quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Médico 'monstro' já alega doença para deixar a prisão

Roger Abdelmassih foi para a Penitenciária de Tremembé para cumprir pena de 278 anos por 52 estupros.


O DIA

São Paulo - O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, preso na terça-feira no Paraguai, alegou ontem, ao ser submetido a exame de corpo de delito na delegacia do Aeroporto de Congonhas, que sofre de doença do coração. Beneficiado com habeas corpus, em 2010, que o livrou da cadeia, após ser condenado a 278 anos por 52 estupros, o ex-médico pode ter apontado a suposta cardiopatia como mais um estratagema para deixar a cadeia. Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, ele chorou e disse estar arrependido. Após o exame, Abdelmassih foi para a Penitenciária de Tremembé, para cumprir a pena.

Um grupo de ex-pacientes esperou o ex-médico no aeroporto. Quando ele passou, foi xingado e vaiado. “Esse homem não é um médico. É um monstro”, afirmou Sílvia Franco, que contou que ele usou embriões dela em outras mulheres. Vanuzia Leite Lopes, outra vítima do ex-médico, estava emocionada e chorou ao ficar a poucos metros dele. “Seja bem-vindo ao inferno”, afirmou ela, que faz parte de um grupo que investigou o paradeiro do condenado.

Segundo Vanuzia, foram reunidos 300 documentos, incluindo contas de telefone, para chegar ao esconderijo. “Fomos nós que conseguimos. Ele está entrando preso e eu estou saindo livre. Não tem ministro que vai tirar você daqui mais”, disse ela, referindo aos dois habeas corpus que recebeu do Supremo Tribunal Federal, enquanto ele passava pelo grupo de mulheres. Para evitar que o ex-médico, que estava algemado, fosse agredido, policiais fizeram um cordão de isolamento. Abdelmassih foi colocado, algemado e com o colete à prova de balas, na parte de trás de um carro da polícia. Em seguida, foi levado para a penitenciária, destinada a presos considerados de periculosidade alta. 

Em São Gonçalo, Na Região Metropolitana do Rio, a farmacêutica Nelma Luz, de 50 anos, festejou a prisão do ex-médico. Ela o acusou de, além dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor, aplicar golpes financeiros nas pacientes. Ela disse que o procurou em 2008 para fazer uma fertilização em vitro e pagou por exame que detecta deformações genéticas do bebê. Mas, mesmo tendo pago, o procedimento, que é caro, não foi feito. A mulher conta que teve uma criança com deformação que morreu com três meses.

Foragido vivia com regalias
Em Assunção, onde morava há três anos, Roger Abdelmassih vivia com conforto em uma casa grande do bairro São Cristóbal. Ele tinha motorista e segurança particulares e os filhos, uma menina e um menino gêmeos de 3 anos, eram cuidados por babá. Segundo vizinhos, ele usava o nome de Ricardo Galeano, enquanto sua mulher usava o verdadeiro, Larissa Sacco. No bairro, o casal era considerado discreto e cordial. Ontem, o ministro antidrogas do Paraguai, Luis Alberto Rojas, afirmou que o ex-médico contava com apoio de políticos e autoridades, inclusive ligadas ao futebol, mas não quis revelar nomes. Segundo Rojas, a expulsão de Abdelmassih foi rápida porque ele não tinha documentos e entrou ilegalmente no Paraguai.

http://odia.ig.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário