Witzel cita 'genocídio' no RJ e diz que vai à ONU pedir punições a Paraguai, Bolívia e Colômbia.

Governador disse que fronteiras deveriam ser fechadas e que vai pedir sanções aos países vizinhos por venderem armas ao Brasil. Ele criticou a atuação da PF e do MPF: "estão neste momento em débito com a sociedade".


Por G1 Rio

O governador do RJ, Wilson Witzel, disse no domingo (29) que vai recorrer à ONU para combater a violência no RJ, que chamou de "genocídio". Em fala a jornalistas durante o Rock in Rio, ele afirmou que vai pedir sanções aos países vizinhos que vendem armas ao Brasil, como Paraguai, Bolívia e Colômbia. "Todas essas ações. Trabalhando para tirar as armas..., trabalhando agora junto às Nações Unidas..., levar realmente a causa do genocídio do Rio de Janeiro, que não é o governador", disse Witzel.

Witzel defendeu o fechamento de fronteiras e que a ONU deveria impor sanções aos países por venderem armas ao Brasil. "O próprio Conselho de Segurança da ONU pode tomar essa decisão: retaliar Paraguai, Bolívia e a Colômbia no que diz respeito às armas em si. Ou seja países que vendem armas para esses países têm que ser proibidos de fazê-lo sob pena de continuar esse massacre essa situação sangrenta que nós vivemos hoje nas comunidades do Rio de Janeiro. E fechar a fronteira." O governador disse que já está em contato para levar o pleito à ONU. "Eu já pedi para que nós entremos em contato agora nessa semana com o Conselho de Segurança da ONU para que eu possa expor o que está acontecendo no Rio de Janeiro e pedir providências junto a esses países", afirmou.


Especialista contesta discurso
O professor de Política Internacional da UERJ Paulo Velasco contestou a fala de Witzel e afirmou que a violência no RJ não pode ser classificada como genocídio e que o governo estadual não poderia fazer diretamente este pedido à ONU. Segundo ele, essa demanda caberia ao governo federal.

"É difícil caracterizar como genocídio o que acontece aqui. Ele como juiz federal deveria saber. Até para fazer concurso para juiz federal, uma das disciplinas é Direito Internacional", disse Velasco. "Existe uma definição dada pelo Direito Internacional para entender o que é genocídio. Uma definição aprovada em convenção da ONU em 1948. O genocídio é entendido como a violência com o objetivo de destruir no todo ou em parte grupos étnicos, raciais, religiosos. Então, tem que haver uma violência praticada deliberadamente contra um grupo com o objetivo de destruí-los." "Não tem (condição de pedir diretamente ao Conselho de Segurança da ONU). Quem tem representação na ONU é o estado brasileiro. Caso o estado do Rio de Janeiro estivesse em uma situação de violência extrema e quisesse algum tipo de interação com a ONU teria que ser feito via governo federal", explica Velasco. "Muito embora exista a paradiplomacia, as unidades da federação terem atividades internacionais, isso é mais para acordos culturais, questões comerciais. Nunca para questões que digam respeito a paz e a segurança, muito menos a interação direta com o Conselho de Segurança."

Crítica à atuação federal na segurança
Witzel falou de forma incisiva contra a atuação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no combate ao tráfico de armas e drogas. "Será que eu estou falando em outra língua? Eu fui juiz federal durante 17 anos. Quem investiga o tráfico de armas e de drogas é a Polícia Federal. É o Ministério Público Federal. Então eles estão neste momento em débito com a sociedade. É preciso explicar, mostrar os números, os promotores federais têm que vir a público para dizer o que eles estão fazendo para impedir que essa quantidade de armas chegue ao Rio de Janeiro."

Caso Ágatha
Em seu discurso, Witzel repetiu que o Rio de Janeiro é a segunda capital mais segura do Brasil e criticou a imprensa por só mostrar o lado negativo da cidade. Ele rechaçou críticas de que adote uma política de confronto, que promova a violência. "Eu não quero celebrar a morte de ninguém. Muito pelo contrário, nós queremos celebrar a vida e exatamente para que a vida seja celebrada é que nós vamos ter que agir de forma muito rigorosa contra o tráfico de armas e drogas no nosso estado no Brasil", disse.

Questionado sobre o protesto da cantora Lellê, que lembrou a morte da menina Ágatha e da vereadora Marielle Franco no primeiro dia de Rock in Rio, Witzel afirmou que estão "fazendo palanque" com a morte de uma criança e que "quem embarca na história está falando contra quem está fazendo um bom trabalho". "Querer fazer palanque de uma criança ou quem quer que seja um palco político, isso para a oposição é uma indecência. E quem embarca nessa história..., nós temos que respeitar a diversidade, mas quem embarca nessa história está dando eco a uma política perversa contra algo que está sendo bem feito."

O G1 entrou em contato com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, mas até o momento não teve resposta.

https://g1.globo.com

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mal silencioso: Veja 10 mandamentos para enfrentar a hipertensão

29 de janeiro de 1975: O assassinato do Bandido Lúcio Flávio