sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Caso Marielle: seis meses sem respostas

Anistia Internacional irá se manifestar para cobrar esclarecimentos sobre o crime. Um 
telão com a pergunta 'Quem matou Marielle?' será exibido em vários pontos da cidade.


Por O Dia

Rio - Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista dela Anderson Gomes completam, nesta sexta-feira, seis meses. Até agora, o caso continua sendo um mistério para a Polícia Civil, que ainda não conseguiu elucidar o crime. Para lembrar a data, a Anistia Internacional vai se manifestar para cobrar a falta de respostas sobre o atentado ocorrido no Estácio, região central do Rio, no dia 14 de março. Segundo informações da Rede Globo, a organização irá rodar a cidade do Rio com um caminhão exibindo um telão de led, de 360° e 5 metros, com frases como “Autoridades Brasileiras: Quem matou Marielle?” e "6 meses atrás Marielle foi brutalmente assassinada e ainda não temos respostas". O veículo passará por instituições estatais e do sistema de justiça criminal.


Ainda segundo a emissora, parentes da vereadora participarão da ação, que começará no Parque do Flamengo, na Zona Sul da cidade. Marielle e Anderson foram executados em março. Até hoje os autores do crime não foram identificados. A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio tratam o caso como sigiloso, mas indicam que a motivação para os assassinatos tenha a ver com a atuação política da vereadora. A viúva de Marielle, Mônica Benício, chegou a se reunir em setembro com o ministro dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, para cobrar ações mais efetivas na elucidação dos assassinatos. De acordo com a pasta, Rocha se comprometeu a atuar junto às autoridades federais para que o caso seja solucionado rapidamente.


Hipóteses
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, já afirmou em meados de agosto que a elucidação do crime é uma "questão de honra" para o presidente Michel Temer e que a Polícia Federal tem uma equipe formada para atuar nas investigações, mas o MP do Rio ainda não aceitou a ajuda. Uma linha de investigação aponta para a participação de milicianos e de um vereador do Rio pelo PHS. Há também a tese de um envolvimento de um grupo de matadores de aluguel, formado por policiais militares, ex-PMs e milicianos.

O crime
Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros em 14 de março, quando voltavam de um evento sobre mulheres negras na Rua dos Inválidos, na Lapa. O crime aconteceu no Estácio, onde o veículo dos assassinos emparelhou com o da vereadora e os ocupantes do primeiro efetuaram os disparos.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

PF faz buscas contra governador do Mato Grosso do Sul

Reinaldo Azambuja, candidato à reeleição pelo PSDB, é investigado por um esquema 
de pagamento de propina a representantes da cúpula do Poder Executivo Estadual.


Por ESTADÃO CONTEÚDO

Mato Grosso do Sul - O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, candidato à reeleição pelo PSDB, é alvo de buscas da Operação Vostok, da Polícia Federal, na quarta-feira. A operação investiga um esquema de pagamento de propina a representantes da cúpula do Poder Executivo Estadual. Dentre os alvos da Vostok estão pecuaristas locais responsáveis pela emissão das notas fiscais frias, inclusive, um deputado estadual e um conselheiro do Tribunal de Contas Estadual (TCE). Segundo a operação, também emitiram notas fiscais frias para dissimulação do esquema de pagamento de propina outras empresas do ramo agropecuário e frigorífico. Em nota, a PF informou que as investigações começaram no início deste ano, tendo por base os termos de colaboração premiada de executivos de uma grande empresa do ramo frigorífico. Os colaboradores detalharam os procedimentos adotados junto ao governo do Estado para a obtenção de benefícios fiscais.

O inquérito foi autorizado e tramita perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, que decretou as medidas em cumprimento. Aproximadamente 220 policiais federais cumprem 41 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, na capital do Estado e nos municípios de Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna; e Trairão, no Estado do Pará. São alvos das medidas os endereços residenciais e comerciais dos investigados e os seus locais de trabalho. Segundo apurado, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um porcentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada. Nos autos do inquérito, foram juntadas cópias das notas fiscais falsas utilizadas para dissimulação desses pagamentos e os respectivos comprovantes de transferências bancárias.

Apurou-se também que parte da propina acertada teria sido viabilizada antecipadamente na forma de doação eleitoral oficial, ainda durante a campanha para as eleições em 2014; e que alguns pagamentos também teriam ocorridos mediante entregas de valores em espécie, realizadas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no ano de 2015. Em razão dos acordos de benefícios fiscais concedidos pelo governo estadual, somente nos dois primeiros anos da gestão atual, a empresa frigorífica teria deixado de recolher aos cofres públicos um montante de mais R$ 200 milhões.

