CPI da Covid ouve nesta quinta empresário bolsonarista Otávio Fakhoury.


Senadores suspeitam que Fakhoury financiou a divulgação de informações falsas sobre a 
pandemia. Empresário obteve no STF direito a ficar em silêncio para não se autoincriminar.

Por Gustavo Garcia 
e Marcela Mattos, g1 — Brasília

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve nesta quinta-feira (30) o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, suspeito de financiar a disseminação de informações falsas sobre a pandemia — na véspera, depôs à CPI Luciano Hang, outro empresário bolsonarista. Na quarta-feira (29), Fakhoury obteve no Supremo Tribunal Federal o direito a não responder a perguntas que possam incriminá-lo. Ele é vice-presidente do Instituto Força Brasil, entidade que tentou intermediar a negociação de vacinas contra Covid-19 entre a empresa Davatti e o Ministério da Saúde. Em agosto, a CPI ouviu o presidente da instituição, tenente-coronel Hélcio Bruno. Senadores suspeitam que o Instituto Força Brasil ajudou a propagar notícias falsas durante a pandemia da Covid-19. Atualmente, Fakhoury ocupa a presidência do diretório do PTB em São Paulo. Antes, foi tesoureiro do PSL em São Paulo – à época, o diretório era presidido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro.

O requerimento que pediu a convocação do empresário foi apresentado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A comissão passou a defender a convocação do empresário após o Supremo Tribunal Federal (STF) enviar à CPI o inquérito das fake news. De acordo com Randolfe Rodrigues, o inquérito “trouxe revelações muito fortes e materialidade" de possíveis irregularidades. “As fake news foram utilizadas para matar gente, para agravar a pandemia”, afirmou o senador. Randolfe também afirmou em seu requerimento que Fakhoury “foi identificado como o maior financiador dos canais de disseminação de notícias falsas, como o Instituto Força Brasil, Terça Livre e Brasil Paralelo”.

Atos antidemocráticos
O nome de Fakhoury também aparece no inquérito da Polícia Federal que investiga os responsáveis por atos antidemocráticos realizados no ano passado. Investigadores encontraram documentos sobre a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro em 2018. O material indica que Fakhoury financiou quase R$ 50.000,00 em material para campanha. Os gastos não constam na declaração à Justiça Eleitoral. Os investigadores apreenderam com o empresário, segundo o relatório, notas fiscais de duas gráficas que imprimiram milhares de adesivos e panfletos. A PF ainda diz no documento ter localizado uma mensagem do empresário oferecendo apoio a atos antidemocráticos.

Em 21 de fevereiro do ano passado, Fakhoury disse: "Eu vou, vou ajudar a pagar o máximo de caminhões que puder. Convocarei todos que eu conhecer! Não vou deixar esses canalhas derrubarem esse governo". A Polícia Federal também encontrou uma troca de mensagens entre o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, e o empresário Otávio Fakhoury. Nas mensagens, eles discutem uma proposta para dissolver o STF e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). O empresário sugere "uma saída plebiscitária". De acordo com os documentos, a ideia foi discutida por advogados e empresários aliados do presidente Jair Bolsonaro. Uma das alternativas debatidas era a edição de uma medida provisória para garantir ao Executivo exclusividade para submeter temas a um referendo popular. Fakhoury reconhece dificuldades para a cassação dos ministros e fala na necessidade de apoio popular e das Forças Armadas. Propor a dissolução do STF, mesmo que por plebiscito, é inconstitucional.

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