Eleições 2024: Guarapari (ES), já tem 10 cotados para prefeito.

 
Com o atual prefeito, Edson Magalhães (PSDB), fora da disputa por estar no segundo mandato, o número de interessados em concorrer à Prefeitura de Guarapari (ES), no próximo ano já é igual ao de candidatos registrados em 2020.

Ednalva Andrade
Repórter / eandrade@redegazeta.com.br

Sem o atual prefeito de Guarapari, Edson Magalhães (PSDB), na disputa, o número de cotados para concorrer, em 2024, ao comando da prefeitura do mais famoso balneário capixaba chega a dez até agora, mesma quantidade de candidatos registrados em 2020. O chefe do Executivo é considerado um fenômeno nas urnas, pois venceu todas as disputas das quais participou, mas a maioria dos cotados se coloca como oposição a ele. Entre os possíveis concorrentes ao cargo aparecem, no momento: os vereadores do município Kamilla Rocha (PTB), Rodrigo Borges (Republicanos) e Wendel Lima (MDB), atual presidente da Câmara de Guarapari; e os ex-vereadores José Raimundo Dantas (Patriota) e Gedson Merizio, atual subsecretário estadual de Turismo. Também são mencionados: o deputado estadual Zé Preto (PL); o ex-deputado federal Ted Conti (PSB), atual subsecretário estadual de Políticas Intersetoriais; a ex-secretária municipal de Saúde e Assistência Social Maria Helena Netto (União); a microempresária Bárbara Hora (PT); e o empresário Rodolfo Mai (PP), cuja entrada na disputa é cercada de expectativas, que devem ser dissipadas até dezembro, prazo informado por ele para confirmar se vai realmente concorrer a prefeito.

A eleição municipal do próximo ano será a primeira regular nos últimos 20 anos em que Magalhães não estará nas urnas de Guarapari, município que faz parte da Região Metropolitana de Vitória e é o sétimo maior colégio eleitoral do Espírito Santo. 

Ele concorreu como vice-prefeito de Antonico Gottardo, eleito prefeito em 2004, e por quatro vezes seguidas disputou o cargo de prefeito, sendo o mais votado em todas elas. Em 2012, Magalhães insistiu na candidatura, mas teve o registro negado pela Justiça Eleitoral por estar concorrendo ao terceiro mandato seguido, já que ficou no comando da prefeitura interinamente entre 2006 e 2008, em razão de afastamento judicial de Gottardo. Por conta da decisão da Justiça Eleitoral, mesmo sendo o mais votado em 2012, Magalhães teve os votos anulados e uma eleição suplementar foi feita em Guarapari, em fevereiro de 2013, na qual o empresário Orly Gomes foi eleito pelo DEM como "o candidato do prefeito". Ele havia concorrido antes como vice do atual prefeito. 

Diante dessa demonstração de força de Magalhães nas disputas eleitorais, uma das principais perguntas que paira sobre Guarapari atualmente é: quem ele apoiará na disputa de 2024? A resposta ele ainda não revelou nem quis se manifestar sobre a sua sucessão, ao ser procurado por A Gazeta na última semana. "Talvez no início do ano que vem", informou a sua assessoria. 

Oposição
A falta de diálogo com as lideranças políticas é apontada como o principal fator para a ausência de um sucessor natural de Magalhães e também um dos motivos para vários cotados se colocarem como oposição a ele, mesmo cientes de que não podem subestimá-lo. Um dos nomes que até 2022 era tido como provável escolhido dele é o do presidente da Câmara, Wendel Lima. Ele iniciou a disputa por uma vaga na Assembleia com o apoio de Magalhães, mas os dois se desentenderam durante o pleito e hoje estão em lados opostos. Wendel enfatiza que lida institucionalmente com o chefe do Executivo, pois a população não pode ser penalizada pelas divergências entre os chefes dos dois Poderes."Sou candidato para dialogar com a cidade, trilhar o turismo que Guarapari merece e estruturar a saúde. Quero dialogar com a cidade, com as lideranças políticas e a sociedade civil organizada", pontua Wendel, que também preside o MDB municipal e negocia apoio do DC. Entre os nomes com quem o presidente da Câmara dialoga está o do deputado estadual Zé Preto (PL), que também deixa clara a sua oposição à atual gestão. "Esse prefeito é contra mim e contra tudo o que eu faço", alega o parlamentar, que renunciou ao segundo mandato seguido na Câmara para assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa, em fevereiro deste ano.

