Mulher de Celsinho da Vila Vintém é suspeita de torturar e matar desafetos em Padre Miguel
POR Vania Cunha
Rio - Deise Mara de Sousa Rodrigues, 49 anos, poderia se passar por uma mãe de família como tantas outras na Vila Vintém, que divide o tempo entre as duas filhas e os estabelecimentos comerciais que administra. Não fosse por um detalhe: é nas mãos da mulher do traficante Celso Luís Rodrigues, o Celsinho, que está o destino de moradores e rivais da quadrilha que domina aquela comunidade de Padre Miguel. Com o marido preso há dez anos, ela se tornou o principal braço dele dentro da favela e uma das mulheres mais poderosas do tráfico no estado do Rio.
Segundo a polícia, diferente de outras ‘primeiras-damas’ do pó, que
apenas desfrutam das regalias que o dinheiro do tráfico proporciona,
‘dona Deise’, como é conhecida, cuida
com mãos de ferro do império criminoso do marido, seguindo as
orientações dele. Ela aumenta a fama de violenta liderando bando que
expulsa pessoas da comunidade, tortura, mata e espalha o terror na
Vintém.
Investigada por participação em homicídios, tráfico e associação para o
tráfico, também é citada em depoimentos de parentes de vítimas de
assassinatos e desaparecimentos. Alguns deles fazem parte do inquérito
08396/2010, da 33ª DP (Realengo), que possui quatro volumes de
investigações sobre crimes da quadrilha.
Um dos casos em que aparece citada é no sumiço de um sobrinho do
marido, que fora expulso, mas retornou à favela. No entanto, a fama de
truculenta dela faz com que as testemunhas se calem por medo de
desaparecer ou ter o mesmo destino de quem ousou desafiá-la.
Investimentos sob suspeita
Os dias de liberdade de ação da mulher de Celsinho vão ficar mais
difíceis. Deise e outros criminosos devem figurar em inquérito a ser
instaurado pela polícia sobre lavagem de dinheiro. Segundo
investigadores, dois bares e uma pet shop que seriam da ‘poderosa
chefona’ estão na mira de um levantamento sobre o crime, já que teriam
sido criados apenas como fachada e lucram muito para o baixo investimento.
Protegida pelos domínios da favela, Deise circula entre pelo menos 10
endereços diferentes para não ser capturada pela polícia. De lá, ela
nunca sai e anda sempre cercada de forte aparato de segurança. O esquema
não seria necessário, já que apesar das acusações, ela não possui
mandado de prisão pendente. No entanto, o
oferece recompensa de R$ 2 mil por informações que levem à captura dela.
COM O FATURAMENTO SOB CONTROLE
Além de espalhar o terror e controlar cada centavo da alta movimentação
financeira obtida com a venda de drogas, Deise vai expandindo o império
criado pelo marido. A Vila Vintém é hoje um dos principais centros de
distribuição de drogas da cidade, depois que a Favela da Rocinha foi
ocupada por forças policiais.
Um mês depois que a comunidade de São Conrado foi retomada, a polícia estourou dois laboratórios de refino de cocaína na Vintém. Segundo a polícia, Deise ainda controla o tráfico na comunidade Minha Deusa e tentou tomar os morros do Fumacê, em Realengo, e Dezoito, em Água Santa.
Ainda de acordo com as investigações, para cumprir com suas ações truculentas, Deise contava com apoio de criminosos considerados perigosos, como Alexandre Bandeira de Melo, o Piolho do Morro do Dezoito, entre outros identificados como Luquinha, Perigo e Grilo.
Deise é casada há quase 30 anos com Celsinho, um dos principais líderes do tráfico na década passada e um dos fundadores da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA). Condenado por tráfico e roubo, ele chegou a fugir da cadeia, mas hoje está preso em Bangu 4.
http://odia.ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário