terça-feira, 10 de janeiro de 2012

'Acho impossível encontrar alguém vivo', diz secretário de Defesa Civil de Sapucaia

Trinta bombeiros trabalham na busca por desaparecidos | Foto: Divulgação

Oito corpos já foram resgatados em Sapucaia após deslizamento atingir oito casas

Rio - A chuva deixou nesta segunda-feira ao menos oito mortos — dois deles, crianças — no distrito de Jamapará, em Sapucaia, no Médio Paraíba, no estado do Rio. As vítimas morreram em deslizamento de terra que atingiu oito casas. Doze pessoas estão desaparecidas: bombeiros e cães farejadores tentam localizar corpos, mas a chuva e risco de novos deslizamentos dificultam o trabalho. No estado, mais de 12 mil foram obrigados a deixar suas casas devido à chuva. No Noroeste do Rio, o risco nas encostas preocupa.

“Acho impossível encontrar alguém vivo. Entre os desaparecidos, uma família inteira que tentava sair da área de risco de carro foi atingida pelo deslizamento dentro do veículo”, contou o secretário de Defesa Civil de Sapucaia, Marco Antônio Teixeira.

O deslizamento ocorreu por volta das 3h30, e os primeiros bombeiros chegaram ao local depois das 6h. “Não temos Corpo de Bombeiros na cidade, e as estradas estavam interditadas por barreiras. Por isso, a demora”, contou o secretário de Comunicação, Sérgio Campante. Na hora do desastre, muitos dormiam, e alguns moradores tentaram alertar os vizinhos.

Vítimas de enchentes provocadas por rios que continuam a subir, as prefeituras do Norte e Noroeste do estado começam a se preocupar também com risco de deslizamentos provocados pela terra molhada. “Estamos monitorando 20 pontos da cidade e hoje (ontem) registramos três quedas de terra”, revelou o coordenador da Defesa Civil de Itaperuna, Capitão Joelson Oliveira.

Em Italva, o Rio Muriaé ainda sobe, isola a cidade e alaga dois distritos. Ontem, cerca de 30 famílias da Vila Operária foram removidas. A previsão é de que a chuva continue. Na quinta-feira, nova frente fria deverá levar o mau tempo ao Sul do Rio.

Rio Paraíba transborda e ameaça moradores de Itaocara e Aperibé

O Rio Paraíba do Sul começou a transbordar na noite desta segunda-feira e a provocar alagamentos em Itaocara e Aperibé, no Noroeste do Rio. Segundo o coronel Douglas Paulich, coordenador da Defesa Civil da região até o quartel do Corpo de Bombeiros de Itaocara foi alagado. Famílias já começaram a ser retiradas de locais de risco.

“O rio recebeu muita água das chuvas de Minas e de Sapucaia e já começa a transbordar. Estamos em alerta máximo”, disse o coronel, acrescentando que Cambuci também deve ser afetada pelo rio.

A cheia foi agravada ainda pelo aumento de passagem de água na represa de Ilha dos Pombos, em Carmo, que alimenta o rio. “Alertamos comerciantes e moradores, que colocaram móveis para cima. O quartel já está com alagamento de 60 cm”, disse o tenente Alcídio Machado.

Em Campos, no Norte,que recebe hoje os ministros dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e Integração Nacional, Fernando Bezerra, a água do Paraíba do Sul, que subiu mais de três metros, voltou a sair por bueiros e alagar ruas. O município está em alerta.

Nesta segunda-feira, o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, afirmou que Bezerra foi infeliz ao dizer que a prefeitura abriu trecho da BR-356 para reduzir o volume do rio: “Ele é mal-informado. Disse que foi ação planejada. Só se fosse planejada por um louco”.

4.884 fora de casa em Cardoso Moreira

Mais de 4.884 pessoas estão fora de casa em Cardoso Moreira, no Norte, onde dique se rompeu domingo. Famílias começaram a ser removidas na madrugada desta segunda-feira: cerca de 200 pessoas foram instaladas em barracas. O vice-governador esteve no município e se reuniu também com os prefeitos de Campos e Itaperuna e garantiu que será feito projeto para reconstruir a região afetada assim que a água descer. Ele pediu que as prefeituras transfiram seus postos de saúde para as áreas altas da cidade.

Cerca de 200 pessoas que moram em áreas de risco foram instaladas em barracas em Cardoso Moreira | Foto: Silésio Corrêa / Folha da Manhã

Nesta segunda-feira o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, anunciou que vai investir R$ 850 milhões em obras contra inundações.

Reportagem de Fernanda Alves e Pâmela Oliveira
http://odia.ig.com.br

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