Ao lado de Bolsonaro, Guedes confirma que governo vai desrespeitar teto de gastos para viabilizar Auxílio Brasil.


O presidente foi ao Ministério da Economia para demonstrar apoio a Paulo Guedes, após políticos do centrão, que apoiam o governo, alimentarem especulações sobre suposta demissão do ministro. Enquanto o dólar subia e as ações das empresas perdiam valor, políticos do centrão, que apoiam o governo Bolsonaro, alimentavam especulações sobre uma suposta demissão do ministro da Economia, e o presidente se viu obrigado a ir pessoalmente ao ministério para demonstrar apoio a Paulo Guedes. Os dois apareceram juntos diante da imprensa. O ministro disse que não é confortável flexibilizar o teto de gastos e que detesta furar teto, mas que isso vai ser feito. A proposta de mudança na Constituição foi aprovada, na quinta-feira (21), na comissão especial que trata do pagamento de dívidas judiciais contra as quais não cabem mais recursos - os precatórios. O texto precisa passar por duas votações no plenário na Câmara antes de seguir para o Senado. A proposta muda a forma de calcular o limite do teto de gastos, a lei que segura os gastos públicos. Na prática, se aprovada, a PEC vai permitir ao governo gastar mais, acima do teto, e usar parte do dinheiro para bancar o novo programa social, o Auxílio Brasil, que vai substituir o Bolsa Família pagando R$ 400,00.

Enquanto a comissão aprovava a manobra, quatro integrantes de cargos chave da equipe econômica se preparavam para deixar o governo. As baixas incluem o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt. As ações para driblar o teto de gastos e as demissões de funcionários do alto escalão do Ministério da Economia aumentaram a desconfiança do mercado financeiro em relação ao compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e as contas públicas. E alimentaram, em Brasília, as especulações sobre a permanência do ministro Paulo Guedes no cargo. Para acabar com os boatos de demissão de Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro foi pessoalmente ao Ministério da Economia. Eram 15:07h quando começou a coletiva. Bolsonaro participou da entrevista ao lado de Guedes e, diante da imprensa, reafirmou a confiança no ministro. “É uma pessoa que eu conheci bem antes das eleições. Nós nos entendemos muito bem. Eu tenho confiança absoluta nele e ele também entende as aflições que um governo passa. Ele assumiu em 2019, fez um brilhante trabalho naquele ano, que nossa economia estava indo muito bem quando começou 2020”, afirmou.

Apesar do furo no teto, Bolsonaro disse estar comprometido com a responsabilidade fiscal: “Deixo claro a todos os senhores: esse valor decidido por nós tem responsabilidade, não faremos nenhuma aventura. Não queremos colocar em risco nada no tocante à economia” , disse Bolsonaro. Quando começou a falar, Paulo Guedes relatou uma queda de braço da ala política do governo, que pretende gastar mais, mesmo que desorganizando a economia, e integrantes da equipe econômica, a quem ele se referiu como os mais jovens. “Aí você vai para a turma da política, bota 600, bota 700, nota 10 na política, mas nota quatro ou nota três na economia. Desorganiza a economia, fura o teto, começa uma confusão. Então, essa era a grande discussão que estava havendo, e isso virou, por falta de comunicação nossa, economia com a ala política. Nossa, do lado de cá, e de uma certa falta de boa vontade e tolerância conosco. Nosso governo é um governo que tem sofrido disso. Então, isso virou uma guerra. Todo mundo está brigando com todo mundo, todo mundo quer sair etc. Nós entendemos os mais jovens que dizem: ‘Olha, a linha é aqui, não pode furar o teto’. Olha, o teto é um símbolo de austeridade, é um símbolo de compromisso com as gerações futuras”, afirmou.

Guedes anunciou o nome do secretário do Tesouro: Esteves Colnago, ex-ministro do Planejamento do governo Temer. Colnago vai substituir Bruno Funchal, um dos que pediram demissão na quinta-feira, por não concordarem com o estouro do teto de gastos. Guedes disse que integrantes do governo sondaram o empresário André Esteves à procura de substitutos para assumir o Ministério da Economia. “Nós já tínhamos o Bolsa Família pronto quando fomos atingidos pelo meteoro. Trabalhamos nessa PEC dos precatórios para abrir essa oportunidade de novo, justamente para abrir essa oportunidade, mas, como o Imposto de Renda não avançou no Senado, foi aprovado na Câmara, mas como ele não avançou no Senado, nós perdemos a fonte. Nós perdemos a fonte, não tínhamos o dinheiro para pagar mais aqueles R$ 300,00. A desvantagem é que perdemos a fonte”, justificou.

Guedes reconheceu que o governo vai furar o teto de gastos.
“Você diz: ‘Está muito feliz que tá furando o teto?’. Não. Eu detesto furar teto. Eu não gosto de furar teto. Tudo isso é verdade. Agora, nós não estamos aí só para tirar 10 no fiscal. Nós somos um governo dos que mais gastaram, mas dos que menos impactaram a dívida. Então, nós temos que ter esse senso de responsabilidade social também”, disse. Bolsonaro e Guedes encerraram a entrevista e a transmissão chegou a ser interrompida. Mas Guedes resolveu voltar sozinho ao auditório. Repetiu argumentos pelo aumento do Auxílio Brasil e afirmou que nunca pediu para deixar o governo. "Eu não pedi demissão. Em nenhum momento eu pedi demissão. Nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa semelhante”, disse.

Mercado financeiro
Depois da entrevista coletiva do ministro Paulo Guedes, o mercado se recuperou um pouco. Segundo analistas, não por causa do conteúdo do pronunciamento, mas pelo fato de o governo não ter que procurar um novo ministro da Economia num momento de crise como esse. O principal índice da Bolsa fechou em queda de 1,34%. A Bolsa está no menor nível em pontos desde novembro do ano passado. A cotação do dólar caiu para R$ 5,63.

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