terça-feira, 17 de abril de 2018

Asteroide gigante sobrevoa a órbita entre Terra e a Lua


Jornal do Brasil

Com apenas algumas horas de antecipação, um asteroide relativamente grande passou pela órbita da Terra-Lua no fim de semana. Você pode ter perdido o evento, já que cientistas só notaram o corpo celeste momentos antes da aproximação. O asteroide foi descoberto pela Catalina Sky Survey da Universidade do Arizona em 14 de abril. O corpo, nomeado 2018 GE3, sobrevoou a órbita da lua horas depois de descoberto. O astrônomo amador austríaco Michael Jäger registrou o objeto passando pelas constelações do sul de Serprens. "O 2018 GE3 é o maior asteroide conhecido a passar tão perto da Terra na história da observação", disse Jäger, citado pela NASA Spaceweather. "A intensidade da luz refletida no 2018 GE3 indica que ele teria entre 47 e 109 metros 157 de largura. Ele estava brilhando como uma estrela de magnitude 13 na época de minhas observações", disse Jäger.

Se o asteroide tivesse atingido a Terra, a devastação teria sido regional, mas não global, e é possível que o 2018 GE3 pudesse se desintegrar na atmosfera antes mesmo de chegar ao nosso planeta. Certeza não há, já que mapear as trajetórias de impacto de objetos que caem na Terra é notoriamente difícil. Na semana passada, a Sputnik informou que a NASA está lutando para rastrear 17.000 grandes objetos próximos da Terra (NEOs na sigla em inglês), incluindo asteroides. O Congresso encarregou a NASA de rastrear todos os objetos com mais de 140 metros de largura.

Em 2020, a Nasa planeja dar um teste duplo de asteroide de redirecionamento (DART). O DART teoricamente funciona mergulhando em um asteroide e derrubando-o em rota de colisão.

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A senadores, Lula diz que seu maior sofrimento é estar isolado.

por Carol Scorce 

Esta foi a primeira vez que Lula recebeu a visita de outras pessoas que não a de familiares e advogados.


O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira 17 a visita de um grupo de senador na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Aos parlamentares, o ex-presidente afirmou que seu maior sofrimento é o fato de estar recluso em uma cela sem a companhia de outros presos, e sem poder receber a visita de outras pessoas além dos familiares e advogados. O ex-presidente disse ainda que não está preocupado com sua condição pessoal, mas com o momento vivido pelo País. Essa foi a primeira vez que Lula recebeu outras visitas que não fossem a de familiares e de advogados. Segundo a senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, a cela onde Lula está tem boas condições, assim como a dos demais presos. "A questão é o sofrimento causado por ele não poder falar com ninguém. Não se trata de algo comum. Lula é um preso político e ele sabe que não deixarem ele falar com outras pessoas significa não deixar que ele fale com o povo", disse a senadora. Grazziotin disse ainda que ela e a senadora Fátima Bezerra choraram e foram consoladas por Lula. "Ele não deixou a gente chorar. Pediu força e que a gente continue fazendo a nossa batalha aqui fora. Nós não podemos deixar que isso se transforme em um fato comum, porque não é."

Segundo o senador Lindbergh Farias, Lula acabou de terminar a leitura do livro "A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato", de Jessé Souza. Além dos livros, ele também leu a última publicação do linguista Noam Chomsky 'Quem governa o mundo?' e as cartas enviadas por apoiadores são as únicas companhia do ex-presidente. A reclusão de Lula numa cela sozinho e com convívio limitado apenas aos funcionários da Polícia Federal é a maior preocupação dos senadores, e externada também pelo próprio ex-presidente. "Ele disse que sabe que está em uma solitária e quais são os efeitos disso. Mas ele está bem de saúde, está acompanhando tudo que está acontecendo no país, e disse que ficará lá até provar sua inocência", disse o senador.

Visita
A visita foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 12 deste mês a partir do requirimento feito pela senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, um dia após a justiça ter negado a visita de nove governadores. Viajaram ao Paraná Vanessa Grazziotin (PCdoB), Regina Sousa (PT), Angela Portela (PDT), Gleisi Hoffmann (PT), Fátima Bezerra (PT), Lindbergh Farias (PT), Telmário Mota (PTB), Paulo Paim (PT), Jorge Viana (PT) e Paulo Rocha (PT), todos integrantes da comissão. O grupo foi reforçado ainda por Roberto Requião (MDB), João Capiberibe (PSB), Lídice da Mata (PSB), Humberto Costa (PT-PE) e José Pimentel (PT).

Outras visitas
O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná emitiu na segunda-feira 16 um parecer à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara, responsável pela execução da pena do ex-presidente Lula, favorável ao pedido da senadora Glesi Hoffmann, que também é a presidente do PT, de realizar visitas periódicas a Lula. Até agora, apenas advogados e familiares podem visitá-lo. No mesmo parecer, o MPF afirma também não se opor ao pedido do deputado Zeca Dirceu (PT) de visitar o ex-presidente. Outras figuras públicas também são citadas na nota, levando conta os pedidos de visita que chegaram à justiça, entre eles a do pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes. Antigo aliado de Lula, Ciro não esteve no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos dias que antecederam a prisão do ex-presidente, e foi criticado por parte dos apoiadores de Lula por não ter se manifestado abertamente.

O documento do MPF orienta que a defesa de Lula indique se Ciro, assim como outros parlamentares que pedem o direito de fazer parte das visitas, “figuram na condição de amigos do apenado”. Entre eles está também a do prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, que pediu uma vistoria de emergência na Superintendência da Polícia Federal para esta quarta-feira 18, e do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.

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Aécio vira réu por corrupção e obstrução de Justiça no caso da delação da JBS


Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta terça-feira aceitar a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República e transformaram em réu o senador e ex-presidente do PSDB Aécio Neves (MG) por corrupção passiva e obstrução de Justiça a partir da delação feita por empresários do grupo J&F, que controla a JBS. A decisão significa uma vitória para a delação da J&F, principal base da acusação e que foi bastante criticada por ter inicialmente ter dado imunidade penal aos executivos do grupo empresarial. Com diferenças no fundamento dos votos, a maioria dos ministros seguiu o voto do relator Marco Aurélio Mello pelos dois crimes: Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.

O ministro Alexandre de Moraes votou para aceitar a denúncia por corrupção, mas rejeitou pelo crime de obstrução de Justiça. Nesse último delito, ele ficou vencido sozinho. A Primeira Turma também aceitou a denúncia, pelos mesmos crimes, em relação a outras três pessoas ligadas a Aécio: Andréa Neves, irmã do senador; Frederico Pacheco, primo dele, e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrela (MDB-MG).

Aécio foi gravado em uma conversa com o empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, em que trata do repasse de R$ 2.000.000,00 de Joesley para ele. O tucano afirma que os recursos se referiam a um empréstimo pedido por Aécio para pagar honorários de advogados e que foi alvo de uma armação montada por Joesley com objetivo de obter benefícios no acordo de delação premiada que firmou com procuradores.

