Ônibus com garrafas pet e latinha no lugar da campainha não poderia estar nas ruas.





Geraldo Ribeiro

Passageiros do ônibus de número de ordem D87301, da linha 771 (Campo Grande—Coelho Neto), da empresa Pégaso, tinham duas opções para alertar o motorista de que estava perto do ponto de descida. A primeira era no grito. A segunda, puxando a cordinha da campainha, mas, nesse caso, em vez do som característico, ouvia-se o chacoalhar de duas garrafas pet e uma latinha de refrigerante vazias. Pelo menos era assim até sábado, quando o passageiro Leandro Silva, de 34 anos, flagrou a engenhoca em vídeo postado na internet. As imagens mostram as garrafas e a latinha amarradas à cordinha da campainha, atrás da cadeira do motorista. Assim, quando o passageiro acionava a cigarra defeituosa, os penduricalhos batiam na barra metálica do veículo fazendo barulho e chamando atenção do motorista.

A situação curiosa e que chamou a atenção do passageiro — ele fez ainda imagens de outro veículo da mesma empresa, mas da linha 770, com problemas de conservação —, consegue ser ainda pior. Segundo a Secretaria municipal de Transportes, nenhum dos dois ônibus poderia estar nas ruas. Ambos estão com a permissão suspensa desde 2016, pela falta de vistoria. Em casos assim, o consórcio é multado e o veículo, lacrado. A multa é de 520 Ufir-RJ (cerca de R$ 1.700,00). — Achava que já tinha visto de tudo, mas essa é inédita. A cigarra não está funcionando e improvisaram com garrafas e lata, para com isso, evitar a gritaria dos passageiros. Para isso que houve o aumento das passagens? — desabafou o morador de Campo Grande, se referindo ao reajuste de R$ 3,60 para R$ 3,95, em vigor desde julho.

Pesquisa na internet mostra que uma campainha de ônibus custa em torno de R$ 50,00. No caso do carro da linha 770 —número de ordem D87305 —, da mesma empresa e que faz o mesmo itinerário, as imagens apontam outros problemas de conservação: falta de um dos faróis dianteiros, para-choque amarrado com corda, lataria amassada e pneus em mau estado. Uma pesquisa pela placa, no site do Detran, mostra que a última vistoria do veículo no órgão é de 2015.

A SMTR informou que uma equipe de fiscalização da secretaria irá à garagem verificar a situação da frota. Só esse ano, cada uma dessas linhas já foi autuada cinco vezes por má conservação. A Pégaso negou que tenha veículos circulando com garrafas pet e lata de refrigerante substituindo a campainha, mas não se manifestou sobre os outros problemas.

extra.globo.com

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