O humor dos bolsonaristas que jantaram com Lula sobre o resultado da eleição.


Intensa procura por convites na última hora indica que nem mesmo 
os aliados do presidente da República estão confiantes em uma virada.

Por Malu Gaspar

Era unânime o diagnóstico entre os empresários que estiveram no jantar com Luiz Inácio Lula da Silva promovido pela Esfera em São Paulo, na noite de terça-feira: seja no primeiro ou no segundo turno, o petista vai ganhar a eleição. Não foi por outra razão a intensa procura por convites para o evento na última hora. Até mesmo os mais próximos a Bolsonaro reconheciam que as chances do atual presidente da República no pleito são mínimas. Do publicitário Roberto Justus ao dono da Riachuelo, Flavio Rocha, passando pelo dono do site Brasil Paralelo, Henrique Viana, e o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, todos justificaram a interlocutores a decisão de comparecer com o argumento de que, se Lula vai ganhar a eleição, melhor estabelecer logo um canal com ele. Viana nega que tenha dado essa justificativa (veja nota após a matéria).

"Vim aqui para fazer a ponte com Lula", dizia durante o evento Sahyoun, que é também presidente do Instituto Unidos Brasil, que sempre foi visto como uma entidade mais próxima a Bolsonaro. Há duas semanas, Sahyoun dedicou um minuto de silêncio em um evento do instituto aos empresários alvo de busca e apreensão e de quebra de sigilo decretada por Alexandre de Moraes. A quem demonstrava espanto por sua mudança de postura, na noite de terça, porém, o empresário tinha a resposta na ponta da língua: "nunca fui bolsonarista"Sahyoun se incomoda em ser identificado como bolsonarista. Afirma que o Unidos Brasil tem gente de todas as inclinações ideológicas, inclusive membros ligados a Lula, como o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin, e o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. "Foi interessante saber que Lula pelo menos está imbuído de boas intenções e de dar abertura ao setor empresarial para apresentar sugestões".

O presidente do Unidos Brasil, que tem como maior causa a desoneração da folha de pagamentos, me disse que "Bolsonaro vai passar, Lula vai passar e as empresas continuarão aqui, gerando emprego". E completou: "se ganhar o Lula nós vamos torcer para dar certo"Claro que oficialmente ninguém vai dizer ainda que já abandonou o barco de Bolsonaro, até porque os resultados das urnas ainda não foram apurados. Outro que já fez um aceno positivo a Lula no próprio jantar foi Flávio Rocha, da Riachuelo. Ao cumprimentá-lo após sua fala, o empresário disse ao petista que, se ele fizesse tudo o que havia prometido, podia contar com seu apoio. Mas o anfitrião de Lula, João Camargo, que também já promoveu encontro semelhante com Bolsonaro no mês passado, reconhece: "Se esse jantar tivesse acontecido há 15 dias, não teria todo esse público". Mais de 100 pessoas, entre empresários e assessores de Lula, estiveram no seu apartamento na noite de ontem. "Sempre que é convidada, a Brasil Paralelo participa de eventos que contam com autoridades dos 3 Poderes e candidatos a cargos públicos. Consideramos uma boa oportunidade para ter acesso a informações que não aparecem na mídia, e que podem ser relevantes para estratégia e conteúdo da empresa. A participação não representa, de forma alguma, apoio ou assunção de compromissos com as figuras presentes neste, ou nos outros eventos".

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