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Governo Temer tem avaliação positiva de só 6%, diz Datafolha.


A avaliação ótima ou boa do governo do presidente Michel Temer permaneceu em apenas 6%, enquanto a ruim ou péssima continuou em 70%, mostrou pesquisa do instituto Datafolha, divulgada no site do jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira. A avaliação regular oscilou 1% para cima, para 23%. A margem de erro da pesquisa é de 2%, para mais ou para menos.

Segundo a reportagem da Folha , o levantamento mostrou uma leve melhora na nota média do governo, de 2,6% para 2,7%. Mas 41% deram nota zero, enquanto apenas 2% deram a nota máxima 10. Apesar dos números ruins de avaliação de governo e popularidade nas pesquisas de opinião, Temer deu indicações de que pensa buscar nas urnas em outubro um segundo mandato como presidente. No levantamento do Datafolha sobre intenções de voto para presidente, divulgado no domingo, Temer aparece entre 1% e 2%, dependendo do quadro de candidatos. O Datafolha ouviu 4.194 pessoas em 227 municípios do país, entre os dias 11 e 13 de abril.

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Por engano, cientistas desenvolvem enzima que come plástico.

Pesquisadores produzem por acidente proteína capaz de degradar plásticos 
PET e que pode ajudar a reduzir poluição causada pelo material.


Pesquisadores nos Estados Unidos e no Reino Unido produziram por acidente uma enzima que consome plásticos, revelou um estudo divulgado na segunda-feira (16/04). A descoberta poderá ajudar a reduzir o grave problema da poluição causada pelo produto derivado do petróleo. Cientistas da Universidade de Portsmouth e do Laboratório de Energias Renováveis do Departamento de Energia dos EUA decidiram concentrar seus esforços numa bactéria de ocorrência natural descoberta no Japão há alguns anos. Pesquisadores japoneses acreditam que a bactéria Ideonella sakaiensis se desenvolveu nas últimas décadas num centro de reciclagem, uma vez até os anos 1940 o plástico ainda não tinha sido inventado. O organismo parece se alimentar exclusivamente de um tipo de plástico conhecido como Politereftalato de etileno (PET), amplamente utilizado na fabricação de garrafas. Os cientistas buscavam compreender o funcionamento de uma das enzimas dessa bactéria, denominada PETase, analisando sua estrutura. "Eles acabaram avançando um passo à frente e acidentalmente desenvolveram uma enzima que consegue desmembrar ainda melhor os plásticos PET", afirma o relatório divulgado na publicação científica americana Procedimentos da Academia Nacional de Ciências (PNAS).

Utilizando um raio-X de brilho dez bilhões de vezes mais forte do que o Sol, eles conseguiram elaborar um modelo tridimensional de alta resolução da enzima. Cientistas da Universidade de Campinas (Unicamp) e da Universidade do Sul da Flórida desenvolveram através de computadores um modelo que demonstrava que a PETase era bastante semelhante a outra enzima, a cutinase, encontrada em fungos e bactérias. Uma área da PETase, porém, apresentava algumas diferenças, levando os cientistas a deduzir que esta seria a parte que permitiria a degradação do plástico. Ao modificar essa enzima, tornando-a mais semelhante à cutinase, os pesquisadores descobriram acidentalmente que a enzima mutante conseguia degradar o plástico com eficácia ainda maior do que a PETase.

Os cientistas trabalham agora em melhorias nessa enzima, para que possa, no futuro, ser desenvolvida em grande escala e utilizada no setor industrial. O objetivo ao quebrar o plástico em partes menores seria permitir que ele seja reutilizado de maneira mais eficiente. "O acaso muitas vezes tem um papel significativo na pesquisa científica fundamental, e nossa descoberta não é exceção", afirmou o autor do estudo, o professor John McGeehan, da Faculdade de Ciências Biológicas de Portsmouth. "Ainda que modesta, a descoberta inesperada sugere que há espaço para desenvolver ainda mais essas enzimas, nos aproximando de uma solução para reciclar as montanhas de dejetos de plástico que não param de crescer", observou.

Mais de oito milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos oceanos, enquanto aumenta a preocupação com os problemas causados à saúde humana e ao meio ambiente. Apesar dos esforços globais para reciclar essa matéria-prima, a maior parte dos produtos plásticos sobrevive durante centenas de anos.

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Sociólogo conta como os milicianos chegaram ao Rio.

José Cláudio Souza Alves se dedica ao estudo de grupos paramilitares.


Jornal do Brasil
ROGÉRIO DAFLON rogerio.daflon@jb.com.br

Professor de Sociologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Cláudio Souza Alves traz, nesta entrevista, uma visão histórica e metropolitana do fenômeno da formação da milícia no Rio de Janeiro. Para ele, não dá para fazer qualquer análise séria da questão sem que se perceba que esse segmento do crime organizado se conecta, desde o seu nascedouro, com os grupos de extermínio da Baixada Fluminense e com o tráfico de drogas na capital. Autor de livros sobre violência urbana, o professor diz que o carioca que dá as costas para as cidades vizinhas jamais vai compreender o tamanho do problema e do perigo.

Que fatos históricos são centrais para se entender o fenômeno da milícia?
Talvez o fato mais antigo relacionado à questão da milícia tenha sido um grande saque ocorrido na Baixada Fluminense no dia 5 de julho de 1962, quando as grandes confederações e centrais de trabalhadores fizeram uma greve contra o governo João Goulart, contestando a indicação que ele fizera para primeiro-ministro, o Francisco Brochado da Rocha, no breve período em que o parlamentarismo vigorou no país. Nesse dia, os trabalhadores se aglutinaram na Praça do Pacificador, em Duque de Caxias. Parte dessa população concentrada saqueou dois mil estabelecimentos comerciais, numa ação que chegou a outros municípios, como São João de Meriti e Nova Iguaçu. No total 42 pessoas morreram, e mais de 700 ficaram feridas. Naquele momento, em Caxias, um grupo de jovens de classe média pegou em armas para proteger os comerciantes dos saqueadores. Esse foi o primeiro fenômeno que chama atenção pelo uso da violência de forma privada para proteção de determinados grupos.

Como esse processo evoluiu?
Posteriormente, a Associação Comercial e Industrial de Duque de Caxias se reuniu com um interlocutor do então governador do estado, Celso Peçanha, a fim de propor doar o salário, a viatura e o espaço físico para a polícia proteger os interesses deles na cidade. Embora a ideia não tenha ido à frente, ela soa como uma lógica que moveria os grupos de extermínio no fim dos anos 1960. E mostra uma apropriação privada do setor público a partir dos interesses de certos grupos. Trata-se do nascedouro desse modelo de milícia. As mortes que vão despontar nos anos 1970 são de pessoas encontradas nas áreas de desova e remotas da Baixada Fluminense, com marcas de algemas e em trajes sumários. Essas pessoas vinham de celas de delegacias e batalhões, e as investigações vão identificar a participação direta do aparelho policial militar e policial civil nesses assassinatos.

