Equipe de Luciano Hang sabia desde abril que Covid não constava no atestado de óbito da mãe do empresário

 
Empresário disse à CPI, no entanto, que só soube nesta quarta que Covid não constava na certidão de óbito. Hang também confirmou que a mãe foi submetida a remédios e terapias ineficazes.
Por Guilherme Balza, 
GloboNews e g1 SP

O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, sabia, pelo menos desde 11 de abril, que a Covid-19 não constava no atestado de óbito de sua mãe, morta em 4 de fevereiro. Em abril, a GloboNews questionou a assessoria de imprensa do empresário sobre o motivo da ausência da Covid-19 na certidão de óbito. Regina Hang, de 82 anos, morreu após complicações relacionadas ao coronavírus. Hang disse à CPI da Covid na quarta-feira (29), no entanto, que soube pela comissão que a Prevent Senior omitiu a Covid no atestado da mãe. Em abril, ao ser questionada pela GloboNews sobre qual o motivo da ausência de Covid na declaração de óbito, a equipe de Hang respondeu: "A causa do óbito foram complicações de suas múltiplas comorbidades e uma infecção bacteriana. Quando ela faleceu, já havia sido curada", diz a mensagem enviada pelo Whatsapp, em abril.

Durante seu depoimento à CPI, ao ser questionado pelo senador Omar Aziz sobre Liliani Bento, funcionária que enviou a mensagem à GloboNews, Hang disse que não a conhece. Aziz, porém, se enganou ao citar o cargo da funcionária e se referiu a ela como se fosse secretária da empresa, e não assessora de imprensa, a função correta. Hang afirmou que ela não é sua secretária. Liliani aparece no site da Havan como assessora de imprensa da empresa.

Na quarta, o empresário disse aos parlamentares que a operadora de saúde forneceu um segundo documento. Segundo ele, esse segundo documento, sim, mencionava a Covid. "Fiquei sabendo através da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foi pego. E que lá no atestado de óbito não constava Covid. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito", declarou Hang. Em seguida, o empresário afirmou ter sido informado pela Prevent Senior que houve um erro do médico plantonista que atendeu à mãe do empresário. "Segundo eles, quem preencheu o atestado de óbito foi o plantonista. No dia seguinte, a comissão de controle de infecção hospitalar viu o erro do plantonista," declarou.

Em maio de 2020, o Ministério da Saúde lançou uma cartilha que orienta a codificação das causas de morte no contexto da Covid-19. No documento, a pasta cita casos clínicos de pacientes que foram admitidos no hospital com Covid-19 e tiveram, posteriormente, complicações da doença. Nesses casos, a orientação é para que as complicações sejam anotadas antes do diagnóstico de Covid, e que sejam consideradas condições que ocorreram “devido ou como consequência de” Covid-19.

Hang foi convocado a prestar depoimento sobre as suspeitas de que financiou a disseminação de fake news, principalmente sobre tratamentos ineficazes contra a Covid, o que o empresário nega.

Quem é Luciano Hang
No último dia 22, também em depoimento à CPI, o diretor-executivo da Prevent, Pedro Benedito Batista Junior, foi questionado sobre a mãe de Luciano Hang e respondeu que não tinha autorização para falar de pacientes. O diretor admitiu, no entanto, que a operadora alterou o prontuário de pacientes com Covid para excluir o diagnóstico dos registros, mas que isso seria somente para saber quem já não estava mais com a doença. A empresa nega.

Drogas ineficazes
Ainda no depoimento, Hang disse que a mãe foi diagnosticada com Covid no dia 28 de dezembro de 2020. Segundo ele, médicos foram chamados e começaram a medicá-la com remédios que compõem o chamado "kit Covid" e que são comprovadamente ineficazes. Hang, assim como o presidente Jair Bolsonaro e aliados, defende desde o início da pandemia o uso de remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid. A CPI investiga o quanto a defesa dessas medicações pelo presidente prejudicou o combate à pandemia no país. O empresário disse que também autorizou que os médicos da Prevent Senior adotassem terapias ineficazes no tratamento da mãe dele, como ozonioterapia. "Ofereceram ozonioterapia e eu aceitei [...]. Coloquei nas mãos dos médicos. Autorizei a Prevent a fazer tudo que estivesse disponível para salvar minha mãe. Autonomia médica dá liberdade para que o médico prescreva", afirmou.

Durante o depoimento, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou o atestado de óbito que informou seis causas da morte da mãe de Hang, entre os quais pneumonia bacteriana e disfunção de múltiplos órgãos.

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