domingo, 17 de agosto de 2014

Rio registra cinco falsos roubos de veículos por dia

Estimativa da polícia e empresas de seguro aponta que 5% de 18 mil registros não são verdadeiros.


HERCULANO BARRETO FILHO

Rio - A suspeita de que o jogador Luiz Antônio, do Flamengo, teria presenteado o chefão de uma milícia da Zona Oeste e, em seguida, registrado o roubo do veículo para receber dinheiro da seguradora chamou a atenção para um crime difícil de ser detectado. Tal tipo de estelionato é conhecido no linguajar policial como ‘tombo no seguro’. Uma estimativa feita pela Polícia Civil em conjunto com uma associação de empresas de seguro revela que cinco pessoas a cada 24 horas vão a uma delegacia no Estado do Rio de Janeiro para registrar o falso roubo de veículo. O levantamento leva em consideração um índice calculado com base em informações de seguradoras de 5% de falsas ocorrências em meio aos 18 mil registros de roubo de veículo entre janeiro e junho deste ano, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. Nesse período, por essa lógica, 900 roubos registrados nunca teriam ocorrido, uma média de 150 golpes em seguradoras por mês. 

A principal dificuldade da polícia é comprovar a autoria desse tipo de crime. Quando a falsa vítima procura a polícia, o veículo já está nas mãos de um intermediário. Em alguns casos, o veículo é clonado por quadrilhas especializadas. Em outros, é levado a um ferro-velho. Mas não é desmontado lá. De acordo com a Delegacia de Roubos e Furtos de Autos (DRFA), o desmanche dos carros costuma ser feito em sítios ou locais afastados, onde são desmontados em menos de 30 minutos, longe da fiscalização. Em seguida, as peças são levadas a ferros-velhos, onde são vendidas. “A prioridade dos criminosos é quebrar os vidros, raspar o motor, o chassi e as etiquetas de identificação. Nesse caso, como vou provar que houve crime? Em tese, o dono do carro é uma vítima, não um estelionatário. Com o carro desmontado, não há mais materialidade do crime”, explica o delegado Geovan Omena, da DRFA.

Segundo a polícia, a intenção do dono do carro é recuperar o investimento no veículo, desvalorizado pelo uso. Em alguns casos, ele é ressarcido pela seguradora pelo falso roubo e ainda recebe do intermediário, que irá clonar ou desmanchar o veículo. “Todo mundo ganha nesse esquema”, reforça o delegado.

Quadrilha pode estar envolvida
No mês passado, a DRFA prendeu 13 pessoas, desarticulando a que seria a maior quadrilha de desmanche e clonagem de veículos no estado. Segundo a investigação, o grupo é responsável pelo roubo de 300 carros por mês. E pode estar envolvida com o ‘tombo no seguro’, devido ao tipo de ação dos criminosos. O grupo desmontava os veículos em um ferro-velho na Vila Aliança, em Bangu, e revendia as suas peças. Escutas telefônicas feitas durante a investigação revelaram que Mário Lúcio de Souza, o chefe do esquema, pagava a um ladrão R$ 1 mil por carro roubado. E fazia o repasse por R$ 4 mil para interessados na clonagem.

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