No bojo da ação desta quarta, foram cumpridos, ainda, três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul, no interesse da Promotoria do Patrimônio, cujo objeto vincula-se aos fatos investigados pela Polícia Federal. O nome da operação está ligado à estação de pesquisa russa localizada na Antártida onde já foi registrada uma das menores temperaturas da Terra. O nome faz referência às notas fiscais frias utilizadas para a dissimulação dos pagamentos.

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Mulher é presa em Niterói por vender joias falsas pela Internet

Peças eram vendidas como da H.Stern, maior joalheria do país, por valores entre R$ 5.000,00
e R$ 12.000,00. Todas elas acompanhavam um certificado de autenticidade falsificado.


Por O Dia

Rio - Policiais civis da Delegacia de Combate à Pirataria prenderam, na quarta-feira, uma mulher especialista em falsificar joias da maior joalheria do país, a H. Stern. Mariana Souza Mota, de 30 anos, responderá pelo crime de falsificação, contrabando e descaminho. Ela foi presa em casa, que fica em um condomínio de luxo em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Na investigação, que durou cerca de 3 meses, os policiais descobriram que Mariana vendia as joias em sites e redes sociais como se fossem verdadeiras. Ela cobrava entre R$ 5.00,00 a R$ 12,000,00 por cada peça. Todas as joias ao serem vendidas devem possuir um certificado de autenticidade. Segundo os investigadores, os documentos fornecidos por Mariana, junto com suas joias, eram falsificados para convencer seus consumidores.


Em sua casa, os investigadores cumpriram um mandado de busca e apreensão e encontraram colares, brincos e pulseira que, segundo a perícia, são falsificações avaliadas em meio milhão de reais, além de moldes para confecção de novas joias. A Polícia Civil vai encaminhar um relatório à Polícia Federal para investigar se as pedras falsas entravam no Brasil por contrabando.

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Seap vai investigar 'festinha' em Bangu 8.

Entre os presos da Lava Jato que estão detidos nessa área, 
Albertassi seria o único a fazer aniversário no período.


Por ADRIANA CRUZ

Rio - Uma festa de aniversário, com direito a bolo, movimentou a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, mais conhecida como Bangu 8, onde estão os principais presos das operações da Lava Jato, no Complexo de Gericinó, dia 21 de julho. Um dos suspeitos de receber a iguaria é o deputado Edson Albertassi, aniversariante do dia 24 daquele mês. O deputado foi preso em novembro acusado de integrar esquema de corrupção em que parlamentares usavam da sua influência para aprovar projetos na Assembleia Legislativa (Alerj) para favorecer as empresas de ônibus e empreiteiras, na operação batizada de Cadeia Velha. A 'festinha' foi revelada nesta quarta-feira pela TV Globo. Em nota, a assessoria de imprensa de Albertassi informou que "as suspeitas sobre o deputado são infundadas. As investigações da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) vão comprovar que ele não teve qualquer participação nestes fatos". A apuração do caso está a cargo da Corregedoria do órgão. Os agentes levantaram que o bolo entrou com a conivência de uma funcionária da cantina do presídio Joaquim Ferreira de Souza, no mesmo complexo, que também fornece lanches aos presos de Bangu 8. Grávida, a mulher alegou que o bolo seria para o chá do bebê. Mas como a celebração do rebento não aconteceu, os agentes descobriram que a guloseima foi parar em Bangu 8, levado por faxina (interno que costuma pegar os pedidos dos presos).

De acordo com a Seap, a investigação começou no início de agosto, quando foi aberta a sindicância. Segundo a secretaria, o caso aconteceu ainda na gestão da então diretora Rita de Cássia Alves Antunes. Ela foi afastada do cargo sob a acusação de ter concedido privilégios à mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, quando a advogada esteve presa na Joaquim Ferreira de Souza, entre os meses de dezembro de 2016 e março de 2017. Rita foi denunciada por improbidade administrativa pelo Ministério Público à 16ª Vara de Fazenda Pública. Ela também será investigada sob suspeita de envolvimento no caso do bolo. Em nota, a Seap informou que a cantina está fechada por 30 dias como punição administrativa. E acrescentou que a conclusão da sindicância da Corregedoria será enviada ao Ministério Público.