O principal obstáculo para Zé Preto entrar na corrida, no entanto, vem do seu partido. O PL faz oposição ao governador Renato Casagrande (PSB), mas o deputado está na base aliada. Por isso, surgiram rumores sobre ele não ter legenda para concorrer em 2024. O tesoureiro do PL estadual, Carlos Salvador, confirma a posição da legenda: "Ele tem todo o direito de ser candidato (a prefeito), mas não será no PL". O deputado garante que nunca conversou com os dirigentes partidários a respeito, que está satisfeito no PL e à disposição do partido para ser ou não candidato. Na última semana, colegas de plenário lançaram o nome de Zé Preto à corrida municipal. "Se o PL tiver outro nome, vou apoiar, desde que não seja aliado do prefeito Edson Magalhães", garante.

De família tradicional na política, o vereador Rodrigo Borges também faz oposição ao prefeito na Câmara. Mesmo conversando com outras lideranças, ele assegura que não vai abrir mão da cabeça de chapa. "Tenho uma visão política diferente da gestão atual, porque o município está abandonado, principalmente na área da saúde e em oportunidades de emprego", frisou. Borges, que é sobrinho e neto dos ex-prefeitos de Guarapari Paulo Borges e Hugo Borges, respectivamente, lembra que o seu partido, o Republicanos, não está na base do governador, mas ele apoiou Casagrande no segundo turno da disputa de 2022.

Uma das principais críticas ao atual prefeito feita pelos adversários é a falta de aprofundamento de uma relação com o governador e com a bancada federal capixaba, que propicie ao município receber mais recursos e investimentos. Por isso, alguns nomes enfatizam a relação com Casagrande como ponto positivo. "Independentemente de quem for o governador, o prefeito tem o dever de buscar articulação e fazer uma gestão integrada", pontua Borges, que já teria o apoio do Novo para a disputa.

Outro nome da oposição entre os prováveis postulantes é o da ex-secretária municipal Maria Helena, que concorreu em 2020 pelo PP e agora está no União. Ela atuou nas gestões de Magalhães e de Orly em três pastas — Saúde, Assistência Social e Desenvolvimento Econômico — e se afastou do atual prefeito, segundo ela, "porque ele se perdeu no que se propôs e virou um político profissional"."Gosto de seriedade e de lidar com a verdade. Ele enganou o povo de Guarapari com a proposta de um hospital que o município não tem condições de gerir. Se fosse uma pessoa de diálogo, colocaria o hospital em um local mais acessível à população", criticou a ex-secretária. As críticas de Maria Helena às obras do Hospital Cidade Saúde, localizado na Praia do Morro, ganha eco nas vozes de outros cotados, já que a saúde é apontada como um dos principais gargalos do município, cuja população aumenta três vezes ou mais durante o verão. O prefeito chegou a dar prazo para inauguração do hospital em maio deste ano, mas isso não ocorreu.

Embora não se assuma como oposição ao prefeito, Ted Conti faz críticas contundentes à gestão e ao gestor municipal. Ele afirma que, durante os três anos e meio em que exerceu mandado de deputado federal, foi recebido apenas uma vez por Magalhães e, por isso, o município perdeu recursos federais que poderiam ser recebidos por meio de emendas parlamentares."Acho que o prefeito, a gestão do município, precisava dialogar mais, trazer mais as pessoas que têm condições de ajudar para dentro do debate e da ação", frisa Ted, que considera uma vantagem ser do partido do governador. Para ele, o desafio do novo chefe do Executivo será tirar Guarapari da condição de ilha que vive atualmente, mesmo sem ser ilha, por causa da falta de diálogo com as administrações estadual e federal."Guarapari precisa de um hospital, mas não tem. Tem uma rodoviária que não atende. É uma cidade de litoral, uma das mais conhecidas do Brasil, e não tem aeroporto para desenvolver um turismo de alto nível. É uma cidade que tem vocação turística, precisa de diálogo para trazer o desenvolvimento local", acrescenta o ex-deputado federal, que tenta se cacifar para a disputa. 

