Sargento bombeiro Paulo Mathias luta pela alteração de uma lei estadual de 2001 que confere apenas a paraplégicos e tetraplégicos uma gratificação de R$ 2 mil, excluindo demais cadeirantes e deficientes físicos Foto: Wilson Mendes / Extra.
“A impossibilidade de caminhar é igual. Minha medula está inteira,
mas de que adianta, se não tenho perna?” indaga o sargento bombeiro
Paulo Mathias, hoje com 39 anos.
Mathias lidera um grupo maior de
militares e civis que lutam pelo enquadramento em uma lei que aumentaria
seus salários em R$ 2 mil. Apesar de não caminhar e utilizar, muitas
vezes, cadeira de rodas, o bombeiro não tem paraplegia, o que o deixa de
fora do benefício. A lei estadual 3.527, de 2001, prevê a
gratificação a policiais civis e militares, bombeiros militares e
inspetores de segurança e administração penitenciária caso adquiram, em
serviço, paraplegia ou tetraplegia. Ficam de fora os demais cadeirantes e
deficientes físicos.
— A lei é preconceituosa e discrimina homens
que ficaram inválidos servindo à sociedade. Eu também sofro, eu também
tenho muitos gastos por conta da deficiência. Não sou paralítico, mas
também não ando. Não tenho minha perna.
Era tarde de 23 de dezembro de 1997. Mathias, com 25 anos, seguia
para atender um chamado de socorro. Ele e os companheiros do 4º GBM
(Nova Iguaçu) estavam sentados em cima do caminhão dos bombeiros quando
ele virou. Além da perna esquerda, esmagada pelo caminhão, o pé direito
teve os ossos esfacelados.
— A luta não é para tornar a lei inconstitucional, mas sim para ampliá-la. Estamos todos em péssima situação — defende.
A lei foi revista em 2008, mas a única alteração no texto foi o aumento do valor da gratificação, de R$ 500 para R$ 2 mil.
‘Esperar para ver’
Silêncio de uns
Poucos
dos militares se expõem na briga pela ampliação da lei. O EXTRA falou
com outros quatro, que preferiram não falar ou ter seus nomes e
histórias preservadas. Preferem “esperar para ver o que acontecerá”,
como disse um companheiro de Mathias que perdeu as duas pernas.
Barulho de outros
Desde
a alteração da lei, em 2008, pelo menos duas indicações legislativas
foram feitas para que o Executivo altere o texto, fazendo-o valer para
todos os funcionários que se tornaram permanentemente inválidos em
serviço. Alguns deputados utilizam essas indicações, inclusive, como
plataforma de campanha.
E mais silêncio
Procurado, o
Executivo estadual não se pronunciou sobre o assunto. A lei foi criada
por uma mensagem encaminhada pelo governo estadual, durante a gestão de
Anthony Garotinho. Sergio Cabral fez a última alteração no texto, em
2008. A Secretaria de Segurança, a Polícia Militar e a Polícia Civil
também não emitiram opinião.
Bombeiros e Seap
O
Corpo de Bombeiros afirmou que “não tem conhecimento da questão na
corporação” e não informou o número de beneficiados pela lei e o total
de aposentados por invalidez. A Secretaria de Administração
Penitenciária (Seap) informou que os casos serão tratados de acordo com a
lei e que, até o momento, não há funcionário beneficiado.
http://extra.globo.com
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