segunda-feira, 16 de julho de 2012

Candidatos à Prefeitura do Rio apostam em trens e metrô para desafogar trânsito carioca

Diariamente, mais de cinco milhões de pessoas viajam em ônibus, trens, metrô e barcas na capital fluminense. Mas, para fugir dos problemas dos coletivos, muitos cariocas preferem os carros

Novo prefeito terá que investir em soluções para engarrafamentos e superlotação.

Carlyle Jr. e Bruno Rousso, do R7, no Rio

O caos no trânsito durante a realização da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável) mostrou que a capital fluminense ainda tem sérios problemas quando o assunto é mobilidade urbana. Com a Copa do Mundo e as Olimpíadas pela frente, o novo prefeito do Rio terá que investir em soluções que livrem os cariocas dos engarrafamentos e da superlotação nos transportes públicos. Na atual gestão, nove corredores exclusivos para ônibus, os chamados BRS (Bus Rapid System), foram implantados no centro e na zona sul na tentativa de desafogar o trânsito nas principais ruas e avenidas. A Transoeste, que liga seis bairros da zona oeste pelo sistema BRT (Bus Rapid Transit), foi inaugurada em junho passado com a intenção de reduzir pela metade o tempo de viagem dos passageiros que saem de Santa Cruz em direção à Barra da Tijuca. No BRT, 40 ônibus articulados, com capacidade para 140 pessoas, circulam em duas faixas exclusivas. Mas a superlotação dos carros e as longas filas de espera já afastam as promessas de um transporte mais rápido e confortável.

Os trens, as barcas e o metrô, que são responsabilidade do Estado, também estão longe de oferecer conforto e rapidez para os cariocas, que reclamam de frequentes panes, atrasos e superlotação. Diariamente, mais de cinco milhões de pessoas viajam em ônibus, trens, metrô e barcas na capital fluminense. Para fugir dos problemas, muitos cariocas preferem tirar seu carro da garagem. A frota de veículos particulares já passa de 2,5 milhões no município. Para o engenheiro de transportes da UFRJ, Fernando MacDowell, o carioca não quer abrir mão do conforto do seu carro para entrar na disputa por um lugar no metrô ou no novo BRT.

— O metrô é o único transporte que tira as pessoas da rua. Mas, hoje, são oito pessoas por metro quadrado. As linhas 1 e 2 deveriam ser independentes, com correspondência nas estações Carioca e Estácio. O BRS e o BRT devem ser opções complementares ao metrô. A Transoeste é um sistema de média e baixa capacidade. A superlotação vai ser sempre um problema porque o projeto é tratado como transporte de massa.

Em entrevista ao R7, os pré-candidatos à Prefeitura do Rio apresentaram suas propostas para melhorar os transportes públicos e desatar o nó do trânsito carioca.

Eduardo Paes (PMDB) - Temos trabalhado muito no nosso governo para melhorar a mobilidade na cidade do Rio. Fizemos a primeira licitação de linhas de ônibus da história do Rio, exigindo qualidade no serviço e a renovação da frota. Implantamos o Bilhete Único Carioca, que garante ao trabalhador fazer até três viagens (duas de ônibus e uma de ligeirão) pelo preço de apenas uma. Os ligeirões, corredores expressos de BRT, que já começaram a ser implantados, vão integrar toda a cidade. Os BRTs Transoeste, Transcarioca, Transolímpica e Transbrasil, somados à linha 4 do Metrô, parceria com o governo do Estado, e ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do centro vão permitir que, em 2015, 63% dos cariocas possam ir e vir todo dia em meios de transporte de alta capacidade.

Marcelo Freixo (PSOL) - A solução não é simplesmente construir mais vias, túneis e viadutos. De imediato, propomos fortalecer a CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego), dando melhores condições de trabalho aos agentes de tráfego e recuperando a capacidade de planejamento do órgão. Além disso, é preciso ter planos para situações de pico e de emergência. Vamos trabalhar para a instalação de GPS em todos os táxis, vans e ônibus para ampliar a capacidade de monitoramento pelo Centro de Operações Rio. Mas o caos no trânsito só pode ser tratado dentro do planejamento de transportes. Por isso propomos valorizar os transportes sobre trilhos e rever os contratos da licitação de 2010, junto às empresas de ônibus.