As regras para a entrada de alimentos na cadeia são rigorosas. Bolos só podem entrar em fatias. Outro suspeito de ter recebido a iguaria é o vereador de Petrópolis Paulo Igor, que foi preso com dinheiro na banheira, em abril, de fraude em licitação.

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Em 1º ato de campanha, Haddad desconversa sobre papel de Lula em eventual governo

Haddad e sua vice, Manuela D'Ávila (PCdoB), fazem 
campanha com estudantes e cotistas no centro de São Paulo.


Por ESTADÃO CONTEÚDO

São Paulo - Em seu primeiro compromisso de campanha desde que foi oficializado como candidato à Presidência do PT, o ex-prefeito Fernando Haddad desconversou sobre qual será o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um eventual governo petista. "Tivemos muito cuidado com isso em função das circunstâncias. Fizemos um programa muito pormenorizado para que a sociedade saiba o que faremos a partir de 1º de janeiro: reforma tributária para reduzir a carga sobre os mais pobres, reforma bancária para reduzir os juros, retomada de obras públicas", elencou, entre outros pontos. "Então, quem quiser saber como será o próximo governo do PT, a nossa cartilha a partir de janeiro foi assinada por Lula e por mim", disse.

Haddad participa, com a vice Manuela D'Ávila (PCdoB), de um encontro com estudantes e cotistas do programa Universidade para Todos em um teatro no centro da capital paulista. Também participam Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto, candidatos ao Senado por São Paulo, Ana Bock, candidata à vice na chapa de Luiz Marinho ao governo do Estado, e Ana Estela, esposa de Haddad. Com a oficialização de sua candidatura, o ex-prefeito da capital também passou a ser alvo de ataques de outros candidatos, como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). O petista, no entanto, não quis comentar. "Nós temos um programa de governo, não vamos ficar batendo ou alisando ninguém. Faz 18 anos que sou vidraça. Todo mundo já me acompanhou em eleição, sempre fiz propostas para governar", disse.

Segundo o último Ibope, o petista tem 8% das intenções de voto, embolado no segundo lugar com Ciro, Marina Silva (Rede) e Alckmin. O levantamento mostrou também que a capacidade de transferência de votos de Lula para seu nome se estabilizou nos últimos dois levantamentos. Questionado sobre qual a estratégia do partido para que os votos do ex-presidente permaneçam com ele, Haddad desconversou. "Surpresa", disse.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

'Esse troço já deu o que tinha que dar', diz vice de Bolsonaro sobre 'vitimização' após atentado contra o candidato.

General Hamilton Mourão (PRTB) avaliou nesta terça-feira que episódio da facada é uma 'exposição que já cumpriu sua tarefa'. Mourão afirmou que pedirá ao TSE para participar de debates.


Por Sara Resende, TV Globo, Brasília

O general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), avaliou nesta terça-feira (11) que "esse troço já deu o que tinha que dar" ao se referir ao episódio em que Bolsonaro levou uma facada em Juiz de Fora (MG). Para Mourão, é preciso "acabar com a vitimização". Filiado ao PRTB, o candidato deu as declarações após participar de uma reunião em Brasília com correligionários. Na semana passada, Bolsonaro foi atacado enquanto participava de um ato de campanha na cidade mineira. Inicialmente levado para a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, o candidato está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

"Esse troço já deu o que tinha que dar. É uma exposição que eu julgo que já cumpriu sua tarefa. Ele [Bolsonaro] vai gravar vídeo do hospital, mas não naquela situação, não propaganda. Vamos acabar com a vitimização, chega", afirmou Mourão.

Na última sexta-feira (7), Mourão afirmou em entrevista à GloboNews que a campanha divulgaria pequenos vídeos nas redes sociais sobre o assunto e faria contato com os apoiadores de Bolsonaro nos estados para repassar a "palavra de ordem".

"[A palavra de ordem é] reduzir as tensões. Não adianta haver confronto neste momento, não faz bem para ninguém e é péssimo para o país", declarou.

