LAVA JATO TAMBÉM TRAZ CUSTO POLÍTICO AO GOVERNO


247 – Se a Operação Lava Jato pode prejudicar investimentos e até o PIB de 2015, conforme projeção da Consultoria Tendências, "não menos grave começa a ser o impacto das investigações sobre a agenda política do ano e sobre a articulação parlamentar do Governo Dilma", afirma Tereza Cruvinel, em seu blog no 247. A jornalista diz que o Planalto, "privado de qualquer informação confiável sobre os políticos que serão denunciados em fevereiro pelo procurador-geral da República ao STF, por envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobrás", vê-se impedido de montar seu "escalão de confiança" no Congresso.

Tereza prevê um "quadro nebuloso" sobre o ambiente depois das denúncias (com todas as suas consequências, que vão de cassações à "morte" política de alguns personagens). "O máximo que o Planalto pode fazer é apoiar a reeleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado e fortalecer a candidatura de Arlindo Chinaglia", diz ela. O segundo governo Dilma sofrerá assim duas graves consequências da Lava Jato, uma econômica e outra política. Pensando na primeira, na fala da Granja do Torto a presidente defendeu punição para as pessoas que tenham cometido ilícitos, não para as empresas. Como tocar projetos de infraestrutura com as maiores empresas do país na UTI? Já as preocupações políticas ainda não estão sendo verbalizadas mas também estão no radar do Planalto. Num quadro destes, como falar em reforma política? Tiremos o cavalinho da chuva.

Se a Operação Lava Jato pode prejudicar investimentos e até o PIB de 2015, conforme noticiou o portal 247, com base em projeção da Consultoria Tendências, não menos grave começa a ser o impacto das investigações sobre a agenda política do ano e sobre a articulação parlamentar do Governo Dilma.

http://www.brasil247.com/

OS CUSTOS POLÍTICOS DA LAVA JATO

Tereza Cruvinel

Além de prejudicar investimentos e o próprio PIB, a operação afeta a gestão política do governo

Privado de qualquer informação confiável sobre os políticos que serão denunciados em fevereiro pelo Procurador-Geral da República ao STF, por envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobrás, o Palácio do Planalto vê-se impedido de montar seu “escalão de confiança” no Congresso.  O que avança é o que não pode ser controlado pelo governo, a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.  Diante do quadro nebuloso sobre o ambiente que haverá no Congresso depois das denúncias (com todas as suas consequências, que vão de cassações à “morte” política de alguns personagens), o máximo que o Planalto pode fazer é apoiar a reeleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado e fortalecer a candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, apesar de Eduardo Cunha, o enigma, ainda ser favorito, mas não tanto quando antes. Arlindo já teria votos suficientes pelo menos para forçar o segundo turno, no qual, se souber agir, o governo pode atrair eleitores que hoje apoiam o candidato do PSB, Júlio Delgado. Exceto, é claro, os tucanos, que a cúpula do partido quer impedir de se bandearem para Cunha temendo exatamente a adesão dos eleitores de Delgado ao petista.  Mas mesmo para ajudar Renan e Arlindo o governo precisa do máximo de cuidado para evitar marolas como a criada por Cunha ao denunciar oferta de cargos a quem votasse no petista.

Seja qual for o resultado da disputa, que agora chega à reta final, depois começa o ano legislativo e nele as perspectivas também não são fáceis.  Sobrevindo a denúncia, alguns aliados serão “queimados” e novos atores vão emergir nas negociações. Com as centrais sindicais contestando as mudanças nas regras do seguro-desemprego e das licenças e pensões pelo INSS, o Congresso dificilmente as aprovará sem mudanças. Por isso o próprio governo já considera a possibilidade de negociar diretamente algumas mudanças com as centrais, ao invés de esperar que sejam feitas pelo Congresso, sofrendo uma derrota parlamentar já no começo do ano. Difícil também, e isso talvez seja até mais grave para a estratégia de credibilidade de Joaquim Levy, será aprovar a prorrogação da DRU – Desvinculação das Receitas da União, um arranjo  usado desde a era FHC, que permite ao governo lançar mão de até 20% das receitas vinculadas (Educação, Saúde e Seguridade) para garantir o equilíbrio fiscal.

O segundo governo Dilma sofrerá assim duas graves consequências da Lava Jato, uma econômica e outra política.  Pensando na primeira, na fala da Granja do Torto a presidente defendeu punição para as pessoas que tenham cometido ilícitos, não para as empresas. Como tocar projetos de infraestrutura com as maiores empresas do país na UTI?  Já as preocupações políticas ainda não estão sendo verbalizadas mas também estão no radar do Planalto. Num quadro destes, como falar em reforma política? Tiremos o cavalinho da chuva.



Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.


http://terezacruvinel.com/

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