A longa espera dos moradores do Rio pela volta dos teleféricos
Estado e município não têm previsão de retomar serviços
no Alemão e na Providência, parados há anos.
Por LUIZ PORTILHO
Rio - Em 2011, a moradora de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, C., de 24 anos, comemorou a inauguração do teleférico no Complexo do Alemão: a partir daquele momento, ela poderia visitar facilmente sua melhor amiga, que mora no Morro das Palmeiras, uma das localidades do complexo que ganhou uma estação do bondinho. Desde 2016, no entanto, esse presente do Estado se transformou em frustração, já que o serviço de transporte foi interrompido. Atualmente é praticamente impossível para a jovem chegar ao local, ainda mais com o carrinho de bebê do filho pequeno. "Eu preciso pegar um ônibus, descer no pé do morro e depois pegar um mototáxi", conta. O caso de C. se multiplica pela Cidade do Rio, com moradores que dependem de teleféricos, bondes e plano inclinado para ir e vir do trabalho, fazer compras e ter vida social, mas estão literalmente abandonados no meio do caminho.
O teleférico do Alemão custou R$ 253.000.000,00 aos cofres públicos, mas em outubro de 2016 parou de funcionar porque o consórcio RioTeleféricos rompeu o contrato alegando falta de pagamento por parte do governo estadual. Em maio, o governo do estado criou um grupo de trabalho, envolvendo diversas secretarias e moradores, para avaliar o retorno do transporte. Segundo a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans), já foram realizadas inspeções nas seis estações do teleférico (Bonsucesso, Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeiras). Agora, a Setrans aguarda o parecer da assessoria jurídica do governo com relação ao contrato com a RioTeleféricos. Somente após isso será possível definir a retomada dos serviços.
Sem transporte e empregos
Na região do Centro, a falta do teleférico no Morro da Providência também está afetando a vida de moradores. O sistema, que custou R$ 75.000.000,00, começou a operar em julho de 2014, mas parou de funcionar em dezembro de 2016, quando o contrato de operação se encerrou. O fim do serviço não só prejudicou o direito de ir e vir das pessoas como também causou desemprego.
"Moradores da comunidade eram funcionários do teleférico. Com o fim do funcionamento, eles perderam o emprego", diz o guia de turismo Cosme Felippsen, 29 anos, que mora na Providência. Ele ainda criticou a motivação da obra: "Abriu na Copa do Mundo e parou de funcionar depois das Olimpíadas. Não foi uma obra pensada na mobilidade do morador, foi uma obra para turista ver".
A Prefeitura do Rio, através da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro, informa que lançará a licitação do teleférico da Providência assim que forem viabilizados os recursos para a manutenção, orçada em R$ 1.400.000,00 por mês, mas não há prazo definido para isso.
Já o plano inclinado no Morro Santa Marta, em Botafogo, funciona e atende os moradores, mas, segundo relatos ouvidos pelo DIA, a manutenção em dias úteis causa transtorno. "A manutenção ocorre segunda e terça-feira, durante o dia. Onde já se viu isso? A minha mãe, de 64 anos, precisa tratar o joelho. Ela vai, mas arrebenta o joelho de novo quando volta", reclama o guia local Thiago Firmino, 38 anos.
Através da Companhia Municipal de Energia e Iluminação (Rioluz), a prefeitura afirma que as ações de manutenção do plano inclinado do Santa Marta "ocorrem no período de menor rotatividade diurna devido às condições técnicas e de iluminação". Além disso, afirma que "essa interrupção do serviço é necessária para assegurar a integridade das equipes e usuários do equipamento".
odia.ig.com.br
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