Águas em área de competição olímpica no Rio são 'esgoto puro', revela estudo

Dados repercutiram mundo afora, sendo replicados pelo 'NY Times', entre outros, em clima de extrema preocupação.


O DIA

Rio - Um estudo sobre as "águas olímpicas" no Rio de Janeiro mostrou algo que é uma preocupação tanto da população carioca, quanto da comunidade internacional, que nas Olimpíadas 2016 terá atletas em competições de Vela e Remo. Segundo a Associated Press (AP), devido a quantidade excessiva de fezes humanas os competidores que entrarem contato com a água vão correr perigosos riscos. As concentrações de vírus descobertos em algumas amostras equivalem às encontradas em esgoto puro. A agência encomendou uma análise da água da Baía de Guanabara, Lagoa Rodrigo de Freitas e Praia de Copacabana que revelou níveis excessivos de vírus e bactérias de esgoto humano nos locais selecionados para as competições olímpicas e paralímpicas. Os dados alarmam a comunidade internacional e os atletas, que certamente terão contato com vírus e poderão adoecer. Alguns competidores que treinam no Rio, inclusive já tiveram febres, vômitos e diarreia.

Em algumas amostras foram encontradas altas contagens de adenovírus humanos ativos e infecciosos, que se replicam no intestino ou sistema respiratório das pessoas. Uma vez infectadas, as pessoas poderão ter doenças estomacais, diarreia aguda e vômitos, doenças respiratórias e, em casos mais graves, doenças cerebrais e cardíacas.

Ao fazer uma comparação com praias no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, o estudo revelou que o nível de poluição nas águas do Rio está 1.700.000 vezes acima do que seria considerado periculoso lá. Segundo a agência, no Rio, nenhum dos locais de evento são seguro para nadar ou velejar.

“O que se tem ali é basicamente esgoto puro” disse John Griffith, biólogo marinho do instituto independente Southern California Coastal Water Research Project, à AP. Após exames, segundo ele,foi constatado que a água encontrada nas praias do Rio é a água do banheiro dos moradores. "Isso seria interditado imediatamente se fosse encontrado aqui (Estados Unidos)”, disse ele. Os dados revelados pela AP repercutiram mundo afora, sendo replicados pelo "NY Times", a "BBC", a "NBC", entre outros, em clima de extrema preocupação.


O Inea se defendeu dizendo que as normas brasileiras de qualidade da água para uso recreativo são seguidas e que essas normas são baseadas em níveis bacterianos. O Comitê Rio 2016 informou que se a qualidade da água e a saúde dos atletas é algo "inegociável" e que confia no Inea.

"Qual é a norma que deve ser seguida para quantidade de vírus? Porque presença e ausência de vírus na água ... ela precisa de um padrão, um limite", declarou Leonardo Daemon, gerente de Qualidade da Água do Inea. "Você não tem um padrão, uma norma que transfira a quantidade de vírus em relação a saúde humana, isso para contato em água", completou.

Ao todo foram quatro rodadas de amostragens da água, em três locais de competição diferentes. A água que alcança a areia da praia de Ipanema também foi testada, pois apesar de não ser local de competição, atrai muitos turistas. Foram 37 amostras testadas para três diferentes tipos de adenovírus humano, rotavírus, enterovírus e coliformes fecais. Na praia de Copacabana, por exemplo, serão feitas provas de natação do triatlo e maratona aquática. Segundo um especialista ouvido pela agência, bastam três colheres de chá da água poluída para um atleta ficar infeccionado e por isso, as chances são de 99%.

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