terça-feira, 17 de julho de 2018

PERÍCIA COMPROVA: VERBA DA ODEBRECHT NÃO FOI PARA O SÍTIO DE ATIBAIA.


247 - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a Sérgio Moro, na tarde da segunda-feira (16), o laudo de uma perícia contratada pelos advogados sobre o sistema de pagamentos de propina da Odebrecht. De acordo com a apresentação, os valores registrados na contabilidade do setor de propinas da empreiteira não têm relação com obras no sítio de Atibaia. Os R$ 700.000,00 são provenientes do Setor de Operações Estruturadas, mais conhecido como departamento de propinas da Odebrecht. No inquérito, Lula é acusado de ter recebido vantagens indevidas em obras em um sítio de Atibaia (SP) em troca de contratos com a Petrobras.

De acordo com o laudo, o contador e auditor Cláudio Wagner analisou o sistema de contabilidade, MyWebDay B, e o de comunicação, Drousys, da Odebrecht. Também foi analisada a planilha disponibilizada pelo engenheiro e delator da empreiteira Emyr Diniz Costa Júnior, com a informação sobre a saída de R$ 700.000,00 do Projeto Aquapolo e que teria sido destinado para o sítio de Atibaia.

Segundo a conclusão do perito, no entanto, os valores não têm vínculo com a propriedade ou com o ex-presidente Lula. A perícia apontou que existem apenas registros de que o dinheiro saiu do Projeto Aquapolo, obras de saneamento do ABC Paulista, com destino ao próprio setor de propinas da empreiteira. “Os registros comprovam que ele enviou valores ao departamento de operações estruturadas, todos sem nenhum vínculo com a obra de Atibaia discutida na presente ação penal e, ainda, sem a mínima vinculação desses valores com obras e/ou contratos da Petrobras”, diz o especialista.

Foi verificado, ainda, que a conta destinatária do valor desviado do Projeto Aquapolo teve como destino uma conta específica de Emílio Alves Odebrecht e as movimentações de transações específicas não foram de interesses da família Odebrecht como fazendas, holdings e empresas offshores, que eram controladas por ele e por pessoas próximas.

“[…]Tudo administrado por pessoas próximas de Emílio que, conforme levantamento efetuados das iniciais contantes nos registros, podem ser Jicélia Sampaio, Marcia Gusmão, Raul Calil e Ruy Lemos Sampaio”, aponta o perito como possíveis destinatários. O perito observa que Ruy Lemos Sampaio, um dos administradores da conta, foi recentemente indicado para a Presidência do Conselho de Administração da Odebrecht.

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Lares dependentes da renda de aposentados cresceram 12% em um ano

Pelo menos 10.800.000 brasileiros dependem da renda de idosos aposentados para viver.


Ilustração
Por ESTADÃO CONTEÚDO

São Paulo - Carmen Victolo não planejava chegar assim aos 58 anos. Desempregada desde 2014, ela mora com os pais de mais de 90 anos e depende da aposentadoria deles para bancar despesas básicas. Dois cursos superiores e pós-graduação não foram suficientes para levá-la de volta ao mercado e restituir o salário que ganhava como coordenadora de marketing. "Virei teúda e manteúda dos meus pais", brinca, tentando dar leveza ao seu drama pessoal

Como Carmen, pelo menos 10.800.000 brasileiros dependem da renda de idosos aposentados para viver. Só no último ano, o número de residências em que mais de 75% da renda vem de aposentadorias cresceu 12%, de 5.100.000 para 5.700,000. O estudo feito pela LCA Consultores a pedido do jornal O Estado de S. Paulo considera domicílios onde moram ao menos uma pessoa que não é pensionista ou aposentada, e que abrigam um total de 16.900.000 de pessoas, incluindo os próprios aposentados.

Essa dependência sempre foi mais forte no Nordeste, que nos governos do PT viu benefícios como aposentadorias e Bolsa Família crescerem mais que a renda do trabalho. O desemprego, no entanto, está levando mais lares, em outras regiões do país, à mesma situação. No Nordeste, a fatia da Previdência na renda das famílias passou de 19,9% em 2014 para 23,2% em 2017. No país, foi de 16,3% para 18,5%, aponta a consultoria Tendências. "À medida que o mercado de trabalho demora para se recuperar, as aposentadorias acabam ganhando espaço no orçamento familiar", diz Cosmo Donato, economista da LCA e responsável pelo estudo.

Nos domicílios em que mais de 75% da renda vem da aposentadoria, o número de desempregados é quase o dobro da média do país. O metalúrgico aposentado Antonio Alves de Souza, de 72 anos, sustenta, com uma renda de R$ 3.000,00, três filhos desempregados de 26, 32 e 36 anos. Eles não moram juntos, mas fazem todas as refeições e tomam banho na casa de Souza. Quando falta dinheiro para pagar as contas, também é ao pai que os três recorrem. "Se a renda fosse só para mim e para minha mulher dava para quebrar o galho, mas não tem jeito, tenho de ajudar porque eles não conseguem emprego."

Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Na Espanha, no período mais agudo da recessão recente, economistas chegaram a chamar os idosos espanhóis de heróis silenciosos da crise, por bancarem financeiramente filhos e netos desempregados e evitarem, em certa medida, um colapso social. Familiares chegaram a tirar aposentados de asilos para garantir uma renda. "No Brasil, os avós estão virando arrimo de família", diz o médico Alexandre Kalache, especialista em longevidade. "Eles estão absorvendo o impacto do desemprego e da instabilidade econômica." A consequência, segundo Kalache, é perversa. "A geração que hoje depende dos pais pode ter dificuldade para se aposentar. Em breve, serão eles os idosos. E sem renda." 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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INSS passa a exigir agendamento prévio de serviços pela internet.

Emissão de CNIS e extrato de consignado será agendado 
na internet. Mudança vale a partir da segunda-feira (16/7).


Por MARTHA IMENES

RIO - A partir de ontem (16/7), serviços do INSS que antes eram solicitados no posto de atendimento de forma espontânea, ou seja, sem precisar de marcação prévia, terão que ser agendados pela internet no portal Meu INSS (meu.inss.gov.br) ou pela Central de Atendimento telefônico 135. Vale lembrar que para ter acesso ao site é necessário cadastrar login e senha na própria página.

Entre os serviços "agendáveis" no posto está o documento número 1 do trabalhador, o extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Nele, constam informações de entradas e saídas dos empregados em empresas e os recolhimentos feitos à Previdência Social. É com base dos dados desse extrato que o INSS calcula o tempo de serviço do trabalhador. Outros documentos que também entram na relação de "agendáveis" são: Histórico de Crédito de Benefício, Extrato de Empréstimo Consignado, Extrato de Imposto de Renda, Consulta Declaração de Benefício e Consta/Nada Consta, entre outros.

Não foram só os serviços que mudaram, o horário de atendimento nos postos também foi alterado. Um cartaz afixado na porta informa sobre a mudança no atendimento dos serviços espontâneos. Agora quem procurar a agência da Previdência tem que estar atento porque o segurado só vai ser atendido até 13:00h, depois somente com agendamento. Desta forma, será oferecido um período de 5 ou 6 horas para o atendimento sem hora marcada, isso dependendo se a agência abre 07:00h ou 08:00h, os dois horários de abertura existentes para as unidades do instituto. Os atendimentos agendados continuam sendo feitos no horário de funcionamento dos postos.

ACESSO PELO CELULAR
Segundo o próprio instituto, "todos estes serviços já estão acessíveis também pelo Meu INSS, que pode, inclusive, ser acessado pelo celular". E acrescenta que "essas mudanças têm como objetivo agilizar o fluxo nas agências, o que resultará na redução do tempo de espera para os segurados que requerem benefício".

Para o presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB/Barra, Herbert Alencar, serviços mais usados ficarão menos acessíveis a quem não tem internet. "Imaginem um segurado analfabeto. Como ele irá fazer para exercer seu direito à consulta?", questiona Alencar. "O INSS está empurrando goela abaixo o atendimento eletrônico, mas as pessoas mais humildes sem condições de ter computador ou sem conhecimento ficarão fora do serviço".

Pacote de medidas visa desafogar postos da Previdência
As mudanças no atendimento das agências da Previdência, segundo o INSS, fazem parte do conjunto de medidas que têm como objetivo de oferecer maior agilidade no atendimento aos cidadãos. Com o Meu INSS, os trabalhadores não agendam mais atendimento para pedir a aposentadoria por idade, por contribuição e o salário-maternidade urbanos. Ao acessar o site, ou ligar para a Central 135, o trabalhador já recebe o número do protocolo de requerimento e acompanha o andamento do pedido nos mesmos canais. A medida elimina a etapa do agendamento, acabando com a espera para ser atendido.

De acordo com o INSS, quando a busca instantânea identifica que não há como conceder a aposentadoria pelo portal Meu INSS, o segurado é direcionado para o agendamento do serviço a fim de que seja atendido em uma agência da Previdência. Nos casos em que as informações previdenciárias para o reconhecimento do direito ao benefício já constam nos sistemas, é feita a concessão automática do benefício, ou seja, à distância.

Para Herbert Alencar, que é presidente da Comissão de Direito Previdenciário da OAB/Barra e sócio do escritório Cincinatus e Alencar, o grande problema é que o INSS vai se basear nos dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), principal documento do segurado, e nem sempre as informações estão atualizadas ou mesmo corretas, adverte o especialista. Por isso, acrescenta o advogado, é importante que o segurado mantenha todas as informações em dia, inclusive endereço e telefone.

A aposentadoria urbana por idade é um direito dos cidadãos que contribuem com o INSS por ao menos 15 anos e completam 60 anos de vida, se mulheres, ou 65 anos, se homens. Já os requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição são: 30 anos de recolhimento para mulheres e 35 anos para homens.