Os ganhos eram obtidos como pelos grupos de extermínio?
Eles tinham em sua base três elementos: quem matava eram os agentes de segurança do Estado; quem financiava eram empresários e comerciantes da região; e quem dava o suporte era a conjuntura da ditadura civil-militar. Hoje a milícia conta com esse financiamento, essa presença dos agentes do Estado e o suporte político de quem detém o poder no Rio e fora do Rio também. Há uma similaridade entre o que foram os esquadrões da morte e o que são atualmente as milícias. Naquela época, o grande mercado era sustentado pela execução sumária e agora a milícia tem todo um outro perfil de inovação e outros braços de negócios.

Esses matadores ascendem à política de que maneira?
Os grupos de extermínio, com o passar do tempo, vão ganhando novos moldes. Nos anos 1980, já não são só os policiais militares e agentes de segurança que estão matando. Há a entrada de civis matando. Esses civis, que então se organizam em grupos de extermínio, passam a penetrar mais profundamente na sociedade, a partir do momento em que eles podem ser eleitos, o que policiais militares, policiais civis e agentes de segurança não podiam ser. Nos anos 1990, alguns desses matadores se elegeram vereadores e prefeitos na Baixada, e deputados estaduais. Tudo isso, inserido nos anos 1970, 1980 e 1990, é, digamos, a contribuição do espaço da Baixada para consolidar uma lógica de execução sumária, por dentro do estado e com respaldo político e econômico, intensificando-se cada vez mais.

O que ocorre na capital paralelo a esse processo na Baixada?
O Rio de Janeiro, que sempre teve contato com a Baixada, tem uma originalidade na sua lógica da violência. Os grupos do extermínios do Rio não chegaram ao poder político, como na Baixada O que ocorre na capital, a partir do fim dos anos 1970 e sobretudo nos anos 1980, é a criação das grandes facções do tráfico de drogas. Há uma repartição, na disputa espacial, das favelas e das áreas pobres do Rio. Desde esse momento, há uma relação direta da polícia com esses grupos. Isso com uma movimentação financeira muito alta, consolidando-se cada vez mais ao longo do tempo. Nos anos 1990, então, nós vamos assistir a grandes chacinas no Rio de Janeiro. De maneira geral, elas vão acontecer em função da relação de propina entre as facções do tráfico de droga e a polícia no Rio de Janeiro. O maior exemplo é a chacina de Vigário Geral, em 29 de agosto de 1993. Houve naquele ano o suborno que a polícia pegou um dia antes daquela chacina, quando quatro policiais foram executados pelo líder do Comando Vermelho, Flávio Negão. E há, enfim, uma ação em forma de vingança perpetrada por policiais militares pela qual 21 pessoas são mortas na comunidade. Esses policiais integravam um grupo de extermínio chamado Cavalos Corredores. Tudo isso em função de um conflito de interesses entre Comando Vermelho e policiais militares, que, por sua vez, faziam todo um trabalho de acompanhamento e negociação da entrada da droga, venda de armas, segurança de comboios, para que os traficantes pudessem atravessar algumas áreas. Todos esses crimes da polícia foram descobertos pelas investigações. Ou seja, uma década depois de a Baixada consolidar os grupos de extermínio, o Rio entrou na lógica da relação da polícia com o tráfico de drogas. Assim, a polícia passou a compreender o domínio das áreas por parte das facções, como elas atuam, os interesses delas, a geopolítica dessas disputas. A polícia então passou a fazer ações como receber dinheiro para matar membros de outra facção para favorecer a facção que paga; sequestrar líderes do tráfico para exigir resgate e ganhar dinheiro com isso; fazer o funcionamento da venda da droga a partir do arrego e do suborno — só para dar alguns exemplos. Toda essa logística vai ganhando corpo ao longo dos anos 1980 e 1990.

Como capital e Baixada ajudam a compreender a milícia?
A partir dessa experiência acumulada no Rio de Janeiro e do know-how adquirido na Baixada Fluminense, é que se deve contextualizar o surgimento das milícias em Rio das Pedras. É uma espécie de superação desses dois modelos. Rio das Pedras nos fala de comerciantes que financiam um grupo de policiais civis e militares para proteger aquela comunidade contra a entrada do tráfico. Começou-se a ter aí uma fusão de elementos. Já estamos nos meados dos anos 1990. A partir deste momento, experiências similares a essa passam a ocorrer em outros lugares da metrópole. Temos, assim, exemplos de milícias surgindo quase simultaneamente na Zona Oeste do Rio e na Baixada. Trata-se de uma grande rede na Região Metropolitana então tomando forma. Hoje, temos um novo modelo.

E qual é esse modelo?
Alguns civis, sempre próximos de agentes de segurança do estado, vão se transformar em lideranças de ocupações urbanas nessas periferias, tanto na Zona Oeste como na Baixada. E essas lideranças vão saber trabalhar muito bem na distribuição de terras, na obtenção de água e de luz elétrica e até mesmo de equipamentos urbanos. E isso vai ser revertido na forma de votos e eleições dessas lideranças. Essas lideranças já trazem consigo a lógica de controle territorial, além do discurso da segurança e da proteção em relação ao tráfico de drogas. Essa rede está imbricada no Estado. E, em relação aos negócios, há uma ampliação na comparação com o modelo anterior. Outra fator: o tráfico deixa de ser o grande inimigo. Já há um conhecimento da polícia das áreas controladas pelo tráfico. Há milicianos que vão fazer alianças com tráfico para expandir seu território.

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Eleição presidencial já tem 16 pré-candidatos oficializados.

Dentre os concorrentes ao pleito, há ex-presidentes, senadores, deputados, 
ex-ministros e até um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.


Por Agência Brasil

Brasília - A exatos seis meses da eleição presidencial deste ano, pelo menos 16 nomes já se colocaram publicamente na disputa. Os partidos devem anunciar seus pré-candidatos até o início de agosto, quando termina o prazo para cada legenda definir as candidaturas nas convenções. Dentre os concorrentes ao pleito, há ex-presidentes, senadores, deputados, ex-ministros e até um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.


Aldo Rebelo - Divulgação / Solidariedade.

O partido Solidariedade lançou, na segunda-feira, na capital paulista, a pré-candidatura do ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, à Presidência da República. “O Solidariedade é uma legenda que tem identidade com meu pensamento, minha trajetória, meus valores e com as perspectivas que eu tenho”, disse Aldo Rebelo. Segundo ele, sua candidatura pretende buscar a união nacional em torno dos grandes interesses do país. Aldo destacou que vê como necessária a junção das forças políticas da direita e esquerda em prol do Brasil. "Desde que os objetivos sejam comuns: a retomada do crescimento da economia, o desenvolvimento do país, a redução das desigualdades e a valorização da democracia, pois sem isso não há solução para nenhum dos impasses que o Brasil vive no momento", disse. Alagoano, Aldo Rebelo iniciou sua trajetória política em movimentos contra a ditadura militar e no movimento estudantil dos anos 80. Foi deputado federal por seis mandatos consecutivos, chegando a presidir a Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007. Foi também ministro nas áreas de Ciência e Tecnologia, Esporte e Defesa.


