OMS pode aprovar uso da CoronaVac.


Órgão deve divulgar nesta semana relatório técnico sobre aplicação emergencial da vacina.
Por Assis Moreira — De Genebra

A Organização Mundial da Saúde (OMS) poderá dar nesta semana o sinal verde para uso emergencial da vacina chinesa CoronaVac, o que significará um endosso internacional crucial para o medicamento. Mas será preciso aguardar para ver a que ponto isso facilitará a entrada de turistas brasileiros na Europa, por exemplo. A diretora-geral assistente da OMS, Mariângela Simão, confirmou que o grupo de especialistas que autoriza e recomenda as vacinas se reúne amanhã e examinará novos dados recebidos da China na semana passada. Ao Valor, Mariângela disse que o relatório técnico com as recomendações poderá ser divulgado na quarta ou quinta-feira. A expectativa entre especialistas é de endosso da OMS à segunda vacina chinesa. No começo do mês, o imunizante produzido pelo laboratório estatal Sinopharm já recebeu o sinal verde para uso emergencial.

O Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas e Vacinação (Sage, na sigla em inglês) preparou relatório no começo do mês após ter examinado estudos de ensaios clínicos da fase 3 na China, Brasil, Indonésia, Turquia e Chile. A conclusão do Sage foi de “alto nível de confiança’’ de que duas doses da CoronaVac são efetivas para prevenir covid-19 em adultos (18-59 anos). E de “moderado nível de confiança’’ de que o risco de sérios efeitos adversos era baixo após uma ou duas doses da vacina.

Também manifestou “moderado nível de confiança’’ de que duas doses são eficazes para prevenir covid-19 em pessoas acima de 60 anos. Mas apontou “baixo nível de confiança’’ na qualidade de evidência de que o risco de sérios efeitos adversos era baixo após o uso da vacina. Nesse contexto, foram solicitados aos chineses novos dados. O grupo nota que a CoronaVac já foi autorizada em 32 países para uso em adultos a partir de 18 anos, com variação na idade indicada, e 260 milhões de doses tinham sido distribuídas na China e no exterior.

Um sinal verde da OMS à CoronaVac poderá, em tese, ajudar a ampliar a distribuição de vacinas para os países em desenvolvimento através do Covax, o mecanismo global para acesso equitativo à doses. Ocorre que, embora a China seja o maior produtor mundial de vacina contra covid-19 atualmente, o fornecimento para o exterior é apertado porque precisa continuar a imunizar sua própria população.

O Covax só entregará 27% das doses previstas no primeiro semestre deste ano, pelas projeções da consultoria de saúde Airfinity. É que 64% de seu fornecimento entre janeiro e junho era esperado vir da Índia, mas esse país proibiu exportações. Covax buscou agora doses junto à J&J, Novavax, Moderna e Sanofi/GSK, criando um maior portfólio de exportação mais para o segundo semestre, dependendo da aprovação dessas vacinas pela OMS. Adicionalmente, vários países se comprometeram a doar doses diretamente ao Covax.

A União Europeia (UE) introduzirá em julho novas regras para permitir a entrada nos 27 países membros a turistas originários de países que já receberam as doses necessárias de vacinas anti-covid aprovadas no bloco europeu - Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Jannsen - e também das vacinas com homologação na OMS, como deverá ser o caso da CoronaVac, a vacina mais usada no Brasil até agora. No entanto, a retomada de viagens para a União Europeia depende também da situação epidemiológica do país do visitante. E o Brasil continua a ter um elevado nível de infecções e de mortes. Para certas fontes, é possível que o temor da variante brasileira faça com que o brasileiro, mesmo com o certificado sanitário, ainda seja submetido a teste e quarentena para fazer turismo na Europa. A situação não será facilitada agora com a descoberta da variante indiana em alguns locais no país.

Ontem o Brasil registrou 41.705 novos casos e 950 novas mortes por covid-19, de acordo com boletim do consórcio dos veículos de imprensa. O país, assim, chega a 462.092 óbitos e a 16.512.714 pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia, no ano passado. A Bahia não atualizou o número de casos de covid-19 e nem Roraima atualizou o de mortos.

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