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Baile leva 25 mil à Penha, dura 16 horas e moradores reclamam.

No Facebook, moradores compartilharam fotos das ruas tomadas 
por jovens e do lixo na porta das casas no fim da festa.


Por O Dia

Rio - O baile de funk "Baile da Gaiola", no Complexo da Penha, reuniu cerca de 25 mil pessoas nesse fim de semana e gerou polêmica nas redes sociais. Em comemoração ao aniversário do DJ residente do evento Rennan da Penha, o baile começou na noite de sábado e só terminou às 16:00h de domingo, com o público espalhado por seis ruas residenciais e duas avenidas da comunidade Vila Cruzeiro, e música nas alturas. No Facebook, moradores compartilharam fotos das ruas tomadas por jovens e do lixo na porta das casas no fim da festa. Segundo o BRT Rio, dois articulados também foram vandalizados por um grupo que ia para o baile e o serviço de três linhas foi interrompido. "Imagina o povo querendo dormir... Absurdo! Passo de BRT para trabalhar e realmente parece o apocalipse zumbi! Jovens totalmente drogados, bêbados, é desesperador", diz uma das críticas ao evento. "São muitas casas e o barulho é muito alto. Para os moradores que não curtem deve ser um inferno", comentou jovem que já frequentou a festa.

O baile acontece todos os sábados, mas por conta do aniversário do DJ, o evento recebeu um público maior. "Uma marca história, apesar de imprevistos", comemorou Rennan da Penha nas redes. O DJ, um dos mais famosos do Rio e queridinho de jogadores de futebol, tem músicas com letras controversas de apologia às drogas e, em 2016, foi preso por associação ao tráfico.

A PM informou que atua com policiamento diferenciado na região nos dias do evento, com reforço aos acessos da comunidade e no BRT. Tanto a PM como a Prefeitura afirmaram que a festa acontece sem autorização, de forma irregular, mas que a Comlurb já realizou a limpeza do local.

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Família é atacada por militares e homem é baleado em São Gonçalo.

Comando Conjunto informou que foi instaurado um inquérito 
para apurar e esclarecer as circunstâncias relatadas.


Por O Dia

Rio - Uma família diz ter sido atacada por militares, na madrugada da segunda-feira, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do estado. Na ação, um homem de 23 anos foi baleado com três tiros, o filho de 2 anos e a esposa do pescador sofreram escoriações pelos estilhaços. As informações são do jornal O Fluminense. De acordo com a publicação, o pescador relatou dirigia um carro, modelo Fiorino, em que carregava mercadorias de trabalho, auxiliado pela esposa, que estava com o filho do casal. Os homens das Forças Armadas, segundo a vítima, surgiram no caminho e sem qualquer abordagem fizeram mais de 30 disparos, apesar de gritar alegando ser morador da comunidade. O homem foi levado para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat) e, até o momento, não há informações sobre o estado de saúde da vítima. Procurada pelo DIA, a Polícia Civil informou que quem responderia pela ocorrência seria o Comando Militar do Leste. O caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá).

Em nota, o Comando Conjunto disse que recebeu a informação da imprensa, a tarde, e vai investigar o registro de ocorrência envolvendo militares que, no momento, realizam operação na área do Complexo do Salgueiro e Jardim Catarina, iniciada na noite de 15 de julho. "A narrativa da ocorrência atribui a procedimentos de militares do Comando Conjunto a causa de ferimentos infligidos a cidadão que transitava pela área abrangida pela operação. Seguindo procedimento constante das diretrizes do Interventor Federal, foi determinada a instauração imediata de Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar e esclarecer as circunstâncias relatadas no registro da ocorrência", diz o texto.

Além de seis presos, a ação terminou com um menor apreendido, sete barricadas removidas, uma moto e quatro carros recuperados, um fuzil, carabina, pistola e revólver apreendidos, uniformes militares recolhidas e drogas e munições ainda não contabilizadas. Segundo o CML, a operação continua com patrulhas na região.

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Homem é preso no Galeão e família alega erro da PF.

Segundo familiares da vítima, homem teve a identidade clonada e foi preso por engano.


Por O Dia

Rio - O torneiro mecânico Eduardo Rodrigues Nery, de 55 anos, foi preso na última quarta-feira, no Aeroporto do Galeão, na Zona Norte do Rio, suspeito de crime de estelionato. No entanto, familiares alegam que a situação é um engano, e que o homem foi vítima de um golpe. Segundo uma das filhas de Eduardo, Bruna Nery, seu pai voltava da Irlanda para o Brasil quando foi detido no aeroporto por agentes da Polícia Federal (PF), com a alegação de que ele teria um mandado de prisão em aberto. Ainda segundo Bruna, Eduardo teve a identidade clonada por um criminoso de Minas Gerais que saiu da cadeia em 2002. "Meu pai foi vítima de uma clonagem de identidade, onde o verdadeiro bandido usou o nome, data de nascimento, filiação do meu pai para criar uma identidade falsa (com numeração e emissor diferente), o mesmo foi preso e saiu sob fiança em 2002, após ter sido acusado de estelionato. Enfim, o verdadeiro bandido neste momento está foragido enquanto um homem inocente está pagando por um crime que ele não cometeu", escreveu ela em um publicação compartilhada no Facebook.

