sido usado pelo empresário Elon Musk, dono do X, como forma de atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

A reunião de Lira com deputados acontece em um cenário em que o presidente da Câmara e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não se falam. Na semana passada, a tensão escalou, e o presidente da Câmara chegou a chamar Padilha de "incompetente" e "desafeto pessoal". Além disso, nesta terça, Cesar Lira, primo do deputado do PP, foi retirado do cargo de superintendente do Incra em Alagoas.

A iniciativa de privilegiar demandas da oposição foi entendida por líderes da base do governo como uma maneira de retaliar o Poder Executivo. Segundo relatos de líderes presentes na reunião, Lira também reclamou do fato de o governo ter retirado a urgência do projeto de lei que regulamenta o processo de falências. O projeto foi elaborado pelo ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, mas sofreu mudanças na Câmara, onde foi relatado pela deputada Dani Cunha (União-RJ), que deixou o texto com muitos poderes para os credores em vez da Justiça. A iniciativa tramitava em regime de urgência no Congresso, o que faria passar na frente de outras iniciativas, mas o tratamento especial foi retirado pelo governo, que deseja discutir melhor no Senado e ajustar a iniciativa. O Executivo ficou preocupado em ter um maior controle sobre o rumo do texto e o relator no Senado é o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA).

Aliados de Lira, por outro lado, dizem que parte das demandas anunciadas conquistaram endosso de partidos governistas, como o PT e o MDB. O chefe da Câmara avalia ter recebido o aval das duas legendas para criar um GT que visa criar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reforçaria o que os deputados têm chamado de "prerrogativas dos parlamentares" em relação a operações judiciais. Uma reação da Câmara a isso ganhou impulso após a prisão do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco, e depois de operações de busca e apreensão contra os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). Ramagem é alvo de uma apuração que investiga uma suspeita de uso da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento indevido e Jordy está envolvido em suspeitas de incentivar atos democráticos. Além disso, deputados trabalham para derrubar os vetos do governo, como o que diminuiu em R$ 5.600.000.000,00 as emendas parlamentares de comissão, o que inviabilizou um cronograma com liberação desses recursos indicados pelos congressistas e o que impediu o ponto central do projeto que limita as "saidinhas" dos presos.

https://oglobo.globo.com

sábado, 20 de abril de 2024

Comandante do Exército manda recado em defesa da democracia.


Na celebração do aniversário da força, general Tomás Paiva reafirma compromisso com Estado de Direito e repúdio à indisciplina. Evento foi o primeiro com a participação de Lula, após determinar que governo não criticaria golpe de 1964.

Victor Correia

O general Tomás Paiva deixou claro, ontem, na celebração ao Dia do Exército, o compromisso da força com os "ideais democráticos" e reforçou que a tropa é uma instituição de Estado, independentemente do matiz ideológico do governo. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do evento, o comandante frisou que o momento vivido hoje pelos militares é outro — e bem distante daquele que marcou a presidência de Jair Bolsonaro."Ao completar 376 anos de glória, a força terrestre reafirma o eterno compromisso com a nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos, mesmo com o sacrifício da própria vida. Integramos uma instituição de Estado alicerçada na hierarquia e na disciplina, que se mantém coesa pelo culto a valores imutáveis. Estamos sempre prontos para garantir a soberania do País, protegendo nossas fronteiras e guardando nossas riquezas em todos os quadrantes deste imenso território", salientou o general.

Isso, porém, não o impediu de fazer uma cobrança a Lula: a necessidade de investir em reequipamento e tecnologia para as três forças. Na última quarta-feira, Paiva esteve com os outros dois comandantes militares e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados,  oportunidade em que pediram aos parlamentares que incluíssem emendas ao Orçamento da União destinando recursos do Produto Interno Bruto (PIB) para investir no Exército, na Marinha e na Aeronáutica."Estar preparado para o futuro envolve, sobretudo, aprimorar o valor do soldado por meio do treinamento eficaz da dotação de materiais de emprego militar modernos. Dessa forma, a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a base industrial de defesa e aumentar a capacidade de dissuasão em um mundo multipolar, no qual os conflitos bélicos são uma realidade", lembrou Paiva.

