quinta-feira, 24 de abril de 2014

Profissionais se calam ao ver infrações

Maiara Ribeiro.
Segundo estudo, quase 80% das pessoas não denunciam desvio de dinheiro e assédio nas empresas de São Paulo.





DA FOLHAPRESS

Funcionários brasileiros relutam a delatar companheiros de trabalho ao flagrá-los cometendo violações éticas na empresa. Uma pesquisa da consultoria de Recursos Humanos VitalSmarts indica que 78% dos profissionais ficam calados ao ver infrações graves como desvio de dinheiro, punições injustas e assédio sexual. O levantamento foi realizado pela internet com 926 pessoas. De acordo com Rodrigo Lolato, diretor da VitalSmarts, a chave da questão está na cultura empresarial. A empresa precisa estimular o comportamento ético e fazer com que os profissionais se responsabilizem uns pelos outros. “Com isso, o fato de reportar uma violação deixa de ser uma denúncia para se transformar em uma preocupação (com a companhia)”, diz.

Falta de apoio
Para Renato Santos, gerente-executivo da consultoria de negócios ICTS, as pessoas se omitem nesses casos ou por encarar o ato de denunciar como antiético ou porque a empresa não dá as ferramentas adequadas para isso. Segundo a pesquisa, 44% dos profissionais dizem não ser socialmente apoiados por colegas, chefes ou RH para denunciar falhas graves.

Susana Falchi, presidente-executiva de outra consultoria, afirma que a Lei Anticorrupção, que entrou em vigor em janeiro e endurece a punição de empresas envolvidas em atos contra a administração pública, tem feito com que muitas empresas adotem canais de denúncia confidenciais, principalmente em situações em que as violações forem graves. Esta pode ser uma boa maneira para que as pessoas percam o receio de contar sobre os erros que presenciam no ambiente de trabalho.

 “Efeito manada”
O levantamento mostra ainda que violações éticas acontecem com bastante frequência nas companhias: um terço dos entrevistados afirmou ter visto pequenas infrações – como tomar crédito pelo trabalho dos outros – na semana anterior ao questionamento. Existe também um certo “efeito manada” entre os funcionários nas empresas. Em um levantamento da ICTS feito em 2012, 69% dos funcionários se enquadraram em um quadro de “ética flexível”. “Eles dançam conforme a música. Se todo mundo comete infrações, eles também”, explica Santos.

Para ele, é possível mudar esse tipo de comportamento. Santos acredita que a empresa também tem grande responsabilidade nisso. “Ética não se aprende no berço. As organizações têm influência nisso, não são apenas vítimas”. Além disso, “denunciar uma violação não é ataque. É zelar por um propósito maior”, afirma Rodrigo Lolato, gerente-executivo da VitalSmarts.

http://jornaldotrem.com.br/
Colaboração: Marcília Nunes Trindade
www.facebook.com/marcilianunes.trindade.3


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