Em silêncio durante depoimento, Cid alegou falta de acesso à perícia de celulares apreendidos pela PF


Analista da CNN Leandro Resende apurou que defesa do tenente-coronel quer 
acesso aos telefones de ex-assessores de Bolsonaro presos no início do mês.

A justificativa dada pelo tenente-coronel Mauro Cid ao ficar em silêncio durante depoimento à Polícia Federal (PF) na quinta-feira (18) foi a falta de acesso à perícia dos celulares apreendidos no início deste mês, em operação que investiga fraude em cartões de vacinação. A informação é da âncora da CNN Daniela Lima e do analista da CNN Leandro Resende. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro tinha depoimento agendado para 14:30h, mas chegou ao prédio da PF poucos minutos depois do horário. O depoimento foi marcado no âmbito do inquérito que apura a inclusão de informações falsas no cartão de vacina de integrantes das famílias dele e do ex-presidente.

A analista da CNN Renata Agostini informou que a perícia no celular de Mauro Cid terminou na quarta-feira (17) e não chegou aos autos do processo, de forma que a defesa de Cid não teve acesso em tempo hábil para analisar a perícia policial. Assim, uma fonte destacou que a escolha seria “tecnicamente perfeita”. Não havendo caminho de pleitear adiamento do depoimento, a saída seria ficar em silêncio.

O analista da CNN Leandro Resende acrescentou que, segundo fontes que acompanham o caso do tenente-coronel de perto, a defesa de Cid também reclama do acesso “a todo acervo probatório apreendido” na operação do dia 3 de maio, como o celular do ex-major do Exército Ailton Barros. Além do celular de Mauro Cid, também foram apreendidos os celulares de outros presos na operação, como de Max Guilherme e Sérgio Cordeiroo, ex-assessores de Bolsonaro, e do aliado do ex-presidente e ex-major do Exército Ailton Barros. A CNN revelou, por exemplo, que Barros manteve troca de mensagens e áudios com Mauro Cid e com o ex-número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, coronel Elcio Franco, sobre um golpe de Estado após as eleições de 2022. Apesar do silêncio no depoimento desta quinta, a defesa de Cid não descartou prestar depoimento à PF posteriormente.

Cid está preso desde o dia 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Os investigadores queriam explicações sobre, por exemplo, por que um computador usado por Cid acessou os dados de vacinação do ex-presidente nos dias 22 e 27 de dezembro do ano passado – dias seguintes à inclusão de dados falsos. No dia 30 de dezembro, segundo a investigação, o acesso aconteceu pelo celular pessoal de Cid. O ex-ajudante de ordens também teria que esclarecer a suposta adulteração no cartão de vacinas de seus familiares. A esposa dele, Gabriela Santiago Cid, foi intimada a prestar depoimento na sexta-feira (19). A âncora da CNN Daniela Lima revelou que mensagens extraídas do celular do tenente-coronel pela PF revelam conversas com a esposa em que ambos colocam em dúvida os imunizantes. Cid trocou de advogados no dia 10 de maio. Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore assumiram o caso após o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro promover mudanças na sua equipe de defesa. O advogado Rodrigo Roca deixou o caso.

Operação Venire
A Polícia Federal prendeu Mauro Cid no dia 3 de maio, em Brasília. Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. O secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, também foi alvo de prisão preventiva.

O celular do ex-presidente foi apreendido.
As ações fazem parte da Operação Venire, que investiga a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS). A CNN apurou que a cidade de Duque de Caxias se envolve na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, houve um registro de que o ex-presidente teria se imunizado contra a Covid-19 no local, e a investigação apontou que era um dado adulterado.

*Publicado por Léo Lopes, com informações de Renata Agostini, Leandro Resende e Daniela Lima, da CNN
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