segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Com mais de 80% da população totalmente imunizada, Portugal suspende uso obrigatório de máscara em locais abertos.


Exigência permanece apenas para locais fechados, mas com uso recomendado 
em situações específicas, como aglomerações, e para pessoas vulneráveis.

Thayz Guimarães

Portugal suspendeu nesta segunda-feira o uso obrigatório de máscara em locais abertos, mantendo a exigência apenas para lugares fechados e recomendando seu uso em situações específicas, como aglomerações, e para pessoas vulneráveis. A medida vem num momento em que mais de 80% da população do país europeu já foi completamente imunizada contra a Covid-19, a mais alta taxa do mundo, segundo dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford. Reino Unido, Dinamarca e outros países da Europa também já anunciaram mudanças, diante do avanço da vacinação. O uso obrigatório de máscaras estava em vigor desde 28 de outubro de 2020, e vinha sendo sucessivamente renovado pelo Parlamento, que não o fez desta vez devido à queda expressiva do número de casos e de mortes — apesar da presença da variante Delta, mais contagiosa — e ao avanço da campanha de vacinação. A imunização em Portugal se destaca mesmo entre os países da União Europeia, hoje com algumas das melhores respostas globais no combate à pandemia.

A orientação divulgada nesta segunda pela Direção Geral da Saúde (DGS), no entanto, recomenda o uso de máscara em locais externos “quando é previsível a ocorrência de aglomerados populacionais ou sempre que não seja possível manter o distanciamento físico recomendado”. Diz também que continua sendo obrigatório o uso de máscara por pessoas “com sintomas sugestivos” da doença e aquelas consideradas “contato de um caso confirmado de Covid-19”A DGS recomenda ainda a utilização da máscara na rua por “pessoas mais vulneráveis", com doenças crônicas ou imunodeprimidas, sempre que “circulem fora do local de residência ou permanência habitual”.

Nas escolas, onde é difícil manter o distanciamento entre crianças pequenas, o uso da proteção facial continua sendo recomendado para alunos entre 6 e 10 anos ou que estejam no 1º ciclo, independentemente da idade, mas a DGS alerta que os pequenos precisam receber treinamento para o uso da máscara e que “seja garantida a supervisão por um adulto”. Em Portugal, a vacinação ocorre a partir dos 12 anos. Portugal não é o primeiro país a flexibilizar a obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços públicos e mesmo fechados.

No Reino Unido, o uso de máscara já é facultativo desde o início de julho, quando 48% da população já haviam sido imunizados com as duas doses e 66% com uma — agora, esses números subiram para 64,5% e 71%, respectivamente. A Dinamarca suspendeu a obrigatoriedade em todos os lugares em agosto, e revogou a última restrição imposta para combater a pandemia da Covid-19 no país na semana passada, quando chegou a 73,8% de pessoas totalmente imunizadas. A desobrigação do uso de máscara ao ar livre também vem sendo aplicada por outros países da UE, como França, Itália e Espanha, desde junho. Mais de 75% dos espanhóis já completaram o ciclo vacinal, enquanto a taxa dos franceses e italianos passa dos 60%.

Já em Israel, onde a obrigatoriedade de usar proteção em lugares fechados havia sido suspensa em 15 de junho, e ao ar livre em abril, o governo voltou a impor o uso de máscara em locais públicos fechados, depois que o número de contágios voltou a subir, no final de junho, mesmo com mais da metade da população completamente vacinada.

No final de julho, da mesma forma, os EUA precisaram recuar da decisão tomada dois meses antes de liberar seus habitantes do uso de máscara em espaços abertos, após a variante Delta mais do que quadruplicar o número de casos diários em poucas semanas, à medida que a procura por postos de vacinação também começou a cair. Até o momento, pouco mais de 53% dos americanos foram totalmente vacinados, e o país registra uma média móvel superior a 144 mil novos casos por dia.

A questão é motivo de controvérsia no Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro defendendo abertamente a não obrigatoriedade do uso de máscara — ele próprio não costuma aparecer em eventos públicos utilizando proteção facial — e pressionando o Ministério da Saúde para que se manifeste nesse sentido, apesar do atraso do país na aplicação da segunda dose, que até o momento alcançou apenas 34% da população, contra 66,4% que receberam ao menos uma dose. Num aceno ao Palácio do Planalto, o ministro Marcelo Queiroga chegou a defender o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras no final de agosto, mas recuou ao afirmar que a medida deve ser adotada só em ambientes ao ar livre “em um curto espaço de tempo”.

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