Segundo o comandante do Exército, "a constante evolução tecnológica nos obriga a priorizar a atração, a capacitação e a retenção de recursos humanos, formando os líderes do amanhã por intermédio de um consagrado sistema de ensino, que preserva e difunde princípios éticos, valores e tradições militares".

Teste.
Por sua vez, Lula passou pelo primeiro teste junto aos militares — menos de um mês depois de determinar que os integrantes do governo não participassem de atos em repúdio ao golpe militar, que completou 60 anos — ao participar da celebração. Isso não o impediu de ser vaiado por um grupo de pessoas que assistia ao evento, no quartel-general do Exército — onde os bolsonaristas se concentraram até o dia em que desceram a Esplanada dos Ministérios para depredar as sedes dos Três Poderes, em uma tentativa de golpe de Estado, em 08 de janeiro de 2023. O constrangimento não foi maior porque apoiadores do presidente iniciaram uma salva de palmas e cantaram músicas de apoio. Lula não discursou, mas entregou medalhas da Ordem do Mérito Militar e a Medalha Exército Brasileiro. Além dele, do ministro José Múcio e dos três comandantes militares, participaram do evento o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) — líder do governo no Congresso — e Hamilton Mourão (Republicanos-RJ) — general da reserva e ex-vice-presidente da República.

https://www.correiobraziliense.com.br

Após novo embate com Bolsonaro, Valdemar contraria ex-presidente e decide que PL irá recorrer em ação contra Moro.


Ex-juiz da Lava-Jato foi inocentado no TRE PR, mas caso 
ainda pode ser apreciado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Por Gabriel Sabóia e Luísa Marzullo

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o comandante do PL, Valdemar Costa Neto, travam nos bastidores uma disputa pelo rumo que o partido tomará no julgamento do senador Sergio Moro (União-PR). Após o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) absolver o ex-juiz da Lava-Jato das acusações de abuso de poder político e econômico, Bolsonaro tem defendido que a sigla, autora da ação ao lado do PT, não recorra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como um gesto simbólico ao eleitorado conservador. Valdemar, por sua vez, anunciou que a legenda vai interpor o recurso à revelia dos pedidos feitos pelo principal correligionário com o objetivo de “defender os interesses políticos” do PL. Na última segunda-feira, o dirigente havia afirmado ao GLOBO que “sua vontade” era “retirar o recurso”. Na ocasião, Valdemar informou ainda que tentaria negociar com o escritório de advocacia que representa o partido a possibilidade de rever uma multa de R$ 1.200.000,00 prevista em contrato no caso de não apresentação de recurso. Ontem, porém, o dirigente mudou de tom: — Vamos entrar com o recurso no TSE, sim. Essa retirada não ficaria bem para o partido e teríamos que arcar com a multa. Eu entrei com a ação para defender os interesses políticos do partido e seguirei agindo desta maneira. Tenho que defender os parceiros do PL — argumentou Costa Neto.

Nas tratativas internas costuradas via interlocutores, já que os dois estão proibidos pela Justiça de manter contato, Bolsonaro vem alegando que o eleitorado de Moro é o mesmo do PL e que, por isso, não seria interessante fazer parte de uma “narrativa de perseguição” a outro conservador. O ex-presidente argumenta ainda que o PT — como já divulgou o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — vai recorrer da absolvição, o que levaria o caso ao TSE de qualquer modo. O recuo do PL, assim, seria apenas um aceno simbólico a Sergio Moro e a seus eleitores.

Para além das posições divergentes, aliados de Bolsonaro também veem com dúvidas as citações de Valdemar à multa estabelecida no acordo com o escritório. Em entrevista ao blog da jornalista Malu Gaspar, colunista do GLOBO, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que também é advogado, vocalizou abertamente a descrença: — Isso, infelizmente, não para de pé. É uma justificativa que todo mundo sabe que não existe. Com advogado, você renegocia o prazo para fazer o pagamento, honra o contrato que foi feito com esses advogados, e o PL tem condições de fazer isso — disse o filho do ex-presidente.