Rodrigo Maia (DEM) - Nós vamos construir o “Metrô do Trabalhador”, um projeto que vai garantir a expansão do metrô na cidade. O Rio precisa de uma rede de metrô eficiente, ampliada, que atenda toda a cidade. Madureira e Méier, por exemplo, que são bairros estratégicos da zona norte, com amplo comércio e oferta de trabalho, não têm metrô. Além disso, vamos estender o bilhete único de duas para três horas, já que os problemas de engarrafamento acabam “estourando” os prazos para o uso do bilhete. Vamos criar o “Domingão a 1 Real”. Todos os domingos, a tarifa de ônibus será de apenas R$ 1, para que as famílias possam circular pela cidade, visitar parques, praias, encontrar parentes e amigos.
Otávio Leite (PSDB) - No caso dos BRTs, vamos manter e aprimorar o que foi feito. Para resolver os problemas de trânsito da cidade, temos que estimular a expansão do transporte sobre trilhos, mesmo que essa não seja a competência do prefeito. Nossa proposta é trabalhar pela integração do sistema de modais (trem, ônibus, metrô e barcas) a partir de uma visão metropolitana. Vamos instituir intervenções importantes, tais como: uma nova ligação da linha Amarela com o Recreio; uma ligação direta da Avenida das Américas pela estrada da Pedra até a Rio-Santos; o prolongamento da Via Light, entre a Pavuna e a avenida Brasil até Madureira; e a manutenção da Perimetral.

Aspásia Camargo (PV) - Os graves problemas de trânsito resultam da ausência completa de uma política de transportes de massa, mas também de um sistema de controle de sinalização antiquado, que não consegue sincronizar os sinais de forma rápida e adequada. A solução principal é ampliar o transporte público de massas (trem e metrô), que dependem de financiamento federal. A segunda medida é o BRT, que é a racionalização dos ônibus. Integrar os modais de transporte de maneira planejada para ampliar a rede. A terceira é aliviar o trânsito, estimulando ciclovias dentro dos bairros, criando bicicletários para estimular pequenos trajetos.

Cyro Garcia (PSTU) - Defendemos a ampliação da rede metroviária hierarquizando as regiões que concentram o povo pobre e trabalhador, como a zona oeste. Queremos estruturar uma malha metro-ferroviária interligada para atender com eficiência, conforto e mais qualidade a população carioca. Vamos utilizar o transporte hidroviário em maior escala, atingindo outros pontos da cidade e ampliando os existentes com preços baixos e serviços de qualidade. Propomos a reestatização dos trens, barcas e metrô. A tarifa subsidiada a R$ 1,00, valendo para todo o dia e em qualquer transporte.

Fernando Siqueira (PPL) - Entendemos que a Matriz Metro-Ferroviária é a solução para o transporte em grandes metrópoles. No Continente Europeu, na China, na Coreia e no Japão, o meio de transporte que prepondera é o modal sobre trilhos. No Rio vamos retomar o transporte de massa com esse sistema, com segurança e rapidez. Vamos municipalizar o metrô para fazer as ampliações necessárias. Além disso, vamos integrar todos os meios de transporte, criando um consórcio intermunicipal para racionalizar o seu uso, com terminais de integração e bilhete único a preços populares.

Antônio Carlos Silva (PCO) - É preciso ampliar, e muito, os corredores exclusivos para os ônibus, as linhas do metrô e trens, bem como pesados investimentos para a melhoria nas condições de funcionamento destes transportes. O PCO propõe investir pesadamente nos transportes coletivos, com obras de infraestrutura deliberadas pelos conselhos operários e populares, dando prioridade às necessidades da população trabalhadora e não ao turismo e às áreas nobres da cidade. Nossa luta é também pela mobilização dos trabalhadores deste setor pela conquista de melhores salários (reposição das perdas salariais) e redução da jornada.

http://noticias.r7.com

Um comentário:

  1. Vagões do Metrô, Trens suburbanos e Monotrilho têm cada vez menos assentos.

    Está cada vez mais difícil viajar sentado nos trens em São Paulo e Rio.

