‘Está destruindo a classe média’: greve geral na Argentina protesta contra reformas de Milei.

 
Contra o Decreto Nacional de Urgência, composto por 366 artigos que rapidamente promoveram grandes mudanças na legislação trabalhista, milhares tomaram as ruas em greve geral na Argentina.

DAIANE NORA
FLORIANÓPOLIS

Milhares de pessoas saíram às ruas na Argentina na quarta-feira (24) para fazer a primeira greve geral contra o governo do presidente Javier Milei, apenas 45 dias após sua posse. O país, que já estava abalado por uma inflação anual recorde de 211%, viu as drásticas medidas do novo presidente, líder do partido La Libertad Avanza, piorarem ainda mais o poder de compra da população. O argentino Cesar Simon Cortez, técnico de audiovisual, falou diretamente da capital Buenos Aires sobre a manifestação. Ele disse que a greve reuniu tantas pessoas porque há muitos eleitores arrependidos, que se sentem enganados por uma “grande mentira eleitoral”.“Milei disse uma coisa e fez outra. Ele prometeu combater a inflação e a evasão fiscal das grandes corporações, mas agora sobrecarrega as classes mais baixas com impostos e retenções salariais. Ele está destruindo a classe média”, afirmou César.

A greve geral foi oficialmente convocada pela maior central sindical da Argentina, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de orientação peronista, com o apoio da Confederação dos Trabalhadores Argentinos (CTA), a segunda maior do país. Além das organizações sindicais, a greve também é apoiada pelas Mães e Avós da Praça de Maio — grupo formado por mulheres que tiveram seus filhos assassinados ou desaparecidos durante a ditadura militar do país, entre 1976 e 1983.“Essa manifestação é tão grande que reuniu muitas forças distintas da sociedade, que foram afetadas pelo DNU [Decreto Nacional de Urgência] de Milei. Há muita insatisfação porque o governo quer tirar o financiamento de vários setores e privatizar tudo”, afirmou César.

Decreto Nacional de Urgência na Argentina
O DNU afetou profundamente diversos setores da sociedade. Composto por 366 artigos, o decreto introduziu rapidamente grandes mudanças na legislação trabalhista. Entre elas, a exigência de uma cobertura mínima de 75% em serviços essenciais, a possibilidade de demissões por justa causa durante greves que, junto com a dolarização da economia, reduziu drasticamente o poder de compra dos trabalhadores. Devido a esta queda drástica no poder de compra, o argentino viu em dezembro o consumo cair 13,7%, e a produção nas pequenas indústrias, 26,9%, segundo dados da Câmara Empresarial CAME. Todo esse contexto gerou uma situação desconfortável para a classe média e baixa. Cesar destacou a importância da mobilização para demonstrar a grande insatisfação da população com as políticas do governo.“Queremos mostrar que mais da metade da população não está de acordo com suas medidas. Além de parar um dia o país, e fazer as corporações sentirem no bolso. Queremos mostrar que a rua é da gente e que as políticas não estão sendo benéficas para o país”.

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