'Por mim, tanto faz'
Moro chegou a ser ministro da Justiça no governo Bolsonaro, mas deixou o cargo no segundo ano da gestão em meio a acusações de interferências indevidas do então presidente no trabalho da Polícia Federal (PF). Os dois só se reaproximaram no contexto da corrida presidencial de 2022, sobretudo no segundo turno, quando tentaram unir forças contra a candidatura de Lula, condenado pelo ex-juiz no âmbito da Lava-Jato. Na disputa pelo Senado no Paraná, Bolsonaro ficou em lado oposto ao de Moro e chancelou Paulo Martins, do próprio PL, que também contava com o apoio de outro correligionário de peso, o governador Ratinho Jr. O ex-magistrado superou o principal rival por uma diferença de aproximadamente 4% dos votos. No caso de uma eventual cassação de Moro pelo TSE, Martins é apontado como um dos possíveis postulantes à cadeira do senador na eleição suplementar que precisaria ser convocada. Os nomes da deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e até da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também foram ventilados para a disputa hipotética. — É uma questão jurídica relevante, mas que também depende de uma decisão política da direção do PL. Por mim, tanto faz se irá recorrer: o que o partido decidir, está tudo bem — desconversou Paulo Martins ao GLOBO.

https://oglobo.globo.com

Windows 10 deve começar a notificar usuários para que registrem uma conta da Microsoft.


O Windows 10 deve passar a convidar usuários a registrem uma conta da Microsoft no PC. Uma nova notificação começou a ser exibida para alguns testadores da Build 19045.4353, disponibilizada através do canal Release Preview na segunda-feira (15), apontando os benefícios de utilizar uma conta on-line no lugar da conta local. Com a nova atualização de teste, o sistema operacional exibe alertas no aplicativo de configurações para sugerir que o usuário faça login com uma conta da Microsoft. A mensagem afirma que, ao utilizar a conta on-line, será possível fazer backup de arquivos e mantê-los mais seguros na nuvem do OneDrive. Ao contrário do Windows 11, o Windows 10 não exigirá que o usuário faça login com sua conta da Microsoft para que possa usar o PC. Será possível desativar os alertas de conta da Microsoft seguindo o caminho: Configurações > Privacidade > Geral > Mostrar conteúdo sugerido nas Configurações (desativar).

Ainda não há uma data prevista para o lançamento estável da Build 19045.4353. Contudo, as atualizações da nova versão do sistema operacional focam somente em corrigir bugs, sem adicionar novos recursos. Isso se deve ao foco atual da Microsoft no Windows 11, que está sendo enriquecido com diversas ferramentas baseadas em inteligência artificial.

O “convite” para que o usuário registre uma conta on-line chega em meio aos preparativos para o fim do suporte do Windows 10. A Microsoft já começou a notificar usuários sobre o encerramento das atualizações de segurança, que acontecerá em 14 de outubro de 2025. Embora fosse esperada, muitos usuários reprovam a escolha da data. Com o fim do suporte, 240 milhões de computadores podem se transformar em “lixo eletrônico”, segundo uma pesquisa da Canalys. Por mais que a empresa tenha anunciado um plano pago para manter as atualizações de segurança até 2028, grande parte dos usuários não o assinará, uma vez que compensaria mais adquirir um novo PC com Windows 11.

https://www.tudocelular.com

Defensoria pede à Justiça Federal que condene X a pagar R$ 1.000.000.000,00 por danos morais e sociais.

 
Na ação, Defensoria Pública da União também pede à Justiça que determine ao X a adoção de práticas de moderação de conteúdos, e de sistema de cooperação com autoridades judiciais.

Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília

A Defensoria Pública da União (DPU) pediu na sexta-feira (19) à Justiça Federal que condene a plataforma X, antigo Twitter, a pagar R$ 1.000.000.000,00 em indenização por dano moral coletivo e danos sociais ao Brasil. Para a DPU, as condutas do empresário Elon Musk, proprietário da rede social, e do X "representam instrumentalização de plataformas digitais para fins ilícitos"."[O que aponta] para a grave responsabilidade das empresas e de seus gestores, indicando uma indução e participação em atividades criminosas que atentam contra o tecido democrático da nação", diz a ação da Defensoria.

