Lula diz que Forças Armadas terão atuação em aeroportos e portos do Rio para combater tráfico de drogas.


Presidente descartou a possibilidade de uma intervenção do Rio, mas anunciou reforço de militares e agentes federais para auxiliar na segurança do estado.

Por Alice Cravo e Renan Monteiro — Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na terça-feira, que vai conversar com o ministro da Defesa, José Múcio, para intensificar a atuação das Forças Armadas em portos e aeroportos para combater o crime organizado no Rio de Janeiro. A capital fluminense sofreu na segunda-feira o maior ataque efetuado pela milícia após a morte do paramilitar Faustão na Zona Oeste da cidade, com 35 ônibus incendiados. — Já conversei com o governador (Claudio) Castro, do Rio de Janeiro. Ontem, eu conversei com o Flávio Dino, hoje vou conversar com o ministro da Defesa, na perspectiva de fazer com que a Aeronáutica possa ter uma intervenção maior nos aeroportos do Rio de Janeiro, que a Marinha possa ter uma intervenção maior nos portos do Rio de Janeiro, para ver se a gente consegue combater mais o crime organizado, o narcotráfico, o tráfico de armas, ou seja, vamos ter que agir um pouco mais.

O MAIOR ATAQUE DA MILÍCIA NO RIO:
O miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, chefe de grupo militar que atua na Zona Oeste, foi morto em ação da Polícia Civil no Rio. Em represália, 35 ônibus, um trem, uma estação do BRT e quatro caminhões e foram incendiados. Os ataques ao sistema de transporte ocorreram enquanto o governador Cláudio Castro parabenizava a polícia pela ação que resultou na morte do criminoso. Horas depois, Castro afirmou que a polícia não descansará enquanto não prender os milicianos Zinho e Tandera e o traficante Abelha. Os ataques deixaram a população em pânico e causaram o caos no sistema de transportes. Moradores da região levaram horas para chegar em casa ou tiveram que dormir no trabalho ou nas estações. A milícia responsável por caos no Rio foi fundada por policiais, expandiu-se pelo estado na última década e vive crise interna após morte de ex-chefe. Lula, no entanto, descartou a possibilidade de uma intervenção do Rio, a exemplo do que ocorreu no governo de Michel Temer, quando o general Walter Braga Netto assumiu a gestão da segurança no estado. Nesta terça, o governador Cláudio Castro anunciou ainda que pedirá reforço das Forças Armadas para atuar em áreas de competência federal. — Não queremos pirotecnia. Não queremos fazer uma intervenção como já foi feita e não deu em nada. Não queremos tirar a autoridade do governador do Rio. Lula ainda afirmou que não descartou a criação de um ministério dedicado exclusivamente à Segurança Pública e que está pensando nas "condições" para a criação da pasta. — Quando fiz a campanha, eu ia criar o Ministério da Segurança Pública, ainda estou pensando em criar, pensando quais são as condições que você vai criar, como é que vai interagir com a questão de segurança do estado, porque o problema da segurança é estadual.

O Ministério da Defesa acredita que será possível atender ao pedido do governador do Rio, Cláudio Castro (PL-RJ), para o emprego pontual das Forças Armadas no combate ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Como antecipou a coluna de Lauro Jardim, o pedido do governador foi feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em telefonema na última terça-feira. Castro quer que o governo federal autorize o patrulhamento de tropas militares da Marinha na Baía da Guanabara e portos do estado, além da Aeronáutica nos aeroportos Galeão e Santos Dumont. Castro tenta dar uma resposta à crescente onda de violência registrada no Rio nas últimas semanas. A Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF) já atuam patrulhando rodovias do estado desde esta terça-feira. Castro se reuniu ontem com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli para discutir as ações tomadas por forças federais. Ainda durante a live, Lula afirmou que a liberação "atabalhoada" de armas no país nos últimos anos fortaleceu o arsenal do crime organizado e citou como exemplo o furto de 21 armas do Arsenal de Guerra do Exército. — Eu digo sempre o seguinte, a liberação de venda de armas nesse país, a liberação de venda de arma nesse país de forma atabalhoada, ela fez com que o crime organizado se apoderasse de uma quantidade de arsenal que ele não tinha antes. Ele pôde comprar no mercado, autorizado, o que é um crime contra o povo brasileiro. Você viu o que aconteceu nas Forças Armadas o roubo de metralhadoras, o roubo de fuzis, ou seja, e estava aonde? Estava chegando na mão do crime organizado. Ontem eu tive uma longa conversa com o Flávio Dino, hoje vou ter uma longa conversa com o ministro da Defesa, José Múcio, e vamos ver como a gente pode entrar e participar, ajudando.