Após a prisão, Eduardo foi transferido para a Cadeia de Benfica, na Zona Norte do Rio. O advogado da família chegou a entrar com um pedido de habeas corpus, mas a Justiça não aceitou a solicitação alegando que as provas não eram suficientes para conceder a liberdade. "Mesmo com todas as provas a favor do meu pai, apresentadas pelo advogado, onde a foto, a impressão digital, comprovando que (ele e o criminoso) não são a mesma pessoa, e mesmo meu pai não tendo antecedente criminal, ainda assim a desembargadora não acha que seja o suficiente para provar a inocência dele", continuou Bruna em seu relato. Nesta terça-feira, o advogado da família irá até Governador Valadares, em Minas Gerais, cidade onde foi emitido o mandado de prisão, para apresentar mais provas à Justiça de que Eduardo é inocente.

O DIA procurou a PF e questionou a instituição sobre a prisão mas, até o momento, não obteve retorno.

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

A verdade sobre o nióbio.


Um tesouro gigantesco, capaz de transformar o Brasil em país de primeiro mundo? Um grande mal-entendido, envolto em mitos e exageros? Ou as duas coisas? Saiba o que é real, e o que é ficção, sobre o metal mais polêmico da atualidade.

Por Tiago Cordeiro e Bruno Garattoni

Parece mágica. Você joga um punhadinho de nióbio, apenas 100 gramas, no meio de uma tonelada de aço – e a liga se torna muito mais forte e maleável. Carros, pontes, turbinas de avião, aparelhos de ressonância magnética, mísseis, marcapassos, usinas nucleares, sensores de sondas espaciais… praticamente tudo o que é eletrônico, ou leva aço, fica melhor com um pouco de nióbio. Os foguetes da empresa americana SpaceX, os mais avançados do mundo, levam nióbio. O LHC, maior acelerador de partículas do planeta, e o D-Wave, primeiro computador quântico, também. Todo mundo quer nióbio – e quase todas as reservas mundiais desse metal, 98,2%, estão no Brasil. Nós temos o equivalente a 842 milhões de toneladas de nióbio, que valem inacreditáveis US$ 22 trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Por isso, há quem diga que o nióbio pode ser a salvação do Brasil, a chave para o País se desenvolver e virar uma potência global. Mas de que forma o nióbio é explorado hoje em dia, e quem ganha com ele?

É verdade, como se ouve por aí, que estamos exportando nossas reservas a preço de banana? E, se esse metal vale tanto, por que há tão pouca informação sobre ele? Há muitas lendas a respeito do nióbio. A mais importante: ele é, de fato, um elemento estratégico e raro. Mas não se trata de uma fonte inesgotável de riqueza.

A filha de Tântalo
O nióbio foi descoberto em 1801 pelo cientista britânico Charles Hatchett, que o batizou de columbium, em referência ao local de onde a amostra tinha vindo – Connecticut, nos Estados Unidos, numa época em que os poetas ingleses se referiam ao país como Columbia. Anos depois, o nióbio foi confundido com o tantálio pelo químico inglês William Hyde: ele afirmou que os dois elementos eram idênticos. Foi só em 1846 que outro químico, o alemão Heinrich Rose, comprovou que eram coisas diferentes. Quando a confusão foi desfeita, os americanos continuaram chamando o elemento de columbium, mas os europeus adotaram o nome nióbio: referência a Níobe, figura da mitologia grega, filha de Tântalo (uma piadinha com o antigo debate nióbio versus tantálio).

No final do século 19, o nióbio começou a ser usado nos filamentos de lâmpadas, até descobrirem que o tungstênio é mais resistente. A partir dos anos 1930, começaram a surgir pesquisas indicando que misturar nióbio com ferro era uma boa ideia. Mas, para usá-lo em escala industrial, era preciso encontrar uma boa quantidade desse metal. Na década de 1960, foi descoberta a primeira grande reserva do planeta: em Araxá, a 360 km de Belo Horizonte. Em 1965, o almirante americano Arthur W. Radford, integrante do conselho da mineradora Molycorp, convidou o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles para montar uma empresa de extração e refino do nióbio. A Molycorp tinha acabado de comprar algumas minas em Araxá. O brasileiro topou, e nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).


Como em 1965 o metal ainda não tinha utilidade comprovada, o governo militar deixou passar batido – e permitiu que a CBMM, junto com os americanos, explorasse o nióbio à vontade. Aos poucos, Salles foi comprando a parte dos americanos, o que os militares viram com bons olhos. Na década seguinte, a CBMM virou controladora mundial de um mercado que nem sequer existia. Não existia, mas passou a existir: nos anos 1970, a empresa descobriu dezenas de utilidades para o nióbio – que hoje é um dos principais negócios da família Moreira Salles (também dona do banco Itaú).

