Reitor e grevistas da UFRJ atacam professores que criticam paralisação
LUISA BUSTAMANTE
Rio - Alunos há três meses sem aulas, novos estudantes com o risco de perder matrículas e, agora, professores impedidos de viajar a trabalho. A paralisação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) abriu uma guerra entre docentes que defendem o retorno das atividades e grevistas que contam com apoio da Reitoria. O estopim do confronto ocorreu no último dia 20 quando 25 professores eméritos enviaram uma carta ao ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, pedindo providências do MEC para regularizar as atividades acadêmicas. Professor emérito é um título concedido aos pesquisadores que mais contribuíram com a história da instituição. No documento, o grupo alega que o Comando Local de Greve dos técnicos-administrativos está regulando atividades dos docentes e chegou a impedir um colega de viajar para evento científico no exterior. Os professores dizem que a negativa representa uma interferência do sindicato na rotina de pesquisa.
Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro
Professor da Escola de Comunicação, Muniz Sodré é um dos que assinam a carta, “Eu respeito o trabalho do reitor, mas sou contra o comando de greve interferir em decisões acadêmicas. Temos que ponderar sobre o objetivo da paralisação”, diz, questionando a representatividade das decisões dos grevistas. A assembleia que optou pela manutenção da greve, na última terça-feira, contou com a presença de 400 dos 10 mil funcionários técnico-administrativos da UFRJ — um total de 4% da categoria. Nesta sexta-feira, tanto o sindicato, quanto a reitoria atacaram a postura dos 25 eméritos. Por meio de nota, o reitor classificou a carta enviada ao MEC de pedido de “intervenção governamental na UFRJ”. Informou também que foram concedidos 77 pedidos de afastamento para atividades de docentes no exterior no período da greve, entre 28 de maio e esta sexta-feira.
Já o Sintufrj, que representa os grevistas, elogiou a posição da Reitoria de reconhecer a legitimidade da greve. “Ainda prevalece a falsa hierarquia entre o valor do trabalho de técnicos e docentes, privilegiando os últimos em detrimento de todos os segmentos da universidade”, afirmou. Coordenador geral do sindicato, Francisco de Assis defendeu que os professores deveriam usar sua influência em favor das reivindicações dos grevistas. “Se assim fosse, a carta seria melhor aproveitada. Os docentes se acham qualificados, mas são desqualificados politicamente para enxergar que a nossa luta é em defesa da universidade”, atacou Assis.
Sem técnico e sem matrícula
A paralisação das aulas virou uma dor de cabeça para os alunos. É o caso do estudante de História da Arte Felipe Felizardo, de 28 anos, que perdeu a inscrição em uma Bienal de arte por não ter acesso ao número de sua matrícula. “Esqueci qual era o meu número e não há funcionário na Secretaria para me informar”, lamentou. Apesar de as aulas estarem paralisadas desde maio, a reitoria acredita que, em até 4 semanas, dependendo do curso, será possível retomar o conteúdo perdido.
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