No início do mês, Musk passou a fazer ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de decisões que determinaram a remoção de conteúdo e o bloqueio de contas de investigados pela Corte. As postagens que foram alvo de decisões do STF envolvem crimes como discurso de ódio, defesa de golpe de estado e ataques sem provas ao sistema eleitoral. Em publicações no X, Musk ameaçou não cumprir decisões da justiça brasileira e passou a ser investigado no Supremo.

Outras medidas.
Além de solicitar a indenização, ação da DPU pede que a Justiça determine ao X a adoção de uma série de medidas como:
Práticas de moderação de conteúdo em conformidade com os direitos à liberdade de expressão e informação, removendo conteúdos ilegais ou que promovam desobediência a decisões judiciais.
Criação de sistema eficaz de cooperação com autoridades judiciais para garantir respostas rápidas a ordens judiciais e requisições legais.
Publicação de relatórios periódicos detalhando as ações tomadas para cumprir ordens judiciais e a moderação de conteúdo.
Contratação de entidades independentes para realizar auditorias regulares nas práticas da empresa.

g1.globo.com

Operação da PF apura desvios de verbas da Saúde em cidade onde irmã de ministro é prefeita.


Investigadores suspeitam de conluio entre empresário e servidor da saúde para fraudar licitações e superfaturar contratos em Vitorino Freire (MA), cuja prefeita, Luana Rezende, é irmã do ministro das Comunicações.

POR WENDAL CARMO 

A Polícia Federal voltou a fazer uma operação, na quinta-feira 18, para apurar suspeitas de desvio de dinheiro público destinado à saúde na prefeitura de Vitorino Freire, no Maranhão, comandada por Luana Rezende (União Brasil), irmã do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Os investigadores miram um grupo criminoso que teria fraudado sistemas do Ministério da Saúde, inserindo dados falsos para obter mais repasses federais, oriundos de emendas parlamentares do chamado Orçamento Secreto. A ação, segundo a PF, gerou um aumento da produção ambulatorial do município para R$ 1.057,00 per capita, enquanto a média nacional foi de R$ 164,77. Essa discrepância teria sido motivada principalmente pelo registro de 800.500 consultas médicas somente em 2021. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União mostrou que grande parte dos valores das emendas parlamentares foi direcionada a um contrato de mão de obra médica. Isso, sustenta a PF, indicaria para “um possível conluio entre empresário e  servidor da Secretaria Municipal da Saúde de Vitorino Freire, a fim de promover a frustração do caráter competitivo de certame, fraude contratual e superfaturamento”.

Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em São Luís e em Belém (PA). São investigadas os possíveis crimes de inserção de dados falsos em sistema de informação, fraude licitatória, superfaturamento contratual e peculato. Também na quinta, a Justiça Federal determinou o bloqueio dos bens e valores dos investigados em até R$ 4.600.000,00. Além disso, suspendeu o exercício da função pública do servidor e o direito de participação de licitações do empresário. No ano passado, a prefeita Luanna Rezende foi alvo de operação da PF que investigava suspeita de desvio de dinheiro da Codevasf, envolvendo emenda enviada por Juscelino quando ele cumpria mandato de deputado federal. Ela chegou a ser afastada do cargo, mas a medida foi revogada dias depois pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal.

cartacapital.com.br

Dino intima Lula, Pacheco e Lira a prestarem informações sobre emenda PIX e autores do antigo orçamento secreto.


Decisão foi tomada em ação apresentada pelo PSOL 
sobre falta de transparência de beneficiados.

Por Eduardo Gonçalves — Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino intimou os presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados para que se manifestem sobre um suposto descumprimento da decisão da Corte que considerou inconstitucional o chamado orçamento secreto. No despacho, Dino pede esclarecimentos sobre as chamadas "emendas pix", nas quais o valor é enviado por parlamentares a prefeituras e estados sem um fim específico. O ministro também pede informações sobre a falta de publicidade da autoria de indicação de recursos do antigo Orçamento Secreto. Na decisão em que o STF declarou o mecanismo ilegal, em 2022, a Corte exigiu a transparência sobre a destinação das chamadas "emendas de relator".