A CBMM não vende o minério bruto, e sim uma liga chamada ferronióbio, que contém 2/3 de nióbio e 1/3 de ferro. Além desse produto, seu carro-chefe, ela também comercializa dez outras formulações à base de nióbio. A empresa tem 1.800 funcionários e lucra R$ 1.700.000.000,00 por ano. Em 2011, vendeu 30% de suas ações para um grupo de empresas asiáticas, mas com restrições: os brasileiros mantiveram o controle da empresa, e não cederam nenhuma informação técnica sobre o processamento do nióbio – um segredo industrial que tem 15 etapas e foi inventado pela empresa dos Moreira Salles. “Ele envolve mineração, homogeneização, concentração, remoção de enxofre, remoção de fósforo e chumbo, metalurgia, britagem e embalagem”, explica Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM. “Para produzir o nióbio metálico, por exemplo, é necessário realizar uma última etapa em um forno de fusão por feixe de elétrons, que atinge temperaturas superiores a 2.500 oC”, diz.

Além da CBMM, há outra empresa explorando nióbio no País: a Anglo American Brazil, que opera em Catalão, Goiás. Também há nióbio na Amazônia, mas ele ainda não começou a ser minerado. Só o que temos em Minas Gerais e Goiás já é suficiente para abastecer toda a demanda mundial pelos próximos 200 anos. Os maiores compradores são China, EUA e Japão, que pagam em média US$ 26.000,00 pela tonelada de nióbio (esse valor é uma estimativa, pois o metal não é vendido em bolsas de commodities; o preço é negociado caso a caso, direto com cada comprador). Há quem diga que esse valor é muito baixo – o ouro, por exemplo, é comercializado a US$ 40.000,00 o quilo. Se o nióbio é tão útil, e o Brasil controla quase todas as reservas, não poderia cobrar mais caro? O governo brasileiro não deveria exigir royalties sobre a venda? E por que apenas 10% das tubulações de aço do planeta usam nosso produto? Há respostas para tudo isso.

Nada é perfeito
A primeira delas: o nióbio é substituível. Vanádio e titânio cumprem basicamente a mesma função. O vanádio é encontrado na África do Sul, na Rússia e na China. O titânio está presente na África do Sul, na Índia, no Canadá, na Nova Zelândia, na Austrália, na Ucrânia, no Japão e na China. Esses países preferem explorar suas próprias reservas a depender de um mineral que é praticamente exclusivo de uma nação só – o Brasil. Em alguns casos, também é possível trocar o nióbio por tungstênio, tântalo ou molibdênio. “Não há mercado para mais nióbio”, afirma o economista Rui Fernandes Pereira Júnior, especialista em recursos minerais.


Outra questão é que é preciso pouco nióbio para que ele faça sua mágica. “As reservas brasileiras são suficientes para abastecer o mundo por séculos. Mas aquelas existentes em outras regiões do planeta, como o Canadá [que, como a Austrália, também possui nióbio], também são”, diz Roberto Galery, professor do departamento de Engenharia de Minas da UFMG. Quer dizer: não adianta aumentar muito o preço do nióbio, pois os compradores tenderão a optar por outros metais, nem tentar acelerar demais a exportação (pois aí haverá excesso de oferta de nióbio, fazendo o valor desse metal despencar).

Há outra questão: o Brasil só exporta o nióbio em si. Não fabrica produtos derivados dele. “Ninguém está disposto a pagar uma fortuna pelo nióbio, porque nós não conseguimos dar valor agregado a ele”, diz o professor Leandro Tessler, do Instituto de Física da Unicamp. “Nós repetimos nosso velho ciclo: vendemos matéria-prima e compramos produtos prontos. Vendemos nióbio e compramos fios de tomógrafos, por exemplo.” É um caso parecido com o do silício. Nós temos as maiores reservas de areia do planeta (e é da areia que o silício é extraído), mas só exportamos silício com 99,5% de pureza, menos que os 99,99999% exigidos pela indústria eletrônica.

E os royalties? O Brasil cobra pouco, mas cobra. O Estado fica com 2% do valor das exportações de nióbio – bem menos do que a Austrália, que exige 10%. Nós poderíamos impor royalties mais altos (com o petróleo, por exemplo, eles ficam entre 5% e 10%). Mas não há sinais de que isso vá ser feito. O Marco Regulatório da Mineração, que está tramitando no Congresso desde junho, não traz nenhuma regra específica para o nióbio.


Depois de crescer 10% ao ano na década passada, o mercado mundial de nióbio está estável. A demanda é de 100 mil toneladas anuais, 90% fornecidas pelo Brasil. De todos os 55 minérios que o Brasil exporta, o nióbio é o único em que somos líderes globais. Ele é o nosso terceiro metal mais exportado em valor financeiro (atrás do minério de ferro e do ouro, e empatado com o cobre na terceira posição).

