Centrão, que virou poder para manter a cabeça de Bolsonaro, agora a ameaça.


Thaís Oyama
Colunista do UOL

Faz menos de um ano que Jair Bolsonaro sentiu a chapa esquentar e decidiu pular no colo do Centrão para manter-se na cadeira de presidente. A saída de Sérgio Moro do ministério da Justiça havia deflagrado a maior crise do governo, agravada pouco depois pela demissão de Luiz Henrique Mandetta da pasta da Saúde e as primeiras declarações de Bolsonaro contra as medidas de combate à pandemia de coronavírus.

O ronco do impeachment começava a ser ouvido nas ruas.
Jair Bolsonaro, então, decidiu que, mais do que aliados de primeira hora na Câmara, precisava de políticos profissionais dispostos a preservar sua cabeça no Congresso em troca de um pouco mais do que carinho. Assim, para dar lugar aos novos amigos da velha política, o ex-capitão desferiu um cordial pé no traseiro de fieis escudeiros como Daniel Silveira, Carla Zambelli, Bia Kicis, Carolina de Toni e Carlos Jordy. Integrantes do PSL, foram todos convidados a ceder seus cargos na vice-liderança da Câmara em nome da aliança política do presidente. O então líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, também entrou no pacote. No lugar do disciplinado major que Bolsonaro havia colocado no posto com a declarada intenção de evitar avanços pouco republicanos de parlamentares sobre as burras do governo, entrou o hoje célebre deputado do Progressistas, Ricardo Barros - o mesmo que Bolsonaro sugeriu aos irmãos Miranda ser reincidente em práticas de baixo calão, mas que nem por isso tirou do cargo ou pediu que fosse investigado. Em termos legais, esse tipo de omissão recebe o nome de prevaricação, crime que, no caso de um presidente da República, pode levar à perda de mandato.

Bolsonaro adotou as práticas da velha política para preservar a cabeça. Agora, as práticas da velha política ameaçam ser a sua guilhotina.

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