'El País': Para Arias, 'segredo de Lula' é ser tão bom político quanto psicólogo


Jornal do Brasil

A grande aprovação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo entre diversas ações da Justiça brasileira contra o petista, virou objeto de artigo de Juan Arias no jornal El País. "O segredo da imortalidade política de Lula talvez resida em ser tão bom psicólogo como político. Sua sensibilidade para conhecer os ângulos mais obscuros e as fraquezas dos outros não é fruto de estudos acadêmicos", pontua o jornalista espanhol. Para Arias, trata-se de um "dom" de Lula, desde que este ganhou destaque como "jovem líder sindicalista". "O jornalista José Nêumanne Pinto, autor do livro O Que Sei de Lula, e que o acompanhou dia após dia desde que começou a se sobressair no sindicato, narra uma característica que o revelava como alguém com grande olfato para saber o que as plateias às quais se dirigia gostavam de escutar. Começava a tratar de um tema e se via que não empolgava logo mudava de assunto, até encontrar algo que despertava os ouvintes, embora fosse o contrário do que havia começado a falar."

O jornalista pondera que talvez Lula não seja "o melhor estrategista do Brasil", pelo menos não no sentido acadêmico do termo, mas como "olfato político". "Como os cães de caça que rastreiam a presa, Lula sabe descobrir onde o sapato aperta nos outros e o que cada público deseja escutar, como fazia quando jovem sindicalista. Não importa que possa parecer contraditório, o importante é contentar todos ao mesmo tempo." "Lembro-me que quando ainda não conhecia bem esse lado psicológico natural de Lula fiquei surpreso um dia em que, já presidente, pela manhã falou em São Paulo a uma plateia de empresários que se queixavam da lentidão do Congresso em aprovar as leis. Lula entendeu e lhes disse: 'Não me tentem porque tenho um demônio que a cada vez que me levanto me pede: ‘Lula, feche o Congresso!’' É o que queriam escutar aqueles empresários. Coincidentemente, à tarde teve de falar no Congresso, que celebrava não recordo que aniversário de sua criação. Lula, que só aguentou um ano como deputado porque não gostava daquele ambiente, fez naquela tarde uma grande defesa do Parlamento como indispensável à democracia." O jornalista credita que Lula "nunca se dará por vencido nem jogará a toalha". "O final só o destino dirá."

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