“O surgimento de novas tecnologias pode levar ao aumento do mercado de nióbio”, diz Marcelo Ribeiro Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Afinal, o consumo mundial cresceu cem vezes desde a década de 1960, e é provável que a tecnologia continue a dar saltos (e encontrar novos usos para o nióbio) no futuro. Mas, se quisermos explorar todo o valor dessa riqueza natural, precisamos aprender o que fazer com ela – e começar a fabricar produtos mais sofisticados. “O Brasil deveria desenvolver a tecnologia desse material na medicina, nos transportes, na engenharia”, afirma Rui Fernandes Pereira Júnior. Do contrário, vamos continuar à mercê dos compradores estrangeiros. Como sempre estivemos desde que, no comecinho do século 16, navegadores portugueses descobriram a primeira de nossas commodities: uma madeira chamada pau-brasil.

super.abril.com.br

Doença sexualmente transmissível pouco conhecida se alastra e alarma médicos por resistência a antibióticos.


BBC News

Uma infecção sexualmente transmissível pouco conhecida pode se transformar em uma superbactéria resistente a tratamentos com antibióticos mais conhecidos, segundo um alerta feito por especialistas europeus. A Mycoplasma genitalium (MG), como é conhecida, já tem se mostrado resistente a alguns deles e, no Reino Unido, autoridades de saúde trabalham com novas diretrizes para evitar que o quadro vire um caso de emergência pública. O esforço é para identificar e tratar a bactéria de forma mais eficaz, mas também para estimular a prevenção, com o uso de camisinha. 

O que é a MG?
A Mycoplasma genitalium é uma bactéria que pode ser transmitida por meio de relações sexuais com um parceiro contaminado. Nos homens, ela causa a inflamação da uretra, levando a emissão de secreção pelo pênis e a dor na hora de urinar. Nas mulheres, pode inflamar os órgãos reprodutivos - o útero e as trompas de falópio - provocando não só dor, como também febre, sangramento e infertilidade, ou seja, dificuldade para ter filhos. A infecção, porém, nem sempre apresenta sintomas. E pode ser confundida com outras doenças sexualmente transmissíveis, como a clamídia, que é mais frequente no Brasil.

Preocupação
A ascensão da MG ocorre principalmente no continente europeu, mas, no Brasil, o Ministério da Saúde diz que monitora a bactéria tanto pelo aumento da prevalência quanto pelo aumento da resistência antimicrobiana. Como a infecção por essa bactéria não é de notificação compulsória no país, ou seja, as secretarias de saúde dos Estados e municípios não são obrigadas a informar os casos, não se sabe quantas são as pessoas atingidas. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, estudos regionais demonstram que ela "é muito menos frequente que outros agentes como a N. gonorrhoeae (responsável pela gonorreia) e Chlamydia trachomatis (responsável pela clamídia) - que, quando não tratadas, também podem causar infertilidade, dor durante as relações sexuais, entre outros danos à saúde".

No Reino Unido, por outro lado, o quadro preocupa, segundo a Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH, da sigla em inglês). A associação afirma que as taxas de erradicação da bactéria após o tratamento com um grupo de antibióticos chamados macrolídeos estão diminuindo. E que a resistência da MG a esses antibióticos é estimada em cerca de 40% no Reino Unido. Um tipo específico de macrolídeo, porém, a azitromicina, ainda funciona na maioria dos casos.

Diretrizes
Novas diretrizes detalhando a melhor forma de identificar e tratar a MG estão sendo lançadas, nesse contexto, no Reino Unido. Já existem testes para detectar a bactéria, mas eles ainda não estão disponíveis em todas as clínicas da Inglaterra, onde os médicos podem, entretanto, enviar amostras para o laboratório da Public Health England - a agência executiva do Departamento de Saúde e Assistência Social - para obter um diagnóstico. Peter Greenhouse, especialista em DSTs, recomenda às pessoas que tomem precauções. "Já é hora de o público aprender sobre a Mycoplasma genitalium", disse ele. "É mais um bom motivo para por camisinhas nas malas das férias de verão - e realmente usá-las."

No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que "a realidade ainda é muito diferente da Inglaterra", mas que é necessário identificar os casos e tratá-los "para interromper a cadeia de transmissão""Vale destacar que a camisinha masculina ou feminina é fornecida gratuitamente pelo Sistema único de Saúde (SUS), podendo ser retirada nas unidades de saúde de todo o país", lembra.

noticias.uol.com.br

É aposentado ou recebe do INSS? 1ª parcela do 13º salário cai em agosto


O governo antecipou o pagamento, e aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) vão começar a receber a primeira parcela do décimo terceiro salário em agosto. A primeira parcela será de até 50% do valor do benefício. O decreto autorizando a antecipação foi assinado nesta segunda-feira (16) pelo presidente Michel Temer, mas ainda não foi publicado no Diário Oficial da União. Embora não seja lei, a antecipação da primeira parcela do décimo terceiro para agosto é adotada pelo governo desde 2006. De lá pra cá, apenas em 2015 o pagamento foi feito mais tarde, em setembro, devido à crise econômica.