Senador Álvaro Dias (Podemos-PR) - Roque de Sá / Agência Senado.

O senador Álvaro Dias (Podemos-PR) será o candidato do Podemos. Eleito senador em 2014, pelo PSDB, Álvaro Dias migrou para o PV e, em julho do ano passado, buscou o Podemos, antigo PTN. Com a candidatura do senador, a legenda quer imprimir a bandeira da renovação da política e da participação direta do povo nas decisões do país por meio de plataformas digitais. "Nós temos que rediscutir a representação parlamentar. Não somos senadores demais, deputados e vereadores demais? Está na hora de reduzirmos o tamanho do Legislativo no país, tornando-o mais enxuto, econômico, ágil e competente", afirmou Dias, em entrevista concedida esta semana no Congresso Nacional. O político, de 73 anos, está no quarto mandato de senador. De 1987 a 1991, foi governador do Paraná, à época pelo PMDB. Na década de 1970, foi deputado federal por três legislaturas e, antes, foi vereador de Londrina (PR) e deputado estadual no Paraná. Álvaro Dias é formado em História.


Ciro Gomes (PDT) - Reprodução.

Pela terceira vez concorrendo ao posto mais alto do Executivo, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes vai representar o PDT na disputa presidencial. Ao anunciar o seu nome como pré-candidato, na última quinta-feira, o pedetista adotou um discurso contra as desigualdades e propondo um "projeto de desenvolvimento" para o país. "Não dá para falar sério em educação que emancipe, não dá para falar sério em segurança que proteja e restaure a paz da família brasileira sem ter compromisso sério para dizer de onde vem o dinheiro", disse, no ato de lançamento da pré-candidatura. Ciro Ferreira Gomes tem 60 anos e é formado em Direito. Ele foi governador do Ceará por dois mandatos, ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco e da Integração Nacional no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, ocupou a prefeitura de Fortaleza e o cargo de deputado estadual. Em 1998 e 2002, ele foi candidato à Presidência, tendo ficado em terceiro e quarto colocado, respectivamente.


Senador Fernando Collor (PTC-AL) - Waldemir Barreto / Agência Senado.

O senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTC-AL) vai concorrer pelo PTC. Ele foi presidente da República entre 1990 e 1992, quando sofreu impeachment e foi substituído pelo então vice-presidente Itamar Franco. Foi o primeiro presidente a ser eleito pelo voto direto após o regime militar (1964-1985). Depois de ter os direitos políticos cassados, ele se candidatou ao Senado em 2006, tendo sido eleito, e reconduzido ao cargo em 2014. Antes de ocupar a Presidência, o jornalista e bacharel em Ciências Econômicas, formado pela Universidade Federal de Alagoas, foi governador de Alagoas (1986) e deputado federal (1982). Em discurso em fevereiro na tribuna do Senado, Collor disse que sua pré-candidatura é a retomada de uma missão pelo país. E afirmou que pretende alavancar novamente o país, mediante um novo acordo com a sociedade. "Isso só será possível com planejamento e com sólido programa social que seja tecnicamente recomendável, politicamente viável e socialmente aceito", destacou.


Flávio Rocha - Divulgação / PRB.

O empresário Flávio Rocha é o pré-candidato pelo PRB, legenda ao qual se filiou em março. Pernambucano, Flávio Gurgel Rocha exerce atualmente a função de CEO do Grupo Guararapes, um dos maiores grupos empresariais do país. "Nós temos sim a responsabilidade de colocar o Brasil nos trilhos da prosperidade. Essa prosperidade é resultado de liberdade econômica e política. É para isso que estou de casa nova, no PRB", disse Rocha, no dia do lançamento da pré-candidatura. Ele já foi eleito deputado federal por duas vezes (1987-1990/1991-1994) e membro da Assembleia Nacional Constituinte. Foi um dos fundadores do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo).


Geraldo Alckmin - José Cruz / Agência Brasil.

Após a desistência de outros quadros da sigla, o PSDB oficializou, no último dia 20, a pré-candidatura do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Esta será a segunda vez que ele disputará a vaga. Em dezembro do ano passado, em uma movimentação para unir os demais quadros tucanos em torno de sua candidatura, Alckmin foi eleito presidente nacional do PSDB. Na entrevista coletiva em que anunciou a pré-candidatura, Alckmin afirmou que irá destravar a economia e colocou como prioridades a desburocratização, uma reforma tributária, retomar a agenda da reforma da Previdência e reduzir os juros. Geraldo Alckmin tem 65 anos, é formado em medicina e é um quadro histórico do PSDB em São Paulo. Ele começou a carreira como vereador em Pindamonhangaba, no interior do estado. Foi prefeito da cidade, deputado estadual e deputado federal na Assembleia Nacional Constituinte. Vice-governador de 1995 a 2001, ele assumiu a administração paulista após a morte de Mário Covas, sendo reeleito em 2002. Disputou o Planalto em 2006, quando foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 2º turno. Eleito em 2010 para mais um mandato à frente do governo de São Paulo, Alckmin foi reeleito em 2014.


Guilherme Boulos - AFP / MAURO PIMENTEL.

Depois de uma consulta interna que contou com outros três nomes, o Psol decidiu lançar a pré-candidatura de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), após ele se filiar à sigla, no início do mês de março. Repetindo a estratégia das últimas eleições de apresentar uma opção mais à esquerda que os demais partidos, o Psol participará com candidato próprio à corrida presidencial, que em 2010 e 2014 teve os nomes de Plínio de Arruda Sampaio e Luciana Genro na disputa. Segundo Boulos, é preciso levar a indignação dos cidadãos para dentro da política. Como bandeiras de campanha, ele elencou o combate aos privilégios do “andar de cima” da economia e a promoção de plebiscitos e referendos de consulta à população sobre temas fundamentais. “Nós queremos disputar o projeto de país. Não teremos uma candidatura apenas para demarcar espaço dentro da esquerda brasileira. Vamos apresentar uma alternativa real de projeto para o Brasil”, afirmou. Um dos líderes do movimento pelo direito à moradia no Brasil, Boulos ficou conhecido nacionalmente após as mobilizações contra a realização da Copa do Mundo no país, em 2014. Como liderança do MTST, ele organizou a ocupação de áreas urbanas, em especial no estado de São Paulo. Formado em Filosofia e Psicologia, Boulos tem 35 anos.


Deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) - Alexandra Martins / Câmara dos Deputados.