O despacho de Dino cita o trecho de um pedido das Associações Contas Abertas, a Transparência Brasil e a Transparência Internacional. As entidades falam da "alta opacidade e baixo controle" das emendas Pix, que teriam uma lógica semelhante à do orçamento secreto. Segundo a decisão, Luiz Inácio Lula da Silva, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira terão 15 dias para prestar explicações sobre o caso, se quiserem. A decisão foi tomada em "arguição de descumprimento de preceito fundamental" proposta pela PSOL. O orçamento secreto, que tinha como base as emendas de relator ou RP-9, era o instrumento por meio do qual parlamentares destinavam recursos da União sem serem identificados. Os políticos agraciados com a verba eram escolhidos pelo governo, sem critérios claros de seleção, em troca de apoio no Congresso. "Intimem-se o requerente, Partido Socialismo e Liberdade - PSOL, bem como os interessados, Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal e Presidente da Câmara dos Deputados, para, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias, se manifestarem acerca do noticiado pelos amigos da Corte", diz a decisão de Flávio Dino.

https://oglobo.globo.com

PSOL pede que STF inclua Eduardo Bolsonaro e Gustavo Gayer em investigações do 8/1.

 
Laura Scofield
Da Agência Pública.

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) sejam incluídos no inquérito que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A denúncia usa reportagem da Agência Pública que detalha como comitiva de deputados liderada por Eduardo Bolsonaro vem articulando apoio internacional por punições ao Brasil, a partir do discurso de que o país estaria vivendo uma "ditadura de esquerda". Em vídeo publicado em seu perfil nas redes sociais, Eduardo negou ter defendido qualquer tipo de sanção ao país. O documento, protocolado no STF na segunda-feira (15), argumenta que a viagem ao país e outras articulações internacionais refletem "a insistência da extrema direita brasileira em buscar apoio internacional" com o objetivo de "fomentar a falsa narrativa de haver uma grave e preocupante crise democrática em curso no Brasil, e, assim, de fato, criar uma real crise nas instituições democráticas do país".

Integrantes da comitiva liderada por Eduardo Bolsonaro falaram sobre possíveis sanções ao Brasil por parte dos Estados Unidos durante a visita a Washington. Em entrevista à Epoch Times Brasil, ainda em Washington, o deputado André Fernandes (PL-CE), por exemplo, disse que "talvez com sanções ou iminentes sanções, o Brasil, mais específico o Judiciário, reflita, tire o pé do acelerador, porque nós não vamos parar"."Imagina se o Brasil começar a sofrer sanções, coisas do tipo", disse Bia Kicis (PL-DF) ao ressaltar a possibilidade de vitória de Donald Trump. Ela caracterizou as sanções como "muito ruins" e lembrou que outros países latino-americanos receberam sanções sem que isso fosse "suficiente para a queda desses regimes"."Mas, como no Brasil a coisa não está tão profunda ainda, pode ser, eu tenho realmente a esperança que a gente consiga fazer com que algo aconteça, de verdade", concluiu, também em entrevista à Epoch Times Brasil.

Decisão caberá a Alexandre de Moraes.
A denúncia do PSOL foi anexada aos inquéritos 4.921 e 4.922 e será avaliada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o 8 de janeiro. O pedido foi assinado pela deputada federal Professora Luciene Cavalcante (PSOL-SP), pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP) e pelo vereador de São Paulo Celso Giannazi (PSOL-SP)."Quando a gente fala em fazer sanções contra o Brasil, é fazer sanções contra os negócios que o Brasil tem com esses países, ou seja, contra o conjunto do povo brasileiro", disse em entrevista à Pública a deputada Professora Luciene Cavalcante. Ela defende que a viagem, realizada em março, deve ser investigada juntamente ao 8 de janeiro, pois seria "uma continuação desse ataque à nossa democracia".

