Alexandre dá 48 horas para Anderson Torres explicar por que entregou senhas inválidas da nuvem de seu celular.


Segundo PF, repasse de dados incorretos 'inviabilizou' extração de informações armazenadas no aparelho de ex-ministro da Justiça preso há mais de 100 dias por 'omissão' ante atos golpistas de 8 de janeiro; defesa diz que é 'possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o grau de comprometimento cognitivo' do aliado de Bolsonaro.

Blog do Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Rayssa Motta

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para que a defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres esclareça o fato de terem sido fornecidas à Polícia Federal (PF) senhas inválidas para acessar os dados em nuvem de seu celular no bojo do inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Segundo a corporação, 'nenhuma das senhas fornecidas estava correta, o que inviabilizou a extração dos dados armazenados'As senhas foram entregues à Polícia Federal na semana passada. No último dia 20, ao manter o aliado do presidente Jair Bolsonaro preso, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que Torres 'suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior; e às suas mensagens eletrônicas'. "Somente - mais de 100 dias após a ocorrência dos atos golpistas e com total possibilidade de supressão das informações ali existentes - autorizou acesso às suas senhas pessoais de acesso à nuvem de seu e-mail pessoal", ressaltou Alexandre na ocasião. Os dados repassados, no entanto, são inválidos, indicou a Polícia Federal ao relator dos atos golpistas.

Logo após o ministro proferir o despacho, os advogados de Torres responderam a indagação, afirmando que é 'possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o grau de comprometimento cognitivo' do ex-ministro. A defesa pleiteou a revogação preventiva do aliado de Bolsonaro sob a alegação de que Torres teve 'crises de ansiedade' no cárcere.

Na terça-feira, 25, Torres teria 'chorado de forma compulsiva, relatando enorme saudade de seus familiares, em especial de suas filhas, expondo palavras e ideias sem nexo, e expôs seu desânimo com a manutenção de sua vida', sustentaram os advogados de Torres. A defesa diz ainda que 'de modo a preservar a cadeia de custódia, não tentou confirmar se as senhas fornecidas eram, de fato, válidas'. Nesse contexto, os advogados pedem a Alexandre, 'para afastar qualquer especulação acerca da validade das senhas fornecidas' que seja expedido à Apple e ao provedor de e-mail de Torres, 'para que estes disponibilizem à Polícia Federal todos os dados referentes à nuvem e ao e-mail pessoal'.

Transferência
Moraes também pediu que a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal informe, em 48 horas, se o batalhão da Polícia Militar onde Anderson Torres está preso tem as condições necessárias para garantir a saúde do ex-ministro ou se considera 'conveniente' transferi-lo para um hospital penitenciário. O ex-ministro mudou de advogados e deu uma virada na estratégia de defesa. Eles pediram um laudo psiquiátrico e têm exposto que Anderson Torres está cada vez mais deprimido na prisão. Em um dos ofícios enviados ao STF, a defesa disse que o ex-ministro sente 'desânimo com a vida'.

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