Relatório da FAB conclui que falha de manutenção levou à queda de helicóptero que matou Boechat.

 
Piloto também tomou atitudes erradas ao tentar pouso na Rodovia Anhanguera, em SP, diz o documento. 
Peças do helicóptero estavam desgastadas e apresentavam falhas. Acidente ocorreu em fevereiro de 2019.

Por Tahiane Stochero, G1 SP — São Paulo

Uma série de falhas de manutenção levou à queda do helicóptero que transportava o jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, em fevereiro de 2019. É o que aponta um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB, divulgado nesta quinta-feira (29). No acidente, morreu também o piloto Ronaldo Quattrucci, de 56 anos. O profissional, segundo o Cenipa, tomou atitudes consideradas erradas durante a operação do helicóptero. De acordo com o relatório, ele não verificou se os instrumentos de bordo estavam funcionando perfeitamente. Suas atitudes durante o voo também contribuíram para o acidente, segundo a FAB. O helicóptero caiu na Rodovia Anhanguera, no Rodoanel, em São Paulo, e bateu na parte dianteira de um caminhão que transitava pela via no dia 11 de fevereiro de 2019.

Veja fatores que contribuíram para o acidente, segundo o Cenipa:
Manutenção da aeronave
Atitude do piloto
Cultura organizacional da empresa do piloto (que era dono do helicóptero também)
Indisciplina de voo do piloto
Julgamento de pilotagem do comandante
Processo decisório na hora da tragédia

O documento aponta, em especial, falhas no compressor da aeronave, que não teve nenhuma atualização ou troca completa desde 1988. O compressor estava com peças vencidas no momento do acidente. O tubo de distribuição de óleo da aeronave também "estava com o calendário de troca excedido várias vezes", segundo o Cenipa.

O piloto conseguiu a aprovação técnica pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em 9 de agosto de 2017. "Não foi encontrado nem foi apresentado nenhum registro de revisão geral do compressor desde 1988", apontou o Cenipa. A investigação entendeu que "houve ineficiência, por parte do operador (o piloto), quanto da organização de manutenção, no acompanhamento e na execução dos processos de manutenção" do helicóptero. Outros fatores que contribuíram para o acidente foram o desgaste anormal de algumas peças — o que levou à sobrecarga da aeronave e ao rompimento do eixo de ligação do rotor da cauda no momento da queda —, e a indisciplina por parte do comandante, que, segundo a FAB, realizou um voo de táxi aéreo sem ter autorização operacional para isso. Tanto o piloto quanto o helicóptero não estavam autorizados a fazer voos de táxi aéreo (quando há o pagamento pelo trajeto).

Carreira
Filho de diplomata, Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires, na Argentina. O jornalista era apresentador do Jornal da Band, da rádio BandNews FM e colunista da revista "IstoÉ" quando morreu no acidente aéreo. Ao longo de 49 anos de carreira, iniciada no começo da década de 1970, Boechat escreveu em jornais como "Diário de Notícias", "O Globo", "Jornal do Brasil", "O Estado de S. Paulo" e "O Dia".

De 1990 a 2001, Boechat fez parte da equipe do "Bom Dia Brasil", da TV Globo, com uma coluna diária marcada pelo seu humor ácido e pela sua irreverência. Na emissora, ele também esteve no "Jornal da Globo". Foi ainda diretor de jornalismo da Band e teve passagem pelo SBT. Boechat ganhou três vezes o Prêmio Esso, um dos principais do jornalismo brasileiro.

https://g1.globo.com

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