Pedido ao TSE
Também nesta terça-feira, Mourão afirmou que o PRTB consultará o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se ele pode substituir Jair Bolsonaro em debates na TV. "Nós vamos fazer uma consulta ao TSE porque o 'não' nós já temos garantido. [...] A consulta será feita pelo PRTB. Eu acho que será protocolado no mais tardar hoje [quarta, 12]. A gente não pode ficar perdendo tempo", afirmou o general. "É uma consulta. Vamos querer ouvir a própria mídia para ver se ela deseja. Vou falar com as emissoras. Vou fazer pelo PRTB. Será feita hoje a consulta", acrescentou, em seguida, o presidente da legenda, Levy Fidelix.

g1.globo.com

Caio Fernando Abreu é jovem como sempre, relevante como nunca

Escritor foi tudo que não se podia ser em sua época, e é saudado por novas gerações por sua coragem de ser. Cia das Letras lança conjunto de contos do autor, que completaria 70 anos no dia de hoje (12).


TOM C. AVENDAÑO
São Paulo 

Caio Fernando Abreu foi repetidamente o que não se podia ser. Gay e crítico da ditadura nos anos setenta e oitenta. Doente de aids nos anos noventa. Teve outros traços, e esses mencionados não são nem equiparáveis entre si nem estão unidos por um fio condutor, mas compartilham uma ideia central. Uma ideia que só foi ganhando força desde 1996, quando Caio morreu aos 47 anos e começou a ser interpretado e reinterpretado por várias gerações de jovens – quase sempre jovens – que se debruçaram sobre seus textos uma e outra vez e que lhe foram buscando um lugar entre nomes cada vez maiores da literatura brasileira do século XX. A ideia de que Caio Fernando Abreu foi o que foi, publicamente, obstinadamente, ostentosamente, mesmo que a sociedade não o deixasse ser assim.

Abreu voltou à atualidade nos últimos dias. Completam-se 70 anos de seu nascimento, em Santiago (Rio Grande do Sul), a chamada “terra dos poetas”. E a Companhia das Letras publica um compêndio de todos os seus contos, o formato em que Abreu mais brilhou e com o qual mais contribuiu à literatura brasileira. E nesse tempo a cultura geral evoluiu. Os mundos LGBTQI, o pop e crítico em relação à autoridade que ele representou já não são tão underground nem contraculturais como antes; ao mesmo tempo, o mundo vive obcecado com a individualidade e a identidade – e sobre isso a obra de Caio também é um manancial. Por isso, este é um momento tão fascinante e perigoso para falar da relevância atual deste homem magro, de cabelo escuro e olhar de quem sempre está pensando em algo, às vezes com óculos, jovem – quase sempre jovem; o qual em tempos de punk foi terno, queer em mundos militares e doente em épocas de euforia; o colunista, cronista, dramaturgo, contista, romancista e, cada dia mais, tesouro nacional brasileiro Caio Fernando Abreu.

Primeiro o apropriado. Se em sua época seus maneirismos pop confundiram a crítica e a fizeram pensar que estava ante um artista menor, hoje se entende a envergadura política de suas obras. “Devido a todas as mudanças políticas que vivemos no Brasil, sobretudo após as passeatas de 2013, com mais e mais vozes no debate e com toda uma literatura que tem repensado a ditadura brasileira, um Caio mais interessante talvez esteja emergindo”, afirma Schneider Carpeggiani, editor da revista cultural Pernambuco e da editora Cesárea. “Estamos olhando para a relação da sua literatura com a ditadura, um trauma de geração que percorre seus livros até quando ele não é explicitado. Um trauma que é escrito algumas vezes por subtração. Vivemos um momento em que a literatura brasileira, por pura contingência, repensa sua relação com a ditadura. E essa política da época também nos faz olhar melhor, aceitar melhor, as nuances quer (Queer é uma palavra-ônibus proveniente do inglês usada para designar pessoas que não seguem o modelo de heterossexualidade ou do binaridade de gênero) da sua literatura, as nuances bicha-louca e irônica da sua escrita”.

Também é analisado agora, anos depois de sua morte em decorrência da aids, o impacto que ele teve na cultura brasileira. Não só na literatura, mas também na vida de muitos de seus leitores. “Foi o primeiro escritor brasileiro que escreveu sobre o HIV”, recorda Ramon Nunes Mello, autor do livro de poemas Tente Entender O Que Tento Dizer, sobre sua experiência com o vírus. O título vem de uma crônica de Caio. “Descobrir que você tem HIV é algo muito difícil. O que descobri é que a linguagem é o verdadeiro vírus: falar da questão publicamente sem pudor é muito difícil. E busquei textos e o encontrei. Ele, que passou pela mesma coisa, mas quando não existia nada para se apoiar. Foi um pioneiro e ajudou muitos no processo de adaptação.”

