sábado, 18 de outubro de 2014

Seca esvazia os reservatórios e preocupa


Danielle Macedo 

A seca na Região Sudeste não esvazia somente os reservatórios do Estado de São Paulo. São cerca de 40 milhões de pessoas afetadas, aproximadamente 20% da população brasileira. Os principais rios atingidos são: São Francisco, Grande, Doce, Paraíba do Sul, Paraná e Jequitinhonha. Através de reunião entre os sete comitês do Estado do Rio de Janeiro da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul e o setor elétrico, no último dia 27, houve decisão de reduzir a vazão no Rio Paraíba do Sul de 165% para 160%, na região da barragem de Santa Cecília, no trecho que corta Barra do Piraí, de forma gradativa e experimental. "Decidimos reduzir mais um pouco a vazão, a partir de 1º de setembro, numa parte deste reservatório de água que vai para Guandu. O objetivo é preservar os reservatórios do Paraíba que estão em São Paulo e o de Furnas, no Rio, garantindo também a geração de energia", afirmou João Gomes, pesquisador do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal da Uenf e um dos diretores do Comitê da Bacia do Baixo Paraíba. 

Rios mais fracos, mar mais forte
Do ponto de vista dos ambientalistas, os rios brasileiros estão ficando mais fracos e o mar mais forte. As chuvas que caíram no Brasil neste ano foram 25% menores que a média para o período. "O Governo de São Paulo faz todo um marketing da seca que vem 'sofrendo', aumentando a seriedade da situação para justificar a transposição do Paraíba na região de Jagaurati, não pela quantidade de água que falta, mas pela qualidade de água que existe lá, de classe 1", opinou o professor Vicente Oliveira, coordenador do setor de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFF/Campos). 

Salinização preocupa devido à baixa vazão
Segundo o professor Vicente, a maior preocupação com esta seca do Rio Paraíba do Sul é em relação à salinização provocada pela redução na capacidade da vazão, o que também intensifica o problema do aumento da concentração do esgoto nos leitos. "Temos que praticar a racionalização para contribuir para a minimização do problema. No Rio de Janeiro já acontece uma racionalização em 50% e em São Paulo, 60%. Temos muita preocupação com a qualidade desta água, já que se acontecer uma grande queda neste quesito, nem a captação e tratamento da água do Paraíba resolveriam o problema da poluição", concluiu o coordenador do setor Agroambiental do IFF/Campos. 

Decisão - Na quarta-feira (10), durante reunião, os membros dos Comitês da Bacia Hidrográfica do Paraíba - Rio de Janeiro decidiram sobre o que será feito com as águas reservadas do rio: ou retiram as águas do reservatório de Guandu ou do Baixo Paraíba (Região Norte). Hoje, o maior reservatório do Rio Paraíba do Sul é o de Paraibuna, que baixou 12,23% da sua capacidade. A principal finalidade da represa de Paraibuna é regular a vazão do Rio Paraíba, responsável pelo fornecimento de água para vários municípios do Vale do Paraíba, em São Paulo, e do Estado do Rio de Janeiro.

Projeto da Transposição do rio Paraíba
A Agência Nacional das Águas (ANA) ainda está avaliando a proposta do Governo do Estado de São Paulo para interligar o reservatório Jaguari, localizado na Bacia do Rio Paraíba do Sul, ao reservatório Atibainha, que integra o Sistema Cantareira. Em junho, o Ministério Público Federal (MPF) pediu para que a ANA não autorizasse a transposição pelo menos até o que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realize vários estudos, que seriam necessários para esse tipo de projeto. 

Julgamento no STF - A 2ª Vara Federal, em Campos, declinou, neste mês, para o Supremo Tribunal Federal (STF) a competência de julgar a ação contra a transposição do Rio Paraíba do Sul com a finalidade de abastecer o Estado de São Paulo. De acordo com a decisão, o projeto de transposição do rio pode prejudicar diretamente o abastecimento de água das populações dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além da produção de energia elétrica na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Mais de 620 mil habitantes na Região do Médio Paraíba do Sul, entre sete municípios, dependem do Paraíba. São eles: Campos, São João da Barra (SJB), São Francisco de Itabapoana (SFI), Aperibé, Itaocara, Cambuci e São Fidélis.

http://www.odiariodecampos.com.br/

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