A expectativa do INSS é de que a medida injete R$ 21.000.000.000,00 na economia do país, o que deve movimentar o comércio e outros setores. Não haverá desconto de Imposto de Renda (IR) nesta primeira parcela. De acordo com a legislação, o IR sobre o décimo terceiro é cobrado apenas na segunda parte do benefício.

Quem tem direito?
Por lei, tem direito à gratificação quem recebeu durante o ano:
aposentadoria;
pensão por morte;
auxílio-doença;
auxílio-acidente;
auxílio-reclusão
ou salário-maternidade.

No caso de auxílio-doença e salário-maternidade, o valor do 13º salário é proporcional ao período recebido. Quem recebe benefícios assistenciais (LOAS) não tem direito ao benefício.

(Com Agência Brasil)
economia.uol.com.br

Datena, Barbosa e Huck: o que levam 'outsiders' a desistirem do pleito?

por Marina Gama Cubas 

Cientistas políticos apontam os fatores que levam os novatos 
na política a desistirem tão rapidamente da corrida eleitoral.


Um dos últimos "grandes" outsiders das eleições de 2018 anunciou no início de julho que está fora da corrida eleitoral deste ano. O apresentador da Band José Luiz Datena havia apresentado sua pré-candidatura ao Senado pelo DEM e voltou atrás em menos de uma semana. No mesmo dia retornou a seu programa dominical na emissora. Não é a primeira vez que faz isso e nem o único. Nas eleições de 2016, o jornalista já havia ensaiado disputar a prefeitura de São Paulo pelo PP, mas retirou sua pré-candidatura. "Achei que não era a hora de participar dessa política do jeito que ela esta aí", afirmou à imprensa sobre a mais recente desistência.

Neste ano eleitoral houve ao menos outras duas baixas entre os "famosos" citados em pesquisas eleitorais, ambos postulantes ao Palácio do Planalto: o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa e o apresentador global Luciano Huck. Na ocasião em que Barbosa anunciou sua desistência no Twitter, Datena lamentou a retirada do ex-magistrado sem prever que ele próprio seria o próximo a repetir o feito. "Era o cara que [eu] passaria perto de votar". "Virei órfão político", declarou à Folha de S. Paulo. Os motivos que o fizeram desistir, assim como no caso de Barbosa e Huck, podem ser resumidos em três aspectos no olhar de cientistas políticos ouvidos pela reportagem: questão pessoal e familiar, finanças e exposição da vida privada. Antes mesmo de anunciar sua entrada no jogo eleitoral, Datena disse à imprensa que sua mulher chorava “dia e noite” com receio. Ao anunciar seu nome como pré-candidato, o apresentador informou que sua decisão foi tomada junto com seus familiares.

Entre os argumentos, Huck e Barbosa alegaram questões pessoais e familiares para abandonar o pleito. Para Claudio Couto, cientista político, essa motivação pode ou não ser verossímil. “A política profissional é demandante e não é fácil ser familiar de político. Político não tem hora, político tem sua vida privada devassada, sofre ataques, ou seja, tem uma vida muito exposta. Tudo isso pesa para a família e, consequentemente, é uma escolha difícil para quem tem uma vida razoavelmente organizada e estruturada. Há quem consiga lidar bem isso, há que não consiga”, diz. “Isso é uma explicação plausível, embora não necessariamente a única. Às vezes dizer que são problemas particulares é uma boa maneira de não dar explicação, afinal de contas ninguém tem que dar satisfação dos seus problemas particulares para os outros.”

Outro argumento em voga está relacionado com a questão financeira. Os dois apresentadores de televisão têm rendimentos que podem facilmente chegar a mais de R$ 1.000.000,00 ao mês, entre salário e participação em campanhas publicitárias. No caso do ex-ministro do STF, sua aposentadoria na corte do Supremo lhe garante R$ 33.763,00. Não há dados sobre o quanto lhe rende sua atuação no escritório de advocacia que montou em São Paulo após se retirar do tribunal. O salário bruto de um presidente da República é de R$ 30.934,70.

Ganhando ou perdendo o pleito, Jairo Pimentel, cientista político e especialista em pesquisas eleitorais, crê que a chance de perdas no campo profissional são muito altas. "Eles [Datena e Huck] têm muito a perder ao entrar na política. Pode significar o fim de carreiras bem sucedidas. Uma das condições impostas ao Luciano Huck pela Globo é que ele deixasse o programa de TV e se descompatibilizar da emissora. Imagina quantos milhões ele deixaria de ganhar nesse período. Isso pesa no curto e no longo prazo porque uma vez candidato, sendo eleito ou não, afeta diretamente o rumo dele dentro do seu ramo mais tradicional. E isso representa um fator de desistência das candidaturas."

