terça-feira, 17 de abril de 2018

A senadores, Lula diz que seu maior sofrimento é estar isolado.

por Carol Scorce 

Esta foi a primeira vez que Lula recebeu a visita de outras pessoas que não a de familiares e advogados.


O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira 17 a visita de um grupo de senador na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Aos parlamentares, o ex-presidente afirmou que seu maior sofrimento é o fato de estar recluso em uma cela sem a companhia de outros presos, e sem poder receber a visita de outras pessoas além dos familiares e advogados. O ex-presidente disse ainda que não está preocupado com sua condição pessoal, mas com o momento vivido pelo País. Essa foi a primeira vez que Lula recebeu outras visitas que não fossem a de familiares e de advogados. Segundo a senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, a cela onde Lula está tem boas condições, assim como a dos demais presos. "A questão é o sofrimento causado por ele não poder falar com ninguém. Não se trata de algo comum. Lula é um preso político e ele sabe que não deixarem ele falar com outras pessoas significa não deixar que ele fale com o povo", disse a senadora. Grazziotin disse ainda que ela e a senadora Fátima Bezerra choraram e foram consoladas por Lula. "Ele não deixou a gente chorar. Pediu força e que a gente continue fazendo a nossa batalha aqui fora. Nós não podemos deixar que isso se transforme em um fato comum, porque não é."

Segundo o senador Lindbergh Farias, Lula acabou de terminar a leitura do livro "A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato", de Jessé Souza. Além dos livros, ele também leu a última publicação do linguista Noam Chomsky 'Quem governa o mundo?' e as cartas enviadas por apoiadores são as únicas companhia do ex-presidente. A reclusão de Lula numa cela sozinho e com convívio limitado apenas aos funcionários da Polícia Federal é a maior preocupação dos senadores, e externada também pelo próprio ex-presidente. "Ele disse que sabe que está em uma solitária e quais são os efeitos disso. Mas ele está bem de saúde, está acompanhando tudo que está acontecendo no país, e disse que ficará lá até provar sua inocência", disse o senador.

Visita
A visita foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 12 deste mês a partir do requirimento feito pela senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, um dia após a justiça ter negado a visita de nove governadores. Viajaram ao Paraná Vanessa Grazziotin (PCdoB), Regina Sousa (PT), Angela Portela (PDT), Gleisi Hoffmann (PT), Fátima Bezerra (PT), Lindbergh Farias (PT), Telmário Mota (PTB), Paulo Paim (PT), Jorge Viana (PT) e Paulo Rocha (PT), todos integrantes da comissão. O grupo foi reforçado ainda por Roberto Requião (MDB), João Capiberibe (PSB), Lídice da Mata (PSB), Humberto Costa (PT-PE) e José Pimentel (PT).

Outras visitas
O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná emitiu na segunda-feira 16 um parecer à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara, responsável pela execução da pena do ex-presidente Lula, favorável ao pedido da senadora Glesi Hoffmann, que também é a presidente do PT, de realizar visitas periódicas a Lula. Até agora, apenas advogados e familiares podem visitá-lo. No mesmo parecer, o MPF afirma também não se opor ao pedido do deputado Zeca Dirceu (PT) de visitar o ex-presidente. Outras figuras públicas também são citadas na nota, levando conta os pedidos de visita que chegaram à justiça, entre eles a do pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes. Antigo aliado de Lula, Ciro não esteve no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos dias que antecederam a prisão do ex-presidente, e foi criticado por parte dos apoiadores de Lula por não ter se manifestado abertamente.

O documento do MPF orienta que a defesa de Lula indique se Ciro, assim como outros parlamentares que pedem o direito de fazer parte das visitas, “figuram na condição de amigos do apenado”. Entre eles está também a do prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, que pediu uma vistoria de emergência na Superintendência da Polícia Federal para esta quarta-feira 18, e do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.

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