Baixa procura pela vacina da febre amarela deixa postos às moscas
Em apenas um dia de janeiro, 200.000 doses foram aplicadas no Rio. Na sexta, só 6.000 se vacinaram.
Rio - Quando os primeiros casos de febre amarela surgiram no Rio, no início do ano, o corre-corre aos postos de saúde para vacinação era tanto que longas filas se formavam diariamente. Unidades como o Centro Municipal de Saúde Dom Helder Câmara, em Botafogo, o Heitor Beltrão, na Tijuca, e Oswaldo Cruz, no Centro, receberam milhares de pessoas nas primeiras semanas de 2018. Mas, atualmente, quando o total de óbitos da doença só aumenta até ontem eram 42 os postos estão às moscas. Das 14 milhões de pessoas que deveriam se vacinar em todo o estado, apenas 9 milhões se imunizaram. Em 27 de janeiro, 200.874 doses foram aplicadas no município do Rio. Em 8 de fevereiro foram 21.664 vacinas. Já na última sexta-feira, apenas 6.098 pessoas foram a algum posto se vacinar. Até a tarde de ontem, pouco mais de 960 mil aplicações foram feitas.
Medo de reações da vacina
As secretarias de saúde do estado e do município acreditam que a queda na procura pela imunização seja pela resistência das pessoas às reações da vacina. A prefeitura do Rio fez um apelo e pediu aos cariocas que ainda não se vacinaram, compareçam a uma das 232 unidades o quanto antes.
No Centro Municipal Heitor Beltrão, na Tijuca, que já chegou a ter 1,5 mil pessoas em um dia na fila no mês de janeiro, ontem, ninguém tinha sido vacinado até 10:00h. Com alta procura antes do Carnaval, o Centro Dom Helder Câmara, em Botafogo, aplicou, só no dia 27 de janeiro, 2.224 doses. Menos de um mês depois, no dia 19 de fevereiro, apenas 133 pessoas estiveram no local em busca da proteção. Ontem, uma pequena fila, com pouco menos de dez pessoas, esperavam a abertura da unidade. "Como eu estou acima dos 60 anos, deixei as festas acabarem para eu procurar o meu médico e ele atestar que eu estou bem ara receber a vacina", disse a aposentada Ylda Florenço da Silva, de 72 anos.
Somando os anos anteriores, apenas 71% da população da cidade do Rio foi aos postos de saúde para se vacinar. A campanha de vacinação no município, que terminaria na véspera do Carnaval, foi prorrogada por tempo indeterminado. Para atrair mais a população em todo estado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) fará no sábado, um novo Dia D de vacinação contra a febre amarela. "Conseguimos mobilizar uma parcela importante da população. Hoje já temos 9 milhões. Agora o desafio é imunizar os outros 5 milhões que ainda não buscaram os postos de vacinação. Precisamos manter a população mobilizada e o dia D é uma estratégia importante para isso. Assim como aconteceu em janeiro, todos os postos de saúde estarão abertos, as 29 UPAs estaduais também vão vacinar e teremos tendas montadas pela SES nas principais cidades ampliando os pontos de vacinação", destacou o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Junior.
Em São João, disputa pela imunização
Enquanto na cidade do Rio a procura pela vacina é baixa, em todos os postos de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, as doses são disputadas por quem espera horas na fila. Ontem, no posto Anibal Viriato, além da demora, pacientes reclamavam da falta de profissionais para aplicar as doses. "Cheguei antes das 09:00h e são quase 10:30h e a fila não anda", contou a jornalista Caroline da Silva Lourenço, 25, que destacou a importância da vacinação. "Mesmo com a dose fracionada, acredito que as pessoas ficarão protegidas".
Segundo a Prefeitura de São João de Meriti, por dia são disponibilizadas 1,4 mil doses: 200 em cada uma das quatro unidades maiores e 50 nos 12 postos menores. Até ontem, mais de 40 mil vacinas foram aplicadas.
Estado do Rio tem 95 casos
Desde o início deste ano, o estado do Rio de Janeiro já contabiliza 95 casos de febre amarela, sendo 42 óbitos. Angra dos Reis, com 18 casos, continua no topo da lista com número maior de mortes: 10. O caso mais recente foi de um idoso, morador da Ilha Grande, que chegou a ser transferido para o Rio, mas não resistiu. As regiões de Teresópolis (13 casos) e Valença (18 casos) possuem 6 óbitos cada uma. Em Mangaratiba, que até sexta-feira não tinha registros de morte, ontem, passou a ter um caso.
odia.ig.com.br
Comentários
Postar um comentário