Negromonte diz que levava apenas 'envelopes lacrados' para Youssef

Irmão de ex-ministro das Cidades prestou depoimento à Polícia Federal. Ele foi solto nesta sexta-feira (28), após decisão judicial.


Samuel Nunes e Vladimir Netto
Do G1 PR e do Jornal da Globo

Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, admitiu à Polícia Federal que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef. Ele estava preso desde segunda-feira (24), quando se entregou na sede da Polícia Federal em Curitiba e foi solto nesta sexta-feira (29), após decisão judicial. Apontado como transportador de dinheiro de Youssef, ele afirmou em depoimento à PF que carregava apenas "envelopes lacrados", mas nunca soube o que havia dentro. Negromonte foi preso na sétima fase da Operação Lava Jato, que investiga, entre outros crimes, desvios de dinheiro da Petrobras e pagamento de propinas a agentes públicos, por parte de empreiteiras que tinham contratos com a estatal. O nome do irmão do ex-ministro surgiu em depoimentos de Alberto Youssef à Justiça Federal. O depoimento foi prestado no dia 24 de novembro, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde ficou preso até esta sexta-feira. O Jornal da Globo e o G1 tiveram acesso ao documento.  De acordo com Negromonte, ele recebia de Youssef R$ 1,5 mil por semana, mas nunca teve a carteira de trabalho assinada, nem outro vínculo empregatício. Ele também afirmou que era responsável por lavar os carros do doleiro.

Ao ser questionado se já havia levado malas ou envelopes a empreiteiras ou a servidores públicos, Negromonte negou e disse que nunca esteve na sede da Petrobras. Quanto a outros endereços, ele também não soube dizer aonde foi para entregar os envelopes a mando de Youssef. No depoimento, ele ainda admitiu ter contatos com outras pessoas que são citados em processos da Lava Jato, como João Procópio Junqueira, Enivaldo Quadrado, Rafael Angulo e o ex-deputado José Janene, morto em 2010. Negromonte diz que foi apresentado ao doleiro por Janene, que Angulo "pagou uma viagem a passeio para ambos no exterior e que era incumbido de levar uma amante do doleiro para passear e ir ao médico". Embora Negromonte tenha negado a participação no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, o juiz federal Sérgio Moro assegurou no despacho que concedeu a soltura dele, que há provas contra o irmão do ex-ministro. Ele saiu da carceragem da Polícia Federal, nesta sexta-feira (28), por volta das 19:00hs e não quis falar com a imprensa, que o aguardava na portaria da PF, em Curitiba.

Lava Jato
A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 25 pessoas foram presas pela PF durante esta etapa da operação. Porém, ao expirar o prazo da prisão temporária (de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco), na última terça (18), 11 suspeitos foram liberados. Outras 13 pessoas, entre as quais o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, continuam na cadeia.

http://g1.globo.com/

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