A ideia é corroborada por Couto: "Quanto será que Datena e o Luciano Huck ganham nos programas deles de televisão? Será que eles vão abrir mão dessa vida confortável de ganhos muito consideráveis, de cobranças muito pequenas com relação à vida pública em prol de uma alternativa muito menos interessante que á a atividade política? Acho que é esse o ponto e talvez por isso tenham desistido sem sequer ter começado". Ainda na esfera econômica, outro ponto delicado é a perspectiva dos partidos em contar com o aporte financeiro de seus outsiders nas campanhas. O apresentador da Band chegou a afirmar que não ia colocar nenhum recurso próprio para a disputa da cadeira do Senado. A postura do apresentador contrasta com a do tucano João Dória, que chegou à prefeitura de São Paulo investindo quase 3.000.000,00 de sua fortuna pessoal.

Outro obstáculo para os novatos está relacionada a própria inexperiência em lidar com a estrutura e comandos dos partidos políticos. Datena declarou à Folha de S.Paulo que se o enchessem na política poderia “dar uma bica na bola”, referindo-se a uma possível desistência do pleito. Segundo Couto, tal postura mostra o próprio equívoco que seria sua candidatura. “Ninguém faz política sem aceitar algum tipo de imposição por parte do partido. É preciso fazer negociações, a política requer busca de soluções de compromissos e negociações. Acho que, inclusive, a dificuldade de lidar com isso foi uma das coisa que levou à tragédia da Dilma: uma pessoa muito pouco propensa a buscar soluções de compromisso, a dialogar, a negociar consequentemente. Terminou como terminou”, explica.

A personalidade do outsider é fator determinante das dificuldades do apresentador em compreender o funcionamento do mundo político. “O Datena achando que por seus belos olhos e pela sua popularidade como apresentador de TV poderia entrar na política sem fazer qualquer tipo de concessão é algo completamente equivocado. É um erro achar que dá para fazer política sem qualquer tipo de concessão, achando que chegando ali já chega por cima de todo mundo. Uma bobagem. Acho que mostra a incompreensão que é a vida política”, afirma Couto, que defende que a política deve ser exercida profissionalmente.

Pimentel corrobora com a reflexão e ressalta que a vantagem dele em relação a Huck estava nos seus bons resultados nas intenções de votos. "O Datena tinha mais probabilidade de ser eleito em relação ao Huck, até porque o cargo era mais fácil de ser alcançado. Provavelmente o que pesou mais para o Datena foi a incompatibilidade de sua personalidade com o mundo político. Ele é uma pessoa cuja personalidade não é muito afeita a aceitar o dissenso ou de aceitar contestações."

Renovação política?
Datena, Barbosa e Huck, no curto período que estiveram sob o olhar dos partidos, sempre foram vendidos ao eleitorado como nomes que poderiam renovar a política brasileira. "A gente vive um momento em que a opinião pública clama por alguém de fora da política para arejar o sistema tendo em vista os escândalos de corrupção, e mesmo a crise econômica que a opinião pública co-relaciona à crise moral. Os outsiders representam uma esperança desse quadro", afirma Pimentel, que também ressalta a ânsia por novos nomes da política como algo frequente. "Sempre houve um discurso de renovação política. Talvez a renovação que tivemos mais ampla foi com a que veio com a redemocratização. Mesmo os caras-pintadas, hoje, já estão velhos. Mas isso é sempre uma demanda necessária porque a política é uma estrutura de busca pelo poder, por força, por recursos que acaba transmitindo a ideia de que ela sempre precisa ser moralizada". O problema, aponta ele, é justamente o fato de o sistema político ser muito refratário a mudanças. "Ele é muito mais construída para a manutenção das coisas."

Para Couto, a renovação não deve vir necessariamente a partir dos outsiders. "Vamos imaginar que a 'nova política' seja uma maneira de fazer política diferente daquela que vem sendo feita tradicionalmente no país. Ela não precisa ser algo feita necessariamente por outsiders. Por trás dessa ideia existe uma crença ao meu ver equivocada de que a política não pode ser exercida profissionalmente e que ao ser exercida profissionalmente é que se produz o problema".

Ele aponta que assim como existem maus profissionais em outras áreas e atividades, o mesmo acontece na esfera política. "Claro que há uma série de problemas nas nossas instituições. Elas produzem um recrutamento perverso da classe política. A qualidade de políticos no âmbito dos partidos e do legislativo é muito ruim e tem produzido um efeito negativo, mas isso não quer dizer que a solução para isso seja necessariamente a entrada de outsiders. É claro que uma renovação do ponto de vista de você não ter sempre os mesmo quadros pode ser uma coisa positiva. É bom ter sangue novo na política como é bom ter sangue novo em qualquer outra atividade humana. Agora o fato de outsiders terem tido seus nomes aventados a concorrer e rapidamente terem desistido, talvez isso só confirme o ponto de que política é para profissional""Quem está ali em uma aventura ou tentativa voluntarista de resolver os problemas com base na suas boas intenções ou acreditando que vai poder fazer isso como esporte, talvez não tenha tantas condições de competir como acreditava que teria", conclui.

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