Porto Alegre derruba comporta e depois “fecha” com sacos de areia.


Porta de aço havia sido removida na 6ª feira com a ajuda de um cabo, 
mas nível do Guaíba voltou a subir e prefeitura agora improvisa proteção.

Letícia Pille
Izabel Tinin

Uma semana depois de derrubar uma das comportas da cidade de Porto Alegre para escoar a água do centro de Porto Alegre, a prefeitura da capital gaúcha decidiu na 6ª feira (24.mai.2024) “fechar” a estrutura aberta recentemente com a subida no nível do Guaíba. Para isso, usou 48 sacos de areia e cimento. A comporta de número 3 fica na av. Mauá, na esquina com a rua Padre Tomé, no centro histórico de Porto Alegre. Segundo o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgoto), o uso de sacos é “paliativo”. As comportas que protegem a capital gaúcha tinham motores, mas os equipamentos foram furtados e nunca houve a reposição. A Dmae informou que isso não foi feito para evitar novos furtos, o acionamento das comportas é manual.

Para Fernando Magalhães, professor na área de saneamento ambiental no IPH/UFRGS (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a solução adotada pela prefeitura da capital gaúcha não é a mais adequada para conter a água. Ele afirma que o escoamento da água por meio da abertura das comportas foi necessário, mas que a prefeitura estava ciente sobre o risco de o nível do lago voltar a subir e a cidade correr risco de novas inundações.“Quando você está em uma situação em que o nível de água está maior dentro do que fora, todo mundo começa a pedir para abrir a comporta. Sendo prático, é uma visão política. Não vou julgar a decisão […], mas eles sabiam dessa condição de que poderia vir a chuva e teriam que pôr a comporta de novo”, afirmou Magalhães.

Magalhães disse não ser preciso um novo sistema antienchente, mas melhorar o atual: “Não acho que seja necessário pensar em novos métodos [de contenção], acho que tem que melhorar esses métodos e readequar esses sistemas […] O que a gente gostaria é que o governo estivesse sempre preparado, que tivesse planos de contingência prontos para ser colocados em prática”.

Manifesto produzido por 33 especialistas e divulgado em 18 de maio alertou que era preciso tomar algumas medidas em caráter emergencial, como vedar as comportas com a ajuda de mergulhadores. 

FALHAS NO SISTEMA
Fazem parte do sistema antienchente da cidade 14 comportas, que têm sido sucateadas pela falta de manutenção e de investimentos. O resultado foi um sistema vulnerável e que não funciona como deveria, a exemplo das comportas, que têm brechas na estrutura. Além disso, alguns dos motores foram roubados e nunca repostos –dificultando justamente o processo de abertura e fechamento.

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