sábado, 20 de setembro de 2014

Tráfico fecha ruas em São João de Meriti e impede a entrada da polícia

Bando impõem toque de recolher, impede serviços e desfila com armas perto da delegacia.


DIEGO VALDEVINO

Rio - Toques de recolher, retirada obrigatória de câmeras de segurança de residências e luzes de casas apagadas após 22:00hs. Essa são algumas das regras impostas por traficantes da Favela da Linha, no bairro Engenheiro Belford, em São João de Meriti. Há 17 dias, os bandidos bloquearam quatro ruas da região com barricadas feitas com telhas, troncos e galhos de árvores, trilhos de trem e pedras. Isso tudo a 100 metros da 64ª DP (São João de Meriti) e a 500 metros do 21º BPM. Bandidos armados de pistolas e fuzis, a maioria deles do Complexo de Favelas do Chapadão, em Costa Barros, desfilam em plena luz do dia em carros de luxo — um dos modelos é um Toyota Corolla, que custa cerca de R$ 70 mil. Isso tudo aos olhos perplexos e assustados de moradores, que são obrigados a seguir as determinações dos traficantes. As ruas mais temidas pela população e com maior presença do tráfico são: Major Augusto César, considerada a mais perigosa; Teixeira Pinto, Domicília César e Robertina. A primeira é que tem mais barricadas espalhadas para dificultar a entrada de carros e blindados da Polícia Militar. 

“Eles passam em motocicletas e carrões com fuzis a qualquer hora do dia. Levam o terror. O mais incrível disso tudo é que a ação dos criminosos é próximo de uma delegacia e de um batalhão. Não há mais paz. Um absurdo”, disse, temeroso, um morador que pediu para não se identificar com medo de represálias. Ainda de acordo com moradores, traficantes do Chapadão, que estariam vindo pela Estrada Rio do Pau, que dá acesso ao bairro da Pavuna, estão obrigando a população a deixar os portões de suas casas abertos durante operações policiais na região. “Dizem que são do Chapadão, que ‘fecham’ com os traficantes da região”, lembrou o denunciante. 


Ele afirma ainda que serviços básicos como entrega de correspondências são impedidas pelo grupo criminoso. “Até a instalação de chips da Light em relógios digitais foi impedida. Após 22h ninguém pode ficar mais na rua”, denunciou. Entre a madrugada e a manhã de ontem, duas operações da Polícia Militar para retirar barricadas foram rechaçadas pelos criminosos. Houve troca-de-tiros. No confronto, o tenente Vítor Mairinque, do 21º BPM foi baleado no pescoço. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Santa Terezinha, onde foi operado. O militar passa bem e não corre risco de vida.

PM vê ‘intercâmbio’ com traficantes do Chapadão 
O comandante do batalhão de São João de Meriti, o tenente-coronel Marcos Netto, confirmou que há um ‘intercâmbio’ entre traficantes do Chapadão e da Favela da Linha. Segundo ele, as operações na localidade, reduto da facção criminosa Comando Vermelho, serão intensificadas. 


“Já vínhamos atuando. E agora agiremos com ainda mais rigor. Há este intercâmbio entre as favelas, mas temos feito prisões e acabamos com o baile funk que fazia apologia ao crime. No dia 5, prendemos três pessoas. Uma delas era da Pavuna”, lembrou. Ele definiu como ‘enxugar gelo’ a ação de retirada de barricadas: “Retiramos as barreiras do tráfico e eles vão lá e fazem tudo de novo. Porém, vamos combater esta prática”.

Entregas dos Correios e serviços da Light ficam prejudicados 
Serviços básicos como a entrega domiciliar de correspondências e encomendas, assim como manutenção e reparos na rede elétrica têm sido dificultados por bandidos da Favela da Linha, em Engenheiro Belfort. Em nota, a Light informou que “por se tratar de área de risco, há restrições à segurança dos técnicos da Light, principalmente à noite. Algumas vezes, há barricadas que impedem nossas equipes de entrar na comunidade”. Sobre a ação de criminosos de outras comunidades da Baixada, a Light esclareceu que “em localidades dominadas pela milícia e pelo tráfico, a operação da concessionária é dificultada, ou até mesmo impedida. E quando há operações policiais, a própria Polícia impede o acesso das equipes, até que a situação seja normalizada’

Já a assessoria dos Correios garantiu que a entrega de correspondências simples na Rua Major Augusto César — considerada a mais crítica —, acontece regularmente. Entretanto, a entrega de encomendas, por questão de segurança, está sendo provisoriamente centralizada na unidade de correio mais próxima. Durante a restrição temporária, o destinatário recebe um comunicado para buscar a sua encomenda.

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