    E isso não é só por causa da crescente superlotação do sistema.
    Dados obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação, mostram que os veículos das frotas modernizadas e as composições novas têm sido entregues com cerca de 100 assentos a menos do que os equipamentos antigos.

    Esta foi á solução encontrada pelos dirigentes para se aumentar a capacidade do sistema. Nos anos 1980 - segunda década de funcionamento das linhas da companhia, as composições da frota “C” da Linha 3-Vermelha possuíam 368 bancos. Algumas destas ainda rodam naquele ramal.
    No fim do decênio seguinte, os trens recém-adquiridos para a Linha 2-Verde passaram a apresentar 274 assentos, em um lote que recebeu o batismo de frota ”E”.

    Atualmente, a quantidade de vagas para os passageiros se acomodarem caiu ainda mais. Por exemplo, quem andar em um veículo da frota “K”, modernizada nos últimos três anos, terá de disputar um dos 264 lugares disponíveis.
    Chama a atenção o fato de que esses trens, antes de serem reformados e rebatizados, pertenciam à antiga frota “C” com 368. Ou seja, possuíam 104 assentos a mais, com os mesmos comprimentos e larguras dos vagões redefinidos, sendo que as vagas do Monotrilho Linha 15-Prata em testes, não passam de 120, a menor de todos.

    Embora o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, não admita oficialmente, a redução dos bancos em seus trens tem o objetivo de permitir a acomodação de um número maior de pessoas em pé, desafogando mais rápido as plataformas superlotadas das estações durante os horários de pico.

    CONCLUSÃO;
    “PARA O METRÔ E CPTM, MODERNIZAR E AMPLIAR CAPACIDADE SÃO SINÔNIMOS DE SUBTRAIR ASSENTOS”.
    É o que se pode deduzir pelas atitudes.

    Assim como já acontece aqui e no mundo com os ônibus e aviões o Brasil precisa conhecer e implantar o sistema "double decker" dois andares para trens.

    ANÁLISE TÉCNICA;
    As prioridades nunca têm levado em consideração o conforto dos usuários. "Como tudo é dimensionado só para atender à demanda no horário de pico, ninguém depois muda o arranjo e acrescenta mais assentos nos trens”.

    Proponho um sistema de Trens de dois andares com altíssima capacidade de demanda 60% maior que os atuais em apoio à Linha 11-Coral da CPTM, para aliviá-la nos horários de ponta.

    "Esses trens “double decker” utilizariam a mesma linha e na mesma frequência, maioria dos passageiros viajariam sentados."

    É prioritário e fundamental para implantação das composições de dois andares até a Barra Funda, reformar e ampliar as Estações da Mooca e Água Branca, readequar a Júlio Prestes e construir a do Bom Retiro (que englobariam as seis linhas existentes além dos futuros trens regionais). Tal atitude beneficiaria “todas” as linhas metrô ferroviárias, e descentralizaria e descongestionaria a Luz.

    Seria uma decisão sensata, racional, e correta porque falar em conforto para uns e outros irem esmagados não tem o menor sentido. Além de se evitar um risco maior, seria uma forma de aliviar este "processo crônico de sardinha em lata”.

    IDOSOS
    A Linha 5-Lilás, na zona sul, foi inaugurada em 2002 com trens de 272 lugares. A futura frota que será comprada para circular no ramal, que está sendo expandido para receber mais passageiros, registrará, em cada composição, 236 bancos, a menor quantidade entre todos os veículos do Metrô, com exceção do Monotrilho que tem 120.

    Além do natural envelhecimento da população - segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos de idade no país saltarão de 14,9 milhões em 2013 para 58,4 milhões em 2060 -, o governo Alckmin (PSDB) aprovou uma lei, no fim de 2013, que diminui de 65 para 60 anos a idade mínima para homens andarem de graça no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que deve atrair ainda mais passageiros desse perfil.

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