Outra que não se apresenta como oposição, mas tem suas críticas à administração atual é a jornalista e microempresária Bárbara Hora. Ela concorreu em 2020 e já colocou seu nome à disposição do partido para 2024, em publicação nas redes sociais feita em julho."Nossa ideia é dar à cidade uma opção fora do conservadorismo e da construção civil, com responsabilidade", ressalta Bárbara. Ela discute a sua pré-candidatura com a federação formada por PT, PV e PCdoB e considera o momento atual, com Lula (PT) na Presidência da República, favorável a ela na disputa, diferente do que ocorreu em 2020, quando era a única força contra o bolsonarismo no município.

Aliados, ou quase
Do outro lado de postulantes estão os que se dizem aliados do prefeito. Um deles é a vereadora Kamilla Rocha, que também aponta deficiências que o município precisa corrigir."A grande deficiência de Guarapari está na área da saúde. Não tem estrutura para atender, fica aquém da necessidade", enfatiza. Kamilla tem consciência de que, mesmo sendo da base do prefeito, é improvável que seja o nome escolhido por ele. "Acredito que ele tem outros projetos com o grupo político dele. Acredito que Guarapari precisa dar uma oxigenada, por isso coloquei meu nome", disse.

Quem também se apresenta como aliado de Magalhães é o ex-vereador Dantas, muito conhecido no meio político local e com um passado conturbado devido a afastamentos do cargo. Ele rejeita a possibilidade de composição, disse que já foi chamado para ser vice de nomes cotados, mas não diz quais."Já falei com o prefeito que nem vereador eu quero. Ou sou candidato a prefeito ou a nada. Para vice-prefeito, não tenho interesse", salienta. Ainda que tenha concorrido em duas eleições seguidas contra o atual prefeito, o ex-vereador e atual subsecretário estadual de Turismo, Gedson Merizio, não se coloca como candidato de oposição. Muito pelo contrário. Ele dá sinais de que deseja ter Magalhães ao seu lado em 2024, além de dar ênfase à relação com Casagrande e com o vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB), aliado de primeira hora do prefeito, juntamente com o pai e deputado estadual, Theodorico Ferraço (PP)."Sempre tive uma relação de muito respeito com o prefeito de Guarapari. Sempre o respeitei do ponto de vista administrativo, mas a cidade precisa tomar outro rumo, crescer economicamente, gerar emprego e renda. Estamos perdendo competitividade e emprego em Guarapari", afirma Merizio.

Decisão esperada
Ex-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Guarapari e sócio-diretor da Ideally Construtora, Rodolfo Mai é um empresário influente no município, sendo inclusive alvo de consulta de políticos que atuam na cidade. No entanto, nunca participou de uma disputa eleitoral e a sua entrada na corrida para prefeito tem sido especulada no meio político local. Ao ser indagado sobre o assunto, na última sexta-feira (18), o empresário ressaltou que a construção civil sempre teve uma proximidade muito grande com a política em Guarapari. Para ele, o meio político é muito ansioso, e garantiu estar tranquilo para tomar a decisão sobre concorrer ou não à prefeitura até o final deste ano. Há dois anos, ele desistiu de entrar na corrida por uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado, nas eleições 2022, por conta do seu momento profissional, segundo ele."Não é um projeto de poder. É uma ideia de dar a minha contribuição. Tenho esse sonho (de ser prefeito) e, se for o melhor momento, vou entrar na disputa. Tenho conversado com muita gente, conheço muitos personagens da política de Guarapari", frisou Mai, que está filiado ao PP, partido que aguarda a decisão dele para se posicionar no município.

A decisão de Mai pode afetar diretamente outros nomes mencionados, pois, nos bastidores, há sinalização de uma possível composição com alguns cotados e até mesmo à desistência de outros. Muitos deles conversam entre si, mas mantêm o nome para buscar viabilidade até o início do próximo ano. O empresário não se coloca como oposição, porque, segundo ele próprio, não é uma pessoa do conflito e sempre teve boa relação com o prefeito, nas discussões empresariais.

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