Deputado federal na sétima legislatura, Bolsonaro (PSL-RJ) se filiou ao PSL na última quarta-feira. Considerado polêmico por suas bandeiras, Jair Bolsonaro defende a ampliação do acesso a armas e um Estado cristão, além de criticar modelos de família, segundo ele, "não tradicionais”, como casamento homossexual. "Nós temos propósitos, projeto e tudo para começar a mudar o Brasil. Nós somos de direita, respeitamos a família brasileira. Está na Constituição que o casamento é entre homem e mulher e ponto final. Esse pessoal é o atraso, uma comprovação de que eles não têm propostas e que a igualdade que eles pregam é na miséria”, afirmou, durante o ato de filiação ao PSL. De acordo com o partido, ainda não há uma data de lançamento oficial da pré-candidatura. Nascido em Campinas, Jair Messias Bolsonaro tem 62 anos. Ele é formado em Educação Física e militar de carreira. Ele foi para a reserva das Forças Armadas em 1988, após se envolver em atos de indisciplina e ser eleito vereador pelo Rio de Janeiro. Desde 1991, assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Foi eleito deputado em 2014 pelo PP, mas migrou para o PSC.


João Amoêdo - Reprodução.

Com 55 anos, João Amoêdo é o candidato pelo partido Novo, que ajudou a fundar. Formado em engenharia e administração de empresas, fez carreira como executivo do mercado financeiro. Amoêdo foi um dos fundadores do partido Novo, que teve seu registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. A disputa presidencial em 2018 será a primeira experiência política dele. Entre as principais bandeiras de Amoêdo, assim como do Partido Novo, estão a maior autonomia e liberdade do indivíduo, a redução das áreas de atuação do Estado, a diminuição da carga tributária e a melhoria na qualidade dos serviços essenciais, como saúde, segurança e educação. "É fácil acabar com a desigualdade, basta tornar todo mundo pobre. Ao combater a desigualdade você não está preocupado em criar riqueza e crescer, você só está preocupado em tornar todo mundo igual. O importante é acabar com a pobreza e concentrar na educação básica de qualidade para todos", diz o candidato, em sua página oficial na internet.


José Maria Eymael (PSDC),

Já o PSDC confirmou, no último dia 15 de março, a pré-candidatura do seu presidente nacional, José Maria Eymael, que vai concorrer pela quinta vez. Além de fundador do PSDC, José Maria Eymael é advogado e nasceu em Porto Alegre. Sua trajetória política começou na capital gaúcha, onde foi um dos líderes da Juventude Operária Católica. Em 1962, filiou-se ao Partido Democrata Cristão (PDC) e atuou como líder jovem do partido. Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo. Em 1990, conquistou o segundo mandato na Câmara dos Deputados. Como parlamentar federal, Eymael defendeu a manutenção da palavra Deus no preâmbulo da atual Constituição Federal durante a Assembleia Constituinte, considerado um marco em sua trajetória política.


Levy Fidelix - Divulgação / PRTB.

Outro candidato recorrente ao pleito é o jornalista e publicitário Levy Fidelix, representando o partido do qual é fundador: PRTB. Abordando temas em defesa da família e dos “bons costumes”, ele buscará aproveitar o momento de insatisfação dos brasileiros com a corrupção para se dizer um candidato “ficha limpa”Fidelix concorreu ao cargo nas eleições de 2014, 2010 e de 1994. Antes de criar o PRTB, Fidelix participou da fundação do Partido Liberal (PL), em 1986, quando se lançou na carreira política e disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo. Depois, migrou para o Partido Trabalhista Renovador (PTR), quando também concorreu a um mandato de deputado federal, no início dos anos 90. Apresentador de televisão, professor universitário e publicitário, Fidelix já concorreu três vezes à prefeitura da capital paulista e duas vezes ao governo do estado.


Manuela D'Ávila - Maíra Coelho / Agência O Dia.

A deputada estadual do Rio Grande do Sul, Manuela D'Ávila, será a candidata pelo PCdoB. A ex-deputada federal, por dois mandatos, teve a pré-candidatura lançada pelo partido comunista em novembro do ano passado. Esta é a primeira vez que o PCdoB lançará candidato próprio desde a redemocratização de 1988. Um dos motes da campanha será o combate à crise e à “ruptura democrática” que, segundo a legenda, o país vive. “Trata-se de uma pré-candidatura que tem como algumas de suas linhas programáticas mais gerais a retomada do crescimento econômico e da industrialização; a defesa e ampliação dos direitos do povo, tão atacados pelo atual governo; a reforma do Estado, de forma a torná-lo mais democrático e capaz de induzir o desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho”, escreveu a presidente nacional do partido, Luciana Santos, ao lançar a candidatura de Manuela D'Ávila. Manuela D'Ávila tem 37 anos e é formada em jornalismo. Ela é filiada ao PCdoB desde 2001, quando ainda era do movimento estudantil. Em 2004, foi eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre. Dois anos depois, se candidatou ao cargo de deputada federal pelo Rio Grande do Sul e se tornou a mais votada do estado. Em 2008 e 2012, disputou a prefeitura da capital gaúcha, mas ficou em terceiro e segundo lugar, respectivamente. Desde 2015, ocupa uma vaga na Assembleia Legislativa do estado.


Marina Silva - Agência Brasil.

A ex-senadora Marina Silva vai disputar a Presidência pela terceira vez consecutiva. Integrante da sigla Rede Sustentabilidade, Marina tem como plataforma a defesa da ética, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Ela é crítica do mecanismo da reeleição, que, segundo ela, se tornou um “atraso” no país. “Sou pré-candidata à Presidência para unir os brasileiros a favor do Brasil. Os governantes precisam fazer o que é melhor para o país e não o que é melhor para se perpetuar no poder. Chega de pensar apenas em interesses pessoais e partidários”, escreveu recentemente, em seu perfil do Facebook. Marina Silva militou ao lado do líder ambientalista Chico Mendes na década de 1980. Filiada ao PT, ela foi eleita vereadora de Rio Branco e deputada estadual, antes de ocupar dois mandatos de senadora representando o Acre. Por cinco anos, foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula e se desfiliou do PT um ano após deixar o cargo. Ela foi candidata ao Planalto em 2010 pelo PV e, em 2014, assumiu a candidatura do PSB à Presidência após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.


Paulo Rabello de Castro - Reprodução / Facebook.

Até a semana passada no comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista Paulo Rabello de Castro deixou o cargo para confirmar a disposição de disputar à Presidência. Segundo o PSC, embora não tenha promovido um ato de lançamento, a legenda já trabalha com a pré-candidatura como oficial. Desde fevereiro, ele participa de eventos partidários pelo país junto ao presidente da sigla cristã, Pastor Everaldo, que concorreu à Presidência no pleito de 2014. As principais bandeiras do PSC são contra a descriminalização das drogas e a legalização do aborto. “Temos uma sociedade cujos valores morais estão completamente invertidos. Onde a arma na mão do bandido é uma arma livre, mas a arma na sua mão é proibida. E eventualmente você vai preso por portá-la. Quando o bom comportamento da família é zombado pelas novelas pornográficas e toda pornografia é enaltecida, como preservar a família nacional", disse, durante recente ato. Doutor em economia pela Universidade de Chicago, Paulo Rabello de Castro foi fundador da primeira empresa brasileira de classificação de riscos de crédito, a SR Rating, criada em 1993. Autor de livros sobre a economia e a agricultura brasileiras, o pré-candidato foi presidente do Lide Economia, grupo de empresários que têm em comum a defesa da livre iniciativa. Ele também coordenou o movimento Brasil Eficiente. Em 2016, foi indicado para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e comandou a instituição de pesquisa por 11 meses, até assumir a presidência do BNDES, em maio do ano passado.


Deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Severino Silva / Agencia O Dia.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é o pré-candidato pelo DEM. Maia tem buscado ser uma alternativa de centro e, em suas próprias palavras, “sem radicalismos”. Ele assumiu o comando da Câmara após a queda de Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato, e ganhou mais protagonismo político pelo cargo que ocupa, já que é o responsável por definir a pauta de projetos importantes, como a reforma da Previdência. Segundo ele, a pauta da Câmara não será prejudicada devido à sua candidatura ao Planalto. “A gente tem responsabilidade com o Brasil, já deu demonstrações disso. O projeto político do DEM é legítimo e é feito em outro momento e local, não tem problema nenhum disso”, afirmou. Filho do ex-prefeito do Rio, César Maia, o político está no quinto mandato como deputado federal. Em 2007, assumiu a presidência nacional do DEM, após a reformulação do antigo PFL. Rodrigo Maia ingressou, mas não chegou a concluir o curso de Economia. Foi secretário de Governo do município do Rio de Janeiro no final da década de 1990, na gestão de Luiz Paulo Conde, que à época era aliado de César Maia.


Vera Lúcia - Divulgação / PSTU.

O PSTU, que nas últimas vezes concorreu com o candidato José Maria de Almeida (Zé Maria), lançará uma chapa tendo a sindicalista Vera Lúcia como candidata à Presidência. Vera Lúcia, 50 anos, foi militante no PT e integrante do grupo fundador do PSTU. O vice na chapa é Hertz Dias, 47 anos, militante do movimento negro.

MDB
Com a promessa de, pela primeira vez depois de 24 anos, apresentar ao país um candidato à Presidência da República, o MDB ainda não definiu oficialmente como formará a chapa para a disputa. Na última semana, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles se filiou à sigla. No entanto, ao deixar o comando do Ministério da Fazenda, no dia 6, Meirelles não informou a qual cargo pretende concorrer. Mas é cogitado como opção ao lado do presidente Michel Temer. O presidente Michel Temer não descartou a possibilidade de concorrer à reeleição. Nos últimos meses, o partido tem feito movimentos de resgate à história da legenda, que tem mais de 50 anos. Foi com esse intuito que mudou a sigla de PMDB para MDB. A decisão sobre a candidatura, porém, ainda não está tomada.

PSB
Após a morte do ex-ministro e então presidente nacional do partido, Eduardo Campos, em plena campanha eleitoral de 2014, o PSB passou por dificuldades de identificação e falta de lideranças nos últimos anos. No último dia 6, porém, a sigla recebeu a filiação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e tem nele a grande aposta de participar do pleito deste ano. Como membro da Suprema Corte de 2003 a 2014, Joaquim Barbosa ganhou notoriedade durante o período em que foi relator do processo do mensalão, que condenou políticos de diversos partidos pela compra de apoio parlamentar nos primeiros anos de governo do PT. Antes, foi membro do Ministério Público Federal, funcionário do Ministério da Saúde e do Itamaraty. De acordo com o líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que tem participado das conversas com Barbosa, o nome dele fica eleitoralmente viabilizado, embora ainda seja necessário construir sua candidatura por todo o Brasil. “Ao se filiar, até pela viabilidade que já mostra, eu acho que o nome dele já fica irreversível. Acho que ele é o candidato capaz de unir o Brasil, tranquilizar, trazer a decência necessária contra essa divisão de lados (que o país vive)”, disse, à Agência Brasil.

PT
Depois de ganhar as últimas quatro eleições, o PT anunciou a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas dificilmente conseguirá lançá-lo à disputa. Lula foi preso no último dia 7 para cumprimento da pena de 12 anos e 1 mês de prisão. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Embora o cenário seja desfavorável, aliados defendem que Lula recorra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em busca de uma autorização para se candidatar, já que a Lei da Ficha Limpa prevê a impugnação das candidaturas de políticos condenados em segundo grau da Justiça. Outros nomes cotados dentro do partido são do ex-governador da Bahia Jaques Wagner e o do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, além de optar por apoiar a candidatura de outro partido da esquerda.

Prazos
De acordo com a legislação, os partidos políticos devem promover convenções nacionais com seus filiados entre 20 de julho e 5 de agosto para que oficializem as candidaturas. A data final para registro das candidaturas pelos partidos políticos na Justiça Eleitoral é 15 de agosto.

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Justiça do Rio mantém decisão que impede promoção de bombeiros já neste ano

Em ação de inconstitucionalidade proposta pela PGE, governo 
fluminense alega aumento de despesa de R$ 20.000.000,00 só este ano.


Por PALOMA SAVEDRA

Rio - Em sessão de segunda-feira, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJ-RJ) manteve, por unanimidade, decisão da semana passada que impede a promoção de bombeiros militares. A liminar havia sido proferida, na quarta-feira, pelo relator, desembargador Bernardo Garcez Neto, conforme a Coluna informou, e hoje o colegiado referendou o entendimento do magistrado. O Órgão Especial considerou que há inconstitucionalidade em artigos da Lei Estadual nº 7.658/2017, que mudam as regras para ascensão na carreira de bombeiros e previam a promoção automática da categoria. Os magistrados ainda decidirão depois pelo mérito. De acordo com a PGE-RJ, só neste ano, o estado teria de gastar R$ 20.000.000,00 a mais com a folha de pagamento dos bombeiros militares. E, em 2019, R$ 48.000.000,00 a mais.

A PGE-RJ argumentou, em sua Representação por Inconstitucionalidade, que, contrariando proibição da Constituição estadual, “a Casa Legislativa, neste grave período de crise financeira, alterou a Lei nº 880/1985, que institui o Estatuto dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro, modificando as regras de promoção na carreira, providência que resultará, a toda evidência, em aumento de despesas com pessoal”.

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Dona Ivone Lara morre aos 97 anos.

Sambista estava internada, desde a última sexta, no CTI da Coordenação de Emergência Regional, no Leblon.


Por O Dia

Rio - Morreu, na noite desta a segunda-feira, a cantora e compositora Dona Ivone Lara. Segundo a empresária da sambista, ela morreu por insuficiência cardiorrespiratória. A Rainha do Samba, e estava internada, em estado grave, desde a última sexta, dia em que completou 97 anos, no CTI da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, na Zona Sul da cidade. Ela deu entrada na unidade por causa de uma uma infecção renal, com complicações causadas pela idade. O velório será, nesta terça, na quadra da escola de samba Império Serrado, em Madureira, na Zona Norte.

