'Círculo de fogo' pode se formar no Atlântico, alertam geólogos; veja animação e saiba como.

 
Pesquisadores de Portugal e Alemanha preveem que 'zona de subducção' do Mediterrâneo se propague para interior do oceano e redesenhe superfície, em 20 milhões de anos.

Por O Globo — Rio de Janeiro

Um círculo de fogo — como o do Pacífico, que reúne a maior parte dos abalos sísmicos e erupções vulcânicas do mundo — pode estar se formando no Oceano Atlântico, alertam geólogos de Portugal e Alemanha. Um estudo publicado na revista científica Geology estima o redesenho da superfície da Terra em pelo menos 20 milhões de anos. De acordo com os autores do estudo, a formação do círculo de fogo está ligada ao "declínio" do Atlântico. O oceano "nasceu" quando houve a divisão do supercontinente Pangeia, há cerca de 180 milhões de anos, e, de lá para cá, como os seres vivos, segue a sua trajetória até a "morte".

No entanto, para que um oceano pare de crescer e "se feche", é necessária a formação de novas "zonas de subducção" no interior dele. São áreas onde uma placa tectônica empurra outra para baixo. Com o calor, essa placa se derrete e se transforma em magma (cuja concentração próxima da superfície da Terra pode estimular a atividade vulcânica). O processo é considerado raro e difícil, já que a formação das zonas exige que as placas se dobrem ou até se fraturem. Para os autores do estudo, na verdade, zonas já existentes devem migrar para o Atlântico a partir de um oceano já no "final de vida" (neste caso, o Mar Mediterrâneo, resto de um oceano que existiu entre a África e a Eurásia).

Com a aplicação de um modelo computacional, os geólogos previram que a zona de subducção hoje localizada no Estreito de Gibraltar, ponto de encontro entre duas placas tectônicas entre a Espanha e o Marrocos, vá se propagar para o interior do Atlântico e levar à formação de um círculo de fogo. Uma animação publicada no YouTube demonstra como isso pode acontecer.

No artigo, intitulado "A zona de subducção de Gibraltar está invadindo o Atlântico", a equipe do especialista em placas tectônicas João Duarte, da Universidade de Lisboa, aponta que "a envelhecida litosfera oceânica (crosta e manto) é espessa e forte, tornando-a resistente à ruptura e à flexão"Mas a migração de um "sistema de subducção" do Mediterrâneo para o Atlântico pode levar à formação de vulcões ao longo das costas de África e da Península Ibérica ou mesmo um Anel de Fogo do Atlântico.

A zona de subducção de Gibraltar já foi muito ativa, mas "desacelerou significativamente nos últimos milhões de anos", segundo o estudo assinado por Duarte e equipe e conduzido em parceria com a Universidade de Mainz, da Alemanha. Há outras duas zonas de subducção próximas ao Atlântico: as Pequenas Antilhas, no Caribe, e o Arco da Escócia, perto da Antártica. Formadas há cerca de 50 milhões de anos, ambas têm se movido lentamente desde então, afirmou Duarte ao IFLScience. No entanto, o pesquisador destaca que o caso de Gibraltar chama a atenção por estar nas "fases iniciais" do processo. — Podemos agora simular a formação do Arco de Gibraltar com grande detalhe e também como ele poderá evoluir no futuro — afirmou Duarte.

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