A iniciativa, revelada pela Carta Capital, cita uma segunda reportagem da Pública, que mostra que Eduardo Bolsonaro, principal articulador internacional do movimento, fez ao menos 125 reuniões com membros da extrema direita do continente americano. Além da denúncia ao STF, os parlamentares também protocolaram uma petição ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo que seja aberta uma investigação sobre o possível uso de dinheiro público da Câmara dos Deputados para bancar as viagens da comitiva."O cenário se agrava diante da possibilidade de que tais incursões, estas, sim, contra a democracia brasileira, podem ter sido financiadas com dinheiro público, e, portanto, em prejuízo ao erário diante da ausência de interesse público, uma vez que o único objetivo é disseminar desinformação e atacar a democracia brasileira", afirma o documento. Para a deputada, caso se comprove uso de verba pública, o dinheiro deveria ser devolvido.

Ao menos dois integrantes da comitiva que acompanhou Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos pagaram parte da ida para Washington com dinheiro público. Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Coronel Ulysses (União-AC) declararam uso de cota parlamentar para custear a viagem, conforme dados da Câmara dos Deputados. Bilynskyj pagou R$ 12.556,90 em hospedagem e gastou R$ 776,69 em alimentação em restaurantes norte-americanos durante os dias em que esteve no país. Já Ulysses gastou R$ 13.936,83 na estada entre 11 e 15 de março. Procurados, os dois deputados não se manifestaram sobre o assunto. O STF confirmou o recebimento da petição e afirmou que não há prazo para a manifestação do ministro. Já TCU disse que o documento "está em análise na área técnica do Tribunal".

Silêncio e contestação: Eduardo Bolsonaro nega defesa de sanções.
A Pública procurou os deputados Eduardo Bolsonaro e Gustavo Gayer, mas os parlamentares não responderam à reportagem. De acordo com os dados disponibilizados pela Câmara dos Deputados, Gayer não declarou gastos com cota parlamentar ou em missão oficial durante sua viagem a Washington. Já Eduardo Bolsonaro teve a passagem aérea de ida a Washington em 11 de março, no valor de R$ 8.180,19, reembolsada pela Câmara. Sobre a articulação feita nos Estados Unidos, Eduardo nega ter defendido punições ao Brasil. "Nunca foi abordado em nenhuma reunião nossa sanções ao Brasil, prejuízo aos brasileiros, o nosso único espírito é de levar a verdade ao exterior", disse ele em vídeo publicado em seu perfil nas redes sociais na segunda-feira (15). "Agora, é verdade que após audiências públicas realizadas no Congresso americano pode se dar ato contínuo à votação de resoluções", resumiu.

Entre as atividades da comitiva liderada por Eduardo Bolsonaro estavam reuniões com a Conservative Political Action Conference (CPAC) e o laboratório de ideias The Heritage Foundation. Ambas as iniciativas defenderam sanções ao Brasil - no caso da CPAC, que terá sua quinta edição brasileira em julho, em Santa Catarina, a manifestação foi feita pouco após reuniões com deputados brasileiros nos EUA, enquanto o filho do ex-presidente Bolsonaro se reunia com o ex-presidente norte-americano Donald Trump. Em transmissão ao vivo no YouTube antes da audiência da Comissão Tom Lantos, que discutiria supostas violações de direitos humanos no Brasil, Eduardo Bolsonaro voltou a se dizer contra sanções ao país, mas apontou como possíveis resultados do encontro "atitudes governamentais" por parte dos Estados Unidos."Os Estados Unidos têm, por tradição, após esse tipo de audiência, por vezes, fazer resoluções. E essas resoluções podem embasar atitudes governamentais. Quais atitudes essas? Não sei. Aí fica a cargo das autoridades americanas. Mas vale lembrar. Essas resoluções não são extintas com o passar do ano. Elas podem ser usadas, inclusive, para futuras administrações, futuros governos", disse. Ao descrever o cenário do Brasil e a possível participação do empresariado brasileiro contra ações de autoridades do país declarou: "Vão apoiar essas arbitrariedades? Se começar a sentir no bolso, de repente?".

A audiência acabou cancelada por um dos copresidentes da Tom Lantos, o deputado James P. McGovern, sob a alegação de que o Congresso dos Estados Unidos estaria sendo usado "para apoiar os negacionistas eleitorais da extrema direita que tentaram dar um golpe no Brasil".

https://noticias.uol.com.br