Funcionária da prefeitura é suspeita de usar o cargo para beneficiar milicianos.


Letícia Champion Ballalai Cancella é da Secretaria de Fazenda e estaria usando 
o sistema do município para legalizar terrenos da milícia que age na Zona Oeste.


Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) investigam se a funcionária pública Letícia Champion Ballalai Cancella, usa o cargo para beneficiar a milícia que atua em diversos bairros da Zona Oeste do Rio. O marido da servidora, Bruno Pupe Cancella, foi preso na manhã desta terça-feira, durante uma operação contra pessoas que investem na construção irregular de imóveis de milicianos na região. Letícia é lotada na Secretaria Municipal de Fazenda. Os investigadores querem saber se ela chegou a usar dados da Prefeitura do Rio para legalizar os terrenos usados nos empreendimentos dos milicianos. O MPRJ chegou a pedir a prisão da mulher na operação de hoje, mas a Justiça negou. O marido movimentou cerca de R$ 25.000.000,00 em obras da milícia, em apenas quatro anos.

Concursada, Letícia está na prefeitura desde janeiro de 2006. Sua função na Secretaria de Fazenda é agente de trabalho de engenharia. Com gratificações e demais benefícios, ela recebe um salário mensal de mais de R$ 2.000,00 por mês. Procurada pelo DIA, a Secretaria de Fazenda disse que não sabe o que faz um agente de trabalho de engenharia.


OPERAÇÃO MUZEMA
A operação de hoje é contra empresários, investidores e corretores envolvidos em construções irregulares na Muzema, Gardênia Azul, Rio das Pedras e Anil. Batizada de Operação Muzema, a ação cumpre 17 mandados de prisão em diversos endereços da Zona Oeste do Rio, dentre eles contra o marido de Letícia, um dos principais alvos dos agentes. De acordo com as investigações, a quadrilha alvo da operação investe na construção e venda de imóveis, shoppings, salas comerciais e até ruas inteiras em áreas dominadas por milicianos. Os investigados dão suporte financeiro, investindo milhões nos projetos para que os prédios sejam erguidos. Desde 2014, eles teriam construído uma área equivalente a 7 mil metros quadrados

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