Lula voltou, na terça-feira, a fazer suas lives semanais, após quatro semanas afastado das redes. O presidente não fazia transmissões desde o dia 26 de setembro, dias antes das suas cirurgias. Na segunda-feira, o presidente também voltou a trabalhar no Palácio do Planalto. Lula passou por uma artroplastia total de quadril e por blefaroplastia, procedimento retira excesso de pele e gordura nas pálpebras, no dia 29 de setembro. — Quero dizer para vocês que eu estou de volta. Eu fiz a cirurgia, ela completou 21 dias. Para eu ficar totalmente bom e poder viajar de avião eu vou ter que esperar de seis a oito semanas, mas já estou bom e hoje já vou à tarde no Palácio do Planalto e dizer 'estou de volta para fazer aquilo que eu prometi a vocês' — afirmou na segunda-feira.

No calendário da presidência da República, a COP-28 aparece como a meta de recuperação de Lula e a próxima viagem prevista para a sua agenda internacional. Durante a live da terça-feira, confirmou presença na COP e ainda afirmou que fará paradas na Alemanha e na Arábia Saudita. — Vou à Alemanha (encontrar) com empresários alemães para discutir investimentos no Brasil. E possivelmente, um dia antes de eu chegar nos Emirados, eu tenha que ir à Arábia Saudita para discutir a participação dos investimentos da Arábia nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que nós estamos incentivando. Antes disso, querem viajar para alguns estados brasileiros — disse

Desde as crirurgias, o presidente se recuperava no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Aos poucos, foi retomando sua rotina de trabalho, com despachos por videoconferência, encontros pontuais com ministros e participação por vídeo em alguns eventos. — Eu já estou recuperando a normalidade, estou conseguindo andar totalmente à vontade, não posso fazer todos os movimentos ainda porque, segundo orientação médica, eu só vou ficar recuperado entre seis e oito semanas. Estou com três semanas só de cirurgia, eu preciso tomar cuidado porque o médico fala o seguinte: quando você é muito autosuficiente, que você pensa que já está bem e pode fazer tudo, você vai estragar a cirurgia — afirmou durante a live da terça-feira. Ainda na terça-feira, Lula fez seu primeiro evento presencial após os procedimentos. Ele vai participou, no Palácio do Planalto, do lançamento do “Projeto Sertão Vivo, Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste", do BNDES.

Outras lives.
Em sua última live, Lula deu mais detalhes sobre a cirurgia que iria passar em alguns dias. O presidente revelou que sentia as dores no quadril desde outubro do ano passado, quando estava em campanha pela presidência. Lula afirmou ainda que cogitou realizar a cirurgia após as eleições, mas que teve temor de passar uma imagem fragilizada. Ao falar sobre o seu processo de recuperação, o presidente afirmou à época que não haveria imagens suas usando andadores e muletas. A orientação, segundo Lula, veio do seu fotógrafo, Ricardo Stuckert, atual secretário de produção e divulgação de conteúdo audiovisual. Lula foi altamente criticado por sua declaração, apontada como capacitista. — Então, até lá, eu vou ficar em Brasília, não vou poder pegar avião, vou trabalhar normalmente, o Stuckert não quer que eu ande de andador. Ele já falou: 'não vão filmar você de andador'. [...] vocês não vão me ver de andador, de muleta, vocês vão ver sempre bonito como se eu não tivesse operado, mas eu vou ter que ter um pouco de cuidado porque parece simples, mas a recuperação, a fisioterapia e a dedicação no tratamento são fundamentais — afirmou o presidente à época.

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