Empresário é alvo da 11ª fase da Operação Acrônimo
Benedito Oliveira, que é ligado a Fernando Pimentel, foi levado a depor.
Da TV Globo e da GloboNews, em Brasília
A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (27) a 11ª fase da Operação Acrônimo. Um dos alvos foi o empresário Benedito Oliveira, conhecido como Bené, que está em prisão domiciliar. Ele foi levado a depor por supostamente estar escondendo informações, mesmo após ter fechado acordo de delação premiada. Bené é investigado desde o início da Acrônimo, em 2015. A operação apura um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais, envolvendo o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que é suspeito de receber vantagens indevidas de Bené.
A ação desta quinta partiu de dois inquéritos. Um deles investiga o pagamento de propina para que a Agência Pepper elaborasse campanhas dos ministérios da Saúde, das Cidades e do Turismo entre 2011 e 2012. Em outro inquérito, a polícia apura uma fraude na Universidade Federal de Juiz de Fora. Ao justificar a condução coercitiva de Bené, o Ministério Público afirma que os investigadores inferiram que "possivelmente" o empresário "tenha ocultado alguns fatos criminosos" durante os depoimentos. A polícia desconfiou de contradições nas informações dele após ouvir, em delação premiada, a empresária Daniele Fonteles, da Agência Pepper, também investigada. Após a condução coercitiva, a defesa de Bené disse que ele “está prestando todas as informações necessárias e de seu conhecimento para a total elucidação dos fatos". A operação desta quinta-feira cumpriu 10 mandados de busca e apreensão e 10 de condução coercitiva no Distrito Federal e em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Outros investigados
Também foi alvo da 11ª fase da operação Marcier Trombieri, ex-chefe de comunicação do Ministério da Saúde. O G1 não havia conseguido contato com ele até a última atualização desta reportagem. A suspeita é que Bené intermediava facilidades para uma empresa de comunicação junto ao Ministério da Saúde. O contato de Bené no ministério, segundo as investigações, era Trombiere. Bené e Trombiere estavam no mesmo jatinho no qual, em 2014, a Polícia Federal apreendeu R$ 116.000,00. O caso ocorreu no aeroporto de Brasília e serviu de ponto de partida para as investigações da Acrônimo. As suspeitas relacionadas à Universidade Federal de Juiz de Fora são de fraude em uma licitação que foi vencida pela gráfica de Bené, de acordo com a PF. Posteriormente, segundo a polícia, o Ministério da Saúde usou a mesma ata de licitação fraudada.
Delação de empresária
No inquérito que baseia a operação desta quinta-feira, as autoridades anexaram o depoimento de Daniele Fonteles à Polícia Federal. A empresária relatou que Bené intermediava facilidades para a agência dela, Pepper, junto ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Cidades. O responsável pela comunicação dessas pastas era Marcier Trombiere, segundo ela, que disse ainda que o relacionamento entre Bené e Trombiere não tinha "vínculo oficial". Ela disse ainda que Bené a procurou em 2011 para oferecer uma campanha de combate à dengue, desenvolvida pelo Ministério da Saúde e coordenada por Trombiere. O valor proposto como contraprestação aos trabalhos da Pepper era de aproximadamente R$ 1.000.000,00. Na delação, a empresária diz que, desse valor, Bené ficou com 50% do lucro da Pepper, o que daria algo em torno de R$ 200.000,00. A empresária afirmou também que esquema parecido ocorreu em contratos com o Ministério do Turismo e com o das Cidades. No caso do Turismo, não havia participação de Marcier, segundo Daniele.
Ao pedir as buscas e conduções coercitivas, o Ministério Público justifica que a operação tem o objetivo de obter os elementos de prova narrados pela empresária que possam "materializar as hipóteses criminais ora apresentadas ou excluir a participação de determinados personagens". Além disso, diz o MPF, as informações prestadas por Danielle Fonteles precisam ser "devidamente validadas" para atestar a eficiência da colaboração, já que elá firmou acordo de delação premiada.
Acrônimo
A Operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais envolvendo gráficas e agências de comunicação. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é suspeito de ter usado os serviços de uma gráfica durante a campanha eleitoral de 2014 sem a devida declaração dos valores e de ter recebido "vantagens indevidas" do proprietário dessa gráfica, o empresário Benedito Oliveira. Pimentel vem negando as acusações desde que o início das investigações.
http://g1.globo.com/
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