Esse é outro aspecto que traz Caio Abreu de sua época à nossa com tanta facilidade. Sua capacidade de falar de si mesmo e deixar que sua biografia influísse em sua escrita, como faz tanta gente nas redes sociais. “Tem essa questão da autoficção; sua biografia permeia toda a sua obra”, afirma Nunes Mello. “E as crônicas em que descreve o Brasil, embora as tenha escrito nos anos oitenta, parecem escritas em 2018. Ele viveu em várias cidades, e os contos retratam essas viagens. Não tinha dinheiro. Mudava de casa, ganhava pouco. Refletia também sua força de espírito: ‘Vou viver de escrever, vou combater a ditadura, vou enfrentar a aids.”

“Caio é muito visceral, fala da angústia, do medo, do desespero”, afirma a editora Alice Sant’Anna, responsável pela publicação de seus contos na Companhia das Letras. “Ao longo dos anos, essa característica o marcou entre os leitores jovens. O contexto mudou, mas não a sua forma de falar a partir da contracultura. Ele continua sendo muito atual.” E é aqui que se chega ao perigo. Sua adequação à era da identidade e das redes sociais pode solapar o lado complexo e obscuro de sua obra. “Recentemente, as redes sociais fizeram emergir um Caio Fernando Abreu mais fofinho, adocicado e típico das demandas desse tipo de plataforma – o que aconteceu também com nomes como Fernando Pessoa, Drummond, Clarice, autores que passam a impressão de estabelecer um diálogo direto com nosso cotidiano”, lamenta Carpeggiani. “Essa impressão acabou gerando até uma série de ‘fakes’ de Caio. Esses ‘fakes’ que trazem textos de autoajuda dizem muito da nossa necessidade em querer instrumentalizar tudo. Inclusive a literatura”.

Essa imagem distancia o verdadeiro conteúdo dos contos de Abreu. “Nos anos setenta, ele fez parte de uma geração que estava reformulando o formato do conto brasileiro, inserindo novas questões, novas formas de narrar Ele começou a carreira sob estigma do renovador”, resume Carpeggiani. “Nos anos oitenta, ele ganhava uma aura mais dark, que descrevia a ressaca do desbunde e a traumática transição democrática. Isso está presente em seu grande livro de contos da época, Morangos Mofados. Em seguida, sua (pioneira) relação pública com a aids se tornou essencial para guiar sua leitura, sobretudo com a repercussão da crônica Primeira Carta Para Além do Muro, na qual revela a doença”.

É justamente essa carta que contém a melhor prova dessa ideia que resta hoje de Caio de Abreu. A que o tempo não pôde mudar, assim como a sociedade tampouco o mudou. A que começa assim: “Olha, estou escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem sempre que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.”

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Museu do Louvre oferece ajuda para recuperar Museu Nacional

UFRJ iniciou as contratações para as obras de reconstrução. O governo federal anunciou 
que vai investir emergencialmente R$ 10.000.000,00 para a recuperação do local.


O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner
Por Agência Brasil

Brasília - O diretor do museu francês Louvre, Jean-Luc Martinez, se colocou à disposição para ajudar na recuperação do Museu Nacional do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pela assessoria do Ministério da Educação na terça-feira. Consultada pela Agência Brasil, a assessoria da pasta não adiantou detalhes de como o auxílio será efetivado pela equipe do Museu do Louvre. As medidas da parceria serão discutidas posteriormente entre o Ministério da Educação brasileiro e o Ministério da Cultura da França. O Museu Nacional do Rio de Janeiro, maior do país, pegou foco no dia 2 de setembro. Toda a parte da frente da estrutura ficou destruída. Boa parte das coleções foi perdida no fogo. Não houve vítimas.

Recuperação
Na segunda-feira (10), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo museu, iniciou as contratações para as obras de reconstrução. O governo federal anunciou que vai investir emergencialmente R$ 10.000.000,00 para a recuperação do local. O recurso, contudo, ainda não foi repassado à UFRJ. As verbas serão utilizadas para a cobertura do local com tapumes, para o reforço da estrutura do prédio e escoramento das paredes. O objetivo é dar condições para avaliar a situação do acervo após o incêndio. Em seguida, serão feitos os projetos básico e de reconstrução do museu. A última fase será a recomposição do acervo.

