Termina votação na Argentina; imprensa local aponta tendência de vantagem de Alberto Fernández.

Eleição teve comparecimento de mais de 80%. Projeções dão vantagem ao desafiante 
peronista Alberto Fernández, mas dados oficiais só começam a sair a partir das 21:00h.


Por G1

A votação nas eleições gerais da Argentina foi encerrada às 18:00h deste domingo (27). Projeção de tendências divulgada pela rede de TV Todonoticias aponta que o peronista Alberto Fernández tem vantagem em todo o país. De acordo com a emissora, ele teria cerca de 50% dos votos, contra cerca de 36% de Mauricio Macri, o que significa que o peronista pode vencer já no primeiro turno, frustrando a esperança de reeleição do liberal Mauricio Macri. Pelas regras eleitorais do país, o primeiro colocado será eleito se tiver 45% dos votos ou, então, 40%, desde que tenha 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado. Os primeiros dados oficiais são esperados para as 21:00h.

O diário "El Clarín" diz que fontes de ambas as campanhas concordam que Fernández deve se impor claramente na eleição, mas que no entorno de Macri não se descarte que possa haver um segundo turno. Houve um comparecimento superior a 80% do eleitorado, segundo o governo. Já antes da divulgação da projeção na televisão, Macri pediu cautela com esse tipo de dado. "É preciso esperar até as 21:00h com a maior tranquilidade possível. Atualmente se está sempre mais ansioso, mas precisa esperar até a noite. A boca-de-urna não tem rigor científico e não pode ser levada em consideração. Espere até as 21:00h e, se o resultado for uniforme, é preciso esperar muito mais ", insistiu Macri. Por volta das 20:00h, enquanto na sede da campanha de Macri o clima é de apreensão e expectativa de ainda se chegar a um segundo turno, os simpatizantes de Fernández festejam em Buenos Aires no local onde esperam que, mais tarde, ele e Cristina Kirchner discursem.

Crise
Os argentinos escolhem o próximo governo que tem o desafio de superar a grave crise econômica em que seu país se encontra atualmente. Já desde agosto estava claro que o presidente atual, Mauricio Macri, que tenta a reeleição, teria dificuldade de reverter o resultado das primárias de 11 de agosto, em que ficou em segundo com 32,93% dos votos, a quase 17 pontos do adversário Alberto Fernández (49,49%).


Fernández nunca concorreu a um cargo majoritário. Ele é um dirigente peronista, a principal corrente política do país e foi escolhido pela ex-presidente Cristina Kirchner para liderar a chapa, ela será sua vice se o resultado das projeções se confirmar. A diferença a favor do peronista foi aumentando em relação aos resultados das primárias, de acordo com as pesquisas. Os dois votaram na manhã deste domingo. "Acho que vai ter mais participação do que nunca, pelo menos em várias décadas", disse Macri. "É um dia de alegria. Cada vez que se vota reafirmamos nossa vocação democrática", comentou Fernández.

País dividido
Quem for eleito governará um país dividido. Para muitos argentinos, o retorno do peronismo de Kirchner é uma catástrofe. Fernández já declarou durante a campanha: "Que os argentinos fiquem calmos, respeitaremos seus depósitos em dólares". Ele se referia ao fantasma do "corralito" durante a crise de 2001, quando os depósitos bancários foram retidos e os dólares convertidos em pesos, deixando os correntistas com muito menos em conta do que pensavam ter. Com décadas de inflação e desvalorizações cíclicas, os argentinos estão acostumados a se refugiar no dólar como forma de poupança. A moeda argentina desvalorizou 70% desde janeiro de 2018. Nos dias que antecedem as eleições, os mercados estão reaquecendo e a taxa de câmbio excede 63 pesos por dólar.

Em meados de 2018, no meio de uma corrida cambial, Macri foi ao Fundo Monetário Internacional, que concedeu a ele ajuda financeira de US$ 57.000.000.000,00 em três anos, em troca de um programa de forte ajuste fiscal, que jogou contra o presidente no momento da votação. Ainda falta a liberação de US$ 13.000.000.000,00, mas o FMI aguarda o resultado da eleição para negociar com quem for eleito.

Durante a campanha, Fernández propôs uma trégua de 180 dias para sindicatos e movimentos sociais para fazer descolar a indústria e assim o país retomar o crescimento econômico. Por outro lado, Macri, sob o lema "Sim, podemos", pediu um voto de confiança para continuar na linha de austeridade, que, ele argumentava, deveria dar frutos muito em breve. "Que as dificuldades não façam vocês duvidar de todas as coisas que já alcançamos, como queremos viver, não deixem que façam vocês abandonarem nossos sonhos", disse Macri na quarta-feira, encorajado depois de reunir uma multidão no sábado em um evento no centro de Buenos Aires.

Fernández e Macri praticamente monopolizaram este primeiro turno, para o qual 34 milhões de argentinos estão convocados. Os outros candidatos não somavam 15% no total das intenções de voto, sendo o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, o mais bem posicionado. Nessas eleições, metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado também serão renovados, além de eleger o governador da província de Buenos Aires e o prefeito da capital.

Resultado até meia-noite
Os resultados devem começar a ser divulgados às 21:00h deste domingo, e a expectativa é que até meia-noite cerca de 90% da apuração esteja completa. Nas prévias, a Justiça Eleitoral determinou que só se poderiam divulgar resultados quando houvesse ao menos 10% das urnas apuradas dos quatro maiores colégios eleitorais do país (a cidade de Buenos Aires e os estados de Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé). Também houve uma falha técnica nos sistemas, que, dizem as autoridades, foi resolvida.

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