'Não queria que nossa história acabasse pelas mãos do Talibã', diz afegã de grupo de robótica feminino que escapou do Afeganistão.


Parte da equipe formada apenas por garotas desembarcou no México nesta semana. 
As jovens estudantes deixaram casa, família e amigos para trás, em busca de um sonho.

Por G1

A jovem Saghar, de 17 anos, abandonou sua casa, família e amigos no Afeganistão para fugir do Talibã, que voltou ao poder após o fim das duas décadas de ocupação americana. Ela é uma das cinco garotas da equipe feminina de robótica que deixou o país na semana passada com medo da perseguição do regime extremista. “Eu não queria que nossa história acabasse pelas mãos do Talibã”, disse Saghar em entrevista à Associated Press. Seu sobrenome foi preservado para proteger a família que segue no Afeganistão. “Nós queríamos continuar nosso caminho, seguir com nossas conquistas e realizar nossos sonhos", disse a jovem. "Foi por isso que decidimos deixar o Afeganistão e ir para um lugar seguro.”

Na terça-feira (24), Saghar e mais três companheiras de equipe desembarcaram no México, onde receberam refúgio temporário, após passar por ao menos seis países. Outra parte da equipe que ficou conhecida como Afghan Dreamers segue no Catar, para onde todas fugiram na semana passada em um dos voos de retirada organizados pelo exército americano. A preocupação das garotas agora é de tentar a ajudar familiares que continuam no país a conseguirem sair em um dos poucos voos que ainda restam até a data limite de 31 de agosto. "Muitas pessoas estão indo embora, mas ainda existem meninas que têm sonhos, pessoas que têm sonhos, e queremos que os países ao redor do mundo ajudem o Afeganistão", afirmou a estudante.

Mulheres sob o Talibã
Desde seu retorno ao poder, no dia 15 de agosto, o Talibã tenta convencer a população e a comunidade internacional de que mudou e que o novo governo será menos brutal do que quando comandou o país pela primeira vez, entre 1996 e 2001. Na época, o Talibã adotava uma visão extremamente rigorosa da lei islâmica (Sharia) e impunha restrições sobretudo às mulheres, que eram impedidas de trabalhar e estudar. No entanto, já há relatos de mulheres sendo proibidas de acompanhar aulas e de trabalhar. As estudantes da equipe de robótica receberam prêmios internacionais e, mais recentemente, foram destacadas pela revista Forbes após criarem um respirador para o tratamento de pacientes com Covid-19.

“A situação fora de nossas casas era de risco real", disse Saghar. "Especialmente para nossa equipe que tem um perfil, um status, que não é algo que defende o regime talibã." Inicialmente, o governo mexicano concedeu uma autorização temporária para as jovens ficarem ao menos seis meses no país. No entanto, a secretária assistente de Relações Exteriores Martha Delgado afirmou que serão elas – as jovens – que poderão decidir se quiserem ficar por mais tempo.

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