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Atriz de 'O Predador' fala sobre crimes sexuais cometidos por colega de elenco

Steven Wilder Striegel tem histórico da crimes sexuais no cadastro da polícia americana.


Por O Dia

Estados Unidos - A atriz Olivia Munn falou sobre a polêmica envolvendo um ator com quem contracenou no filme 'O Predador'. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ela revela que enfrentou muitas dificuldades quando contou à Fox, produtora do filme, sobre os crimes sexuais cometidos por Steven Wilder Striegel no passado. "Honestamente, é desanimador ter que lutar tanto por algo que é tão óbvio para mim. Eu não sei por que isso tem que ser uma luta tão difícil. Foi muito importante para mim ter essa cena deletada", declarou. A atriz disse que descobriu o histórico do ator no cadastro nacional de criminosos sexuais dos Estados Unidos e alertou a empresa em agosto deste ano. Como consequência, a produtora retirou uma cena do novo filme em que Striegel aparece, que estreia no dia 13 de setembro, nos Estados Unidos. Ainda segundo o site, os executivos da Fox não sabiam do histórico do ator quando o contrataram para compor o elenco do filme.

Em 2010, Steven Wilder Striegel foi declarado culpado por dois crimes sexuais: oferecer risco de ferir uma criança e seduzir uma menor de idade pela internet. Ele ficou preso por seis meses. No Twitter, a atriz se pronunciou sobre o motivo de ainda estar promovendo 'O Predador': "Sou obrigada contratualmente. E pelo que estou vivendo, eu acho que eles preferem que eu não apareça. Faria todos respirarem melhor. Além disso, eu trabalhei duro nesse filme, assim como o restante do elenco e equipe. Agora que a cena foi deletada, eu acho que o público vai amar".

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OAB pede afastamento de juíza que prendeu advogada

Valéria foi algemada na sala de audiências por PMs e levada para delegacia.


Por O Dia

Rio - A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) pedirá punição máxima para os policiais militares e a juíza leiga (considerada juíza auxiliar) envolvidos na prisão da advogada Valéria Lúcia dos Santos, que se negou a sair da sala de audiências e foi algemada no 3º Juizado Especial Cível de Duque de Caxias, na segunda-feira. Segundo Valéria, a juíza agiu com violação ao impedir que ela pudesse rever um processo. "A causa era sobre uma cobrança indevida. Como não houve acordo, eu teria, como advogada, que ver a contestação da ré. A juíza negou, então saí da sala em busca de um delegado de prerrogativas da OAB-RJ. Quando voltei, ela comunicou que a audiência havia sido encerrada. Por isso minha resistência em permanecer na sala, para que o delegado visse as violações que estavam ocorrendo. É meu direito como advogada impugnar documentos", declarou. A Ordem representou junto ao Tribunal de Justiça contra a juíza leiga, exigindo seu imediato afastamento das funções, e também encaminhou o caso ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, para avaliação. Como juíza leiga, ela também advogada. Será feita, ainda, uma representação contra os PMs, pela prisão e uso de algemas. Além disso, a Ordem tomará medidas civis e criminais para que Valéria seja ressarcida pelos eventuais danos.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a advogada aparece algemada, sentada no chão da sala de audiências, próxima à porta, cercada por policiais, dizendo que "só quer exercer o direito de trabalhar". Na ocasião, a advogada foi levada para a 59ª DP (Caxias) e liberada após intervenção da OAB-RJ. "Sempre que falamos em racismo, dizem que é vitimismo. O que aconteceu naquela situação foi uma violação à minha dignidade como pessoa humana, não apenas como mulher negra", completou Valéria.

'Não acatou orientações'
O Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) afirmou que a juíza chamou a polícia porque a advogada não acatou as orientações na sala de audiência. Segundo o órgão, ela resistiu e, por isso, foi algemada e levada para a delegacia. Para o presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem, Luciano Bandeira, a prisão foi 'inconcebível'. "Isso é algo que não ocorria nem na ditadura militar: uma advogada no exercício da profissão presa e algemada dentro de uma sala de audiência. É uma afronta ao Estado de Direito, à advocacia brasileira e ao direito de defesa", disse Bandeira.

A pedido da OAB-RJ, o juiz titular do Fórum de Duque de Caxias, Luiz Alfredo Carvalho Júnior, tornou sem efeito a audiência que estava Valéria. Ela foi remarcada para 18 de setembro e será presidida por um juiz togado (magistrado).

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