Seis concentram renda de 100 milhões de pessoas.

Estudo traça retrato da desigualdade social no país. Pobre arca com mais tributos.


Kebler Cabral: estudo confirma a extrema desigualdade social no país.
MARTHA IMENES

Rio - Os pobres pagam mais impostos que os ricos, que representam 0,1% da população do país, aponta pesquisa da Oxfam Brasil, ONG que combate a desigualdade social. O Imposto de Renda, que está com a tabela defasada em 83%, é apontado como um dos principais fatores que contribui para que os mais afortunados paguem menos impostos. Por conta dessa disparidade seis bilionários brasileiros têm a mesma riqueza de 100 milhões de pessoas, conforme a publicação. A parcela mais pobre da população gasta 32% de tudo o que recebe em tributos, enquanto quem está no topo da pirâmide destina apenas 21% de sua renda para pagar impostos, segundo o relatório "A Distância que nos Une - Um Retrato das Desigualdades Brasileiras". De acordo com o ranking da revista Forbes deste ano,os maiores bilionários do país são:

Jorge Paulo Lemann (investidor), 
Joseph Safra (banqueiro), 
Marcel Herrmann Telles (investidor), 
Carlos Alberto Sicupira (investidor), 
Eduardo Saverin (co-fundador do Facebook) 
e Ermírio de Moraes (do Grupo Votorantim). 

Juntos, eles mantêm uma fortuna astronômica estimada em mais de R$ 280.000.000.000,00. "Gastando R$ 1.000.000,00 por dia, estes seis bilionários levariam, em média, 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio", acrescenta o estudo. Para o diretor técnico da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), Mauro Silva, toda renda de empresários é sobre lucros e dividendos e no Brasil esses valores não são tributáveis. "Para corrigir essa distorção, o governo deveria tributar o lucro que é distribuído aos sócios", avalia.

No Brasil, a população de renda mais baixa também é a que paga mais impostos indiretos (cobrados sobre produtos e serviços): 28% de tudo o que ganham os mais pobres é consumido para este fim, enquanto que os mais ricos desembolsam somente 10% do rendimento neste tipo de imposto. Os negros e as mulheres são os mais castigados por essa diferença, mostra o estudo, já que eles somam três de cada quatro brasileiros na faixa menos favorecida. Na outra ponta, os homens brancos são dois em cada três dos 10% mais ricos do Brasil.

Quem ganha 5 ou 320 pisos paga mesma alíquota de IR.
Quando se trata de IR o abismo é ainda maior. Quem ganha 320 salários mínimos (R$ 299.840,00) por mês paga a mesma alíquota de quem recebe cinco mínimos (R$ 4.685,00). Isso acontece porque a faixa para de crescer para quem ganha mais de 40 salários (R$ 37.480,00). "A razão de fundo é a alta tributação sobre o consumo de bens e serviços, que atinge os mais pobres, enquanto renda e patrimônio são menos afetados. Soma-se a isso desonerações, renúncias fiscais, não cobrança de IPVA sobre aeronaves e iates, Refis, que beneficiam os mais ricos. A tabela do IR congelada eleva mais a tributação sobre o assalariado", diz Kleber Cabral, presidente da Unafisco.

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