domingo, 4 de março de 2012

No meio do caminho dos idosos, carros e buracos

Foto: Bruno Trezena / Agência O Dia

Vovô Secreto’ vai a zonas Norte e Oeste apurar denúncias. ‘Detetive da Terceira Idade’ acha calçadas mal conservadas e esbarra em veículos que atrapalha a passagem

Rio - “‘Ô abre alas, que eu quero passar’. Se a compositora Chiquinha Gonzaga fosse viva, seria difícil ela cantar a marchinha ao pé da letra sem tropeçar em um dos inúmeros buracos ou esbarrar num carro estacionado nas calçadas. No Carnaval, a música até diverte, mas no resto do ano parece piada. E é. Após receber grande número de reclamações de idosos, comecei dando uma olhada lá na Avenida Armando Lombardi, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. À primeira vista, as calçadas pertencem mais aos carros do que aos pedestres. Até nos arredores da Delegacia de Homicídios, na Rua Ivan Raposo, veículos estacionados ocupam todo o espaço da via. Muitos ‘vovôs’ amigos do bairro Vila da Penha, na Zona Norte, também reclamaram comigo das condições das calçadas onde eles moram. Quando cheguei à Rua Antônio Storino, percebi que os moradores que não têm garagens utilizam as calçadas como estacionamento. Isso acaba danificando-as por conta do peso dos veículos. Andando por lá, vi que o dono de um bar resolveu aumentar o espaço do comércio e se apossou da calçada em frente. Eram mesas e cadeiras por todos os lados, bloqueando a passagem dos pedestres.

Foto: Bruno Trezena / Agência O Dia

Em Realengo, na Zona Oeste, mais abuso e falta de respeito. Na Rua Piraquara,é preciso ter agilidade. É tanto carro, entulho de obra e obstáculo na calçada do bairro, que só resta mesmo passar pela rua. Quem se arrisca nessa empreitada, precisa ter cuidado: ônibus e vans que passam na região costumam trafegar em alta velocidade, colocando em risco a vida de todo mundo. Percebi que os problemas continuam em muitos pontos da cidade e estão sem perspectiva de solução”.

‘É ter preciso atenção aqui’
De tênis com amortecedor de borracha e muita atenção. É desta forma que a aposentada Madalena da Silva, de 80 anos, circula pelas ruas de Realengo. E não é para ir longe.

“Em qualquer lugar é preciso estar atento. As calçadas aqui são todas esburacadas e com carros em cima”, reclama.

Ela conta que semana passada, ao caminhar pelo asfalto da rua por ter vários carros bloqueando a passagem da calçada, quase foi atropelada por um ônibus.

Secretaria garante multa
Após a intensa peregrinação do ‘Detetive da Terceira Idade’ pelos locais denunciados por idosos, o ‘Vovô Secreto’ entrou em contato com a Secretaria Municipal da Ordem Pública para cobrar uma explicação sobre o caos em bairros residenciais. O órgão respondeu que os veículos estacionados são multados e que agentes da secretaria irão até os endereços para averiguar abusos cometidos por parte de motoristas e o comércio. O prazo ainda não foi decidido.

Mal conservadas, calçadas da Via Light provocam queda de aposentada
A imagem é em preto e branco, com muitos detalhes e complicada de entender. Porém, o Raio-X tirado pela aposentada Olivette de Oliveira, 78 anos, mostra a bacia fraturada após grave queda há cinco meses nas calçadas da Via Light, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

“A dor era muito forte, intensa. Me lembro como se fosse ontem. Precisei ficar de ‘molho’ em casa tentando achar uma solução para meu problema, indo de médico em médico”, conta a aposentada amiga, ainda com expressão de dor no rosto.

A idosa explica, com a sabedoria de quem viveu muito, como a rotina do idoso é mais complicada em cidades grandes.

“Quase ninguém percebe como é difícil para nós andar por aí, em uma calçada tão mal preservada. Elas estão depredadas, cheias de carros estacionados em cima, e os mais velhos, como eu, tentando se locomover por espaços minúsculos por causa da má educação alheia”, reclama Olivette de Oliveira.

E tentando driblar o pessimismo que toma conta de quem anda pelas calçadas do Rio, ela se volta para o ‘Vovô Secreto’, exclama uma esperança tão rara nos dias atuais: “Nossos governantes estão aí para isso. Cabe a eles aumentarem a atenção para nós”.
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