A Dona do samba


Yvonne Lara da Costa nasceu em 13 de abril de 1921, em Botafogo, na Zona Sul. Ela se formou em Enfermagem, com especialização em terapia ocupacional, e chegou a trabalhar em hospitais psiquiátricos com a Dra. Nise da Silveira. Se aposentou na profissão em 1977, quando passou a se dedicar inteiramente à carreira artística. Foi criada pelos tios, já que os pais morreram quando tinha 03 anos (pai) e 12 anos de idade (mãe).


Casou-se com Oscar Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha. Com ele, teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foi na Prazer da Serrinha onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros musicais, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira. Compôs o samba "Nasci Para Sofrer", que se tornou o hino da Império Serrano em 1947, escola onde desfilou na ala das baianas.


A consagração veio em 1965, com "Os Cinco Bailes da História do Rio". Foi quando se tornou a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba. Em 2012, foi homenageada pela escola de coração, com o enredo "Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba".

Suas músicas foram gravadas por vários ícones da música brasileira, dentre eles, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro, Roberta Sá, Marisa Monte e Dorina.


Alguns de seus grandes sucessos são "Sonho Meu", "Acreditar", "Tendência", "Mas Quem Disse que Eu Te Esqueço" e "Alguém me Avisou ". Participou de algumas produções como atriz, dentre alguns filmes e especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo, onde foi a Tia Nastácia.


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segunda-feira, 16 de abril de 2018

“Há alguém muito importante por trás desse crime”, afirma Monica Benício, viúva de Marielle

Um mês após o assassinato da socióloga e vereadora do PSOL-RJ, ninguém foi preso. Sua companheira aguarda a solução do caso: “Eu ainda espero diariamente ela voltar para casa”


Monica: "A retirada da vida da minha mulher e do Anderson, de forma tão brutal, serviu para demonstrar que tanques de guerra na rua não vão resolver e não são a solução" - Foto: Reprodução/TV Globo.
Por Lucas Vasques

Um misto de dor, indignação, esperança e orgulho. É nesse turbilhão de sentimentos que a arquiteta Monica Tereza Azeredo Benício, 32 anos, vive há exato um mês. Foi no dia 14 de março que sua companheira Marielle Franco, socióloga, vereadora do PSOL-RJ e ativista dos direitos humanos foi brutalmente assassinada, junto com o motorista Anderson Gomes, em uma emboscada que foi cuidadosamente armada e que teve seu desenlace no tradicional bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Monica tenta tirar força da solidariedade de todo o Brasil e internacional para prosseguir. No entanto, o que a faz seguir adiante é o legado de lutas e bandeiras deixado por Marielle. Um mês depois dos crimes, ninguém preso. O fato parece não perturbar Monica. Ela, serenamente, diz: “Tenho buscado confiar que esse tempo é necessário para que se descubra, realmente, o que aconteceu e quem, realmente, está por trás disso. Não nos interessa só saber quem foi que executou o crime, mas, principalmente, quem mandou fazer. Nós não aceitamos que esse caso fique sem solução, isso é inadmissível”, destaca. Em entrevista exclusiva à Fórum, Monica fala o que pensa sobre as investigações e como está tentando lidar com a perda de seu grande amor.

Fórum – Depois de um mês dos brutais assassinatos da Marielle e do Anderson, você tem acompanhado as investigações, como avalia o andamento e o fato de que nenhum suspeito dos crimes foi identificado?
Monica Benício – Apesar da dor e da angústia, que é ainda não saber exatamente o que se passou na execução da Marielle, eu tenho buscado confiar que esse tempo é necessário para que se descubra, realmente, o que aconteceu e quem, realmente, está por trás disso. Não nos interessa só saber quem foi que executou o crime, mas, principalmente, quem mandou fazer. Nós não aceitamos que esse caso fique sem solução, isso é inadmissível. Seguiremos cobrando no Brasil e internacionalmente para que esse crime bárbaro seja desvendado. O crime contra Marielle e Anderson transbordou as fronteiras do Brasil e comoveu o mundo inteiro. Então, hoje a satisfação desse brutal assassinato, dessa execução, desse crime político, o Brasil deve ao mundo, e não só a mim, enquanto viúva, nem aos 46.502 eleitores da Marielle, nem aos amigos e familiares. Então, nós seguimos confiantes. Se o sigilo nesse momento é precioso para que as investigações ocorram da melhor forma possível, tem meu apoio. Nós acreditamos que haverá a resposta adequada e não qualquer resposta para que simplesmente nos cale e deem por encerradas as investigações. A voz da Marielle não pode ser calada com o corpo físico sendo abatido brutalmente da forma que foi.

Fórum – Os crimes da Marielle e do Anderson aconteceram em meio à intervenção federal militar no Rio. Como você observa essa ação e o papel dos governos federal (Temer), estadual (Pezão) e municipal (Crivella) no processo de recrudescimento da violência no Rio?
Monica Benício – Infelizmente, a gente vive num país onde pessoas que articulam e cometem crimes bárbaros como esse que foi cometido contra minha mulher acreditam na impunidade. Infelizmente, foi um crime muitíssimo bem planejado e muitíssimo bem executado, que só nos faz concluir que há alguém muito importante por trás disso. Foi um crime executado por profissionais e a atual conjuntura de violência no Rio vem em escalada. Nós não acreditamos que essa intervenção deva ser federalizada, muito pelo contrário. Ela não deveria existir sequer no Rio, porque a intervenção federal deveria ser o último recurso a ser utilizado pelo Estado, quando a gente tem uma situação como a do Rio de Janeiro. Em nenhum momento outro tipo de intervenção, que visasse educação, cultura, benefício da população, foi pensado. Foi direto para o último recurso. Assim como Marielle, eu também não acredito que a intervenção seja a solução. Infelizmente, a retirada da vida da minha mulher e do Anderson, de forma tão brutal, serviu para demonstrar que tanques de guerra na rua não vão resolver e não são a solução.

Fórum – Você já declarou que não deseja ingressar na política partidária, mas pretende manter as bandeiras de luta da Marielle. Como fazer isso sem uma participação parlamentar, por exemplo?
Monica Benicio – Eu acredito que a política é, até hoje, a melhor forma que a gente encontrou de levar os diálogos e exercer a democracia de forma justa, de forma limpa. O Brasil não é o exemplo mais prático de que isso possa acontecer com efetividade, mas eu acredito, sim, que a política seja um dos melhores caminhos para a gente lutar pela democracia, que isso possa ser feito por dentro do sistema. O que eu declarei é que nesse momento, esse não é o meu lugar de fala, e que agora eu não tenho interesse em que esse seja meu lugar de fala, o lugar de fala que Marielle ocupava, dentro do parlamento. Mas se me perguntam como se pode participar democraticamente, socialmente, levando as bandeiras da Marielle, dando continuidade às lutas da Marielle por fora do parlamento, eu acho que qualquer cidadão de bem que tenha boa vontade e que tenha esperança de que se pode modificar essa cidade ou esse país, pode fazer isso do seu lugar de trabalho. Eu posso fazer isso enquanto arquiteta ou humanista que sou, trabalhando e estudando para poder criar uma cidade acessível a todos, que não seja segregada, entre a zona sul periférica da elite e a periferia da favela. Eu posso fazer isso na sala de aula, instruindo novos alunos, fazendo com que eles acreditem e lutem por um mundo melhor. Qualquer ser humano pode fazer isso, de qualquer espaço que esteja ocupando, seja no seu lugar de trabalho, seja só no seu lugar de militância. Meus princípios e objetivos de vida são: sou arquiteta e urbanista por formação, viso a sala de aula como meio de trabalho e o meu lugar pode ser esse. Eu posso ajudar contribuindo na educação, que eu acho primordial. Só através da educação que a gente consegue modificar essa sociedade que a gente tem, ensinando aos nossos jovens que um novo mundo é possível, que os sonhos e bandeiras que Marielle levava, e que tantas pessoas têm esperança pelas mesmas modificações, devem ser continuados e qualquer cidadão pode fazer isso, não necessariamente dentro do parlamento.


Foto: Arquivo Pessoal

Fórum – Sua história com Marielle começou quando ambas eram muito jovens. Durante essa trajetória, vocês encontraram muitos preconceitos para superar?
Monica Benício – Foram muitos os preconceitos a serem superados. A gente começou um relacionamento que, além de muito jovem, nenhuma das duas tinha experiência com outras mulheres, nenhuma das duas tinha experiência homoafetiva. Então, daí já era muito complicado. Primeiro, entender os sentimentos que a gente tinha, reconhecer que o que a gente estava sentindo uma pela outra não era só amizade, que foi nosso primeiro impulso. Depois desse entendimento, de resolver optar por viver e lutar por esse amor, vieram muitas outras coisas a serem superadas: o preconceito nas ruas, o preconceito dentro de casa com a família. Vamos lembrar que estamos falando de mais de uma década atrás, não era uma coisa simples você andar de mão dada na rua, como hoje ainda não é, mas um pouco mais respeitado e aceito. E de um lugar que a gente está falando que era a favela. Eram duas mulheres que não têm o estereótipo do masculino e éramos muito hostilizadas, porque a gente ouvia comentários, do tipo que a gente só era sapatão porque não tinha conhecido um homem de verdade. Isso para falar nos termos mais educados que eu consigo encontrar nesse momento. E, para além disso tudo, dentro do universo da favela e também no campo da cidade, em relação ao índice de violência que temos hoje, o Brasil é um dos países que mais mata a população LGBT. A gente sofria também o risco do estupro corretivo, que era onde os homens julgavam que se mostrassem para a gente qual era o prazer do masculino a gente deixaria de ser lésbica. Foram inúmeras as barreiras a serem superadas, foram inúmeros os preconceitos dentro de casa, fora de casa, foi uma luta muito difícil e muito árdua para poder viver esse amor, mas que nem por isso deixou de ser a linda história de amor que foi e que para mim é e será.

Fórum – Como você está trabalhando a questão do luto na sua cabeça?
Monica Benício – Nesse momento, não existe tempo nem condições de lidar com o luto. O luto tem virado luta, uma luta constante para que a gente não perca o foco das investigações da Marielle, porque a gente precisa da resposta do que aconteceu. Isso não me trará ela de volta, mas é fundamental que a gente chegue à conclusão dessa história. Hoje, existem para mim duas Marielles. A que a gente grita nas manifestações, que ela vive, e a Marielle da qual eu tenho que me deparar com a ausência, quando chego em casa à noite e percebo que a minha mulher não vai mais voltar. Esse luto da perda da minha companheira, infelizmente, ainda não tive condições de fazer. Tenho trabalhado e tentado elaborar melhor essas questões na terapia, tenho tido apoio de muitos amigos, de toda a equipe que trabalhava com a Marielle, que tem me dado um suporte fundamental nesse momento. Mas o luto de viúva ainda não foi feito e sequer compreendido que deve existir, porque esse tempo de um mês me atravessou, eu não percebi. Fui informada de que já fazia um mês do falecimento dela. Eu ainda espero diariamente ela voltar para casa. Então, objetivamente, eu acho que eu não estou lidando com esse luto ainda.

Fórum – Dentro de você, qual o sentimento que predomina neste momento: indignação ou dor?
Monica Benício – De maneira inevitável, os dois. Mas existe um terceiro também, que é um sentimento de orgulho. Eu sabia da seriedade do trabalho da minha esposa, eu sabia do comprometimento dela, em querer fazer o melhor trabalho possível. E hoje vejo que essa execução, esse crime brutal cometido contra ela, serviu para o mundo olhar para as bandeiras que ela levantava e se identificar com as pautas dos direitos humanos, se sensibilizar. Isso é muito gratificante, porque eu tenho certeza que ela também estaria muito feliz em ver toda essa comoção de solidariedade. Claro que há muita indignação. Claro que há muita dor, essa é incalculável. Mas a gente não pode se deixar abater por esses sentimentos que geram na gente raiva, frustração, porque isso seria contra os princípios de luta dos direitos humanos e os direitos pelos quais a Marielle lutava e acreditava. A política da Marielle sempre foi feita com afeto, sempre foi feita com amor. Eu acho que as manifestações que acontecem nesse momento são manifestações de afeto, de amor, que levam, sim, indignação e dor no peito, mas, sobretudo, por acreditarem que pode vir um mundo melhor, pois foi o assassinato brutal de uma pessoa que lutava e acreditava em um mundo melhor. Então, não vai ser com raiva, não vai ser com ódio que a gente vai conseguir combater ou modificar a sociedade que a gente tem hoje e muito menos honrar a memória da Marielle. Ambos os sentimentos de indignação e dor existem, mas também existe o de orgulho de ver que o trabalho dela ainda está em curso e ainda está em movimento, porque esses sentimentos de afeto e solidariedade são muito maiores do que a dor que nos une agora.


Foto: Acervo Pessoal

Fórum – Se tivesse oportunidade, o que diria hoje para Marielle?
Monica Benício – Como eu disse antes, existem hoje para mim duas Marielles. A Marielle que a gente reivindica nas manifestações e grita que vive e que grita que está presente, e a Marielle minha esposa, brutalmente assassinada. À Marielle vereadora, eu diria: ‘Parabéns, meu amor. Você fez um lindo mandato’. O que ela queria este ano era terminar o mandato de vereadora, isso infelizmente não foi possível. Mas acho que o desejo e o sonho do trabalho dela ainda estão em curso, estão sendo cumpridos. Então, a essa Marielle eu diria ‘Parabéns pelo lindo trabalho que fez e que não vai acabar com a resposta dessas investigações. Essa Marielle se tornou muito maior do que ela pôde sonhar que seria. À Marielle minha esposa, eu diria o que já disse muitas outras vezes ao longo dos 13 anos de relacionamento que tivemos, que ela é e sempre será o amor da minha vida, e que ninguém nunca a amou, ama ou vai amar como eu'.

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