Biografia conta os escândalos vividos por Neusinha Brizola


Luciana Carvalho, de EXAME.com

São Paulo – “Aos 4 anos foi morar num palácio. Aos 10, fugiu para o exílio. Aos 13, viciou-se em drogas. Aos 15, estava presa por tráfico. Aos 21, se tornou mãe. Aos 30, virou cantora. Aos 33, posou para a Playboy. Aos 40, era amante de mafiosos. Aos 50, sua vida rendia um livro”. O trecho escrito na contracapa do livro “Neusinha Brizola – Sem Mintchura” (Editora Interface Olympus) resume o que o leitor encontrará na biografia da filha do ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola.

A obra, feita com autorização e ajuda da própria personagem, foi escrita pelo jornalista Lucas Nobre e pelo escritor Fábio Fabrício Fabretti (coautor da biografia “40 Anos de Glória”, de Glória Pires). Nas mais de 420 páginas de publicação, fatos e fotos revelam a trajetória conturbada da celebridade, morta em 2011, aos 57 anos. Desde a infância, Neusinha mostrava ser impetuosa, mas, de acordo com Lucas Nobre, o fato de ter sido obrigada a fugir com a família, devido ao golpe militar de 1964, quando ainda era uma criança, foi um divisor de águas em sua vida. “Esse choque de realidades é brutal. Neusinha já manifestava um lado travesso e não convencional enquanto criança, mas aquele episódio marca uma espécie de ‘Neusinha antes’ e ‘Neusinha depois’ que dá para justificar a origem das diversas loucuras e confusões que ela se envolveu”, diz.

Com episódios polêmicos, o período de maior sucesso dela foi durante os anos 80, quando enveredou pela carreira artística. Ela lançou as músicas "Mintchura" e "Diretcha" (no contexto da campanha das “Diretas Já”), participou da trilha do programa infantil Plunct, Plact, Zuuum, da Rede Globo, e fez músicas para produções como a novela “Transas e Caretas” e o filme “As Sete Vampiras”. Quando posou nua para a Playboy, seu pai impediu a circulação das imagens.


“Como dizia meu amigo que fez a capa do livro e me auxiliou nas pesquisas e entrevistas, Rodrigo Manhães: 'Neusinha era uma rebelde numa época em que não era bonito e nem moda ser assim'. Hoje há os filhos que são rebeldes com a autorização dos pais. Percebo isso nos jovens”, afirma Fábio Fabretti.


Para o escritor, a vida da biografada foi muito importante sob os aspectos sociais, culturais e históricos do país, devido a sua luta contra o sistema, a ditatura, o país, sua família e até contra si própria. “Ela não precisava ter se identificado com as favelas e nem buscado o submundo, deixando sua vida de luxo e ostentação. Mas o fez. Tudo isso é fascinante para mim, de um modo geral”, diz Fabretti. Os autores afirmam que a iniciativa para retratar a história de Neusinha partiu dela mesma. “Quem me apresentou a Neusinha foi a amiga e atriz Elaine Baracho, quando nos encontramos em Ipanema, certa noite. Alguns amigos já comentavam comigo que ela pretendia fazer uma biografia e que era o meu perfil, por gostar de temas ousados”, conta Fabretti. A entrada de Lucas Nobre no projeto veio depois, quando morava no Rio Grande do Sul, para ajudar nas pesquisas relacionadas à fase em que a personalidade vivia no Sul do país e, mais tarde, participou também da redação do livro.

Segundo eles, durante o todo o processo de pesquisa e produção da obra, Neusinha colaborou e forneceu todas as informações de que precisavam, mesmo sobre os casos mais “pesados”. “Neusinha nunca foi de medir palavras e sempre assumiu o que fez por mais pesado que fosse. E depois de morta, seus filhos não vetaram qualquer informação ou história”, diz Nobre.

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