‘A campanha está uma vergonha. Os candidatos estão descontrolados’, diz juiz.


O juiz Marcello Rubioli, do Tribunal Regional Eleitoral 
do Rio (TRE-RJ), é responsável pela fiscalização.
Marina Navarro Lins

O juiz Marcello Rubioli, responsável pela fiscalização de propaganda do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), classificou a campanha pela Prefeitura do Rio como “vergonhosa”. Ele contou que, no estado, foram feitos mais de 300 pedidos de direito de resposta em uma semana e que foram apreendidos mais de 1,5 milhão de unidades de materiais gráficos. Para ele, o alto índice de abstenções mostra que a população não está satisfeita com os “discursos vazios” dos competidores.

O senhor tem um balanço das apreensões de material gráfico no segundo turno?
Neste turno, começamos a apoiar também ações em outras cidades, como Caxias, Niterói, São Gonçalo, Belford Roxo e Nova Iguaçu. No total, foram apreendidos pelo menos um milhão e meio de exemplares e mais de 50 carros de som.

Quantos pedidos de resposta até agora?
Recebemos 300 processos de direito de resposta em propagandas de TV, rádio e internet. Em uma semana. Exemplos são a do Crivella cantando sobre o chute na santa e a da vinculação de Freixo com os black blocs. Os candidatos têm um prazo de 24 horas após a divulgação da inserção para propor a ação e eu tenho 72 horas para dar uma sentença. A propaganda gratuita vai até esta sexta-feira. Se tiver algum irregularidade nas inserções de sexta, posso conceder o direito de resposta no sábado.

Todas são irregulares?
Não. É irregular quando a propaganda veicula fatos que são sabidamente inverídicos ou que tendem a difamar e injuriar um dos candidatos. Se isso acontecer, ele (o candidato ofendido) pode se manifestar dentro da propaganda do outro.

Quantos eventos que seriam realizados pelos candidatos foram cancelados?
A lei proíbe a realização de qualquer tipo de propaganda em bens particulares de uso comum, como teatro, cinema, prédios públicos, faculdade pública ou privada. Mais de 15 eventos foram cancelados. A atuação é idêntica em ambos os lados.

O que o senhor está achando da campanha?
É vergonhosa, estou frustrado. Os candidatos diziam que tinham pouco tempo para apresentar as propostas, mas preferiram fazer uma campanha de baixo nível, de lavação de roupa suja, de acusações, mentiras, beligerância e de conclamar a violência. 

Em entrevista ao G1, Marcelo Freixo disse que não cabe ao senhor fazer esse juízo de valor.
Só cabe a mim fazer esse tipo de julgamento. Acho que, mais uma vez, ele está equivocado. Até porque assisti ao comício dele, na Lapa, e me pareceu que os apoiadores incitavam a violência. Vejo com preocupação. A propaganda dos dois é tão beligerante que querem me envolver na polêmica toda. Não estou aqui para ser polêmico, mas acabo sendo em função do próprio descontrole e destempero dos candidatos.

Por que um índice tão alto de abstenções?
Tem a falta de concordância com o resultado do primeiro turno e uma insatisfação com a antiga e a nova política. Todos repetem a mesma fórmula. Vejo como sinal de evolução da população, que não quer um discurso vazio.

Tem exemplos de irregularidades em outras cidades?
Em Niterói, tem carro de som que, ao invés de colocar o jingle e o nome do candidato, traz mensagens negativas do outro. Em Nova Iguaçu, fizeram uma “central de boatos” contra o atual prefeito e ele fez uma cartilha falsa para incriminar o outro. Há duas semanas, fui ao comitê do Dica, em Caxias, e tinha um carro de som chamando o adversário de corrupto, vagabundo. Quando cheguei, os apoiadores estavam abraçados em frente ao caminhão e não queriam deixar os fiscais entrarem. As pessoas acham que podem fazer o que quiserem e não têm responsabilidade com nada. É uma tônica nas cidades. Estão desesperados, querem ganhar de qualquer jeito.

http://extra.globo.com/

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