quinta-feira, 12 de julho de 2018

Vaquinha eleitoral perto do brejo.

Em meio à desconfiança da população, "crowdfunding" (financiamento colaborativo), 
arrecada pouco até agora. Esperança é que doações aumentem após a Copa.


Tábata Viapiana

Uma das grandes novidades da eleição de 2018, a arrecadação de recursos para as campanhas por meio do financiamento coletivo, o chamado "crowdfunding", constituía uma das esperanças dos candidatos para compensar a perda de receita com o fim das doações privadas. Mas o sistema, considerado um sucesso nas eleições dos Estados Unidos e de países Europa, até agora representa um retumbante fracasso. A vaquinha eleitoral parece caminhar para o brejo. Os valores são irrisórios, especialmente para candidaturas majoritárias e à Presidência. Entre os aspirantes ao Planalto, João Amoêdo (NOVO) é quem mais arrecadou até o momento: R$ 261.000,00 mil, seguido por Manuela D´Ávila (PCdoB), com R$ 40.300,00, Guilherme Boulos (PSOL), com R$ 22.100,00, e Álvaro Dias (PODEMOS), com R$ 17.900,00.

Desconfiança
Há pelo menos 46 empresas registradas no TSE como aptas a prestar o serviço. As duas maiores são “Doação Legal” e “Apoia.Org”. Na primeira, há 1.164 candidaturas ativas e mais de R$ 1.000.000,00 já foram arrecadados — o equivalente a menos de R$ 1.000,00 por candidato. Já a segunda plataforma arrecadou um pouco mais: doações de mais de R$ 526.000,00 para 312 candidatos registrados — R$ 1.700,00 para cada um, se o dinheiro fosse dividido equanimimente. Daniell Callirgos, CEO e fundador da Apoia.Org, reconhece o fracasso do modelo até agora. Para ele, é preciso maior fiscalização da Justiça Eleitoral.

“Há mais de 30 plataformas que não arrecadaram nem R$ 2.000,00. É preciso um rigor maior no processo de aprovação das empresas”. Outro problema é a desconfiança da população e a falta de familiaridade dos políticos com o sistema de arrecadação. “O partido Novo é o que mais tem adotado essa política. Os demais ainda estão buscando entender melhor. Os candidatos têm medo de arriscar”. Apesar dos dissabores na largada, o CEO da Doação Legal, Luciano Antunes, ainda enxerga a situação com otimismo. A tendência, para ele, é de crescimento nas doações depois que acabar a Copa do Mundo. “Ainda há composições a serem feitas. Depois disso, os partidos vão ‘colocar o bloco na rua’ e a arrecadação tende a crescer”, afirmou.

Apesar de inédita no Brasil, a ferramenta foi amplamente usada em outros países. Em 2008, na primeira campanha de Barack Obama à Presidência dos EUA, foram arrecadados US$ 750.000.000,00 em "crowdfunding". Aqui, no entanto, a repetição do fenômeno parece uma miragem.

istoe.com.br

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