quinta-feira, 28 de agosto de 2014

DECRETO DE CAMPOS AJUDOU EMPRESA SUSPEITA





Pernambuco 247 - Apontada como uma das empresas envolvidas na compra do jato Cessna na campanha presidencial do PSB, a Bandeirantes Companhia de Pneus Ltda. Teve os seus benefícios fiscais relativos à importação de pneus ampliados por um decreto assinado em 2011 pelo então governador Eduardo Campos (PSB). Campos morreu em um acidente aéreo envolvendo a aeronave Cessna PR-AFA no último dia 13 durante uma viagem a Santos (SP) como candidato à Presidência da República. A suspeita que agora está sendo investigada envolve recursos destinados supostamente a campanha do PSB, associada à concessão de benefícios fiscais a um setor da economia apontado como extremante danoso ao meio ambiente. De acordo com uma investigação solicitada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) à Polícia Federal, o decreto assinado por Campos em 2011 eliminou os limites de importação da Bandeirantes Companhia de Pneus LTDA, que na época chamava-se Bandeirantes Renovação de Pneus. O primeiro decreto que foi assinado em 2006, pelo ex-governador e hoje deputado federal Mendonça Filho (DEM) estabelecia limites à importação de pneus usados por parte da empresa.

A importação autorizada em 2006 previa que a empresa poderia importar até 4 mil pneus para veículos e máquinas industriais, outras 4 mil unidades para máquinas agrícolas ou florestais e até 5 mil para veículos diversos. O decreto de Campos, porém, retirou estes limites. A importação de pneus usados é apontada como extremamente degradante para o meio ambiente quando por ocasião do descarte dos pneus inservíveis, além de ser considerada uma ameaça a indústria nacional de pneus.

Um dos sócios da Bandeirantes Companhia de Pneus Ltda, Apolo Santana Vieira, responde a processos de sonegação fiscal referentes a importação de pneus através do porto pernambucano de Suape. Os prejuízos aos cofres públicos são estimados em cerca de R$ 100 milhões. Vieira estaria adquirindo a aeronave juntamente com o empresário pernambucano João Carlos Lyra de Melo Filho, que teria indicado as empresas Bandeirantes e BR Par para assumir dívidas que o grupo sucroalcooleiro paulista, AF Andrade, teria junto a Cessna. Além destas, outras empresas aparecem como financiadoras ou responsáveis por empréstimos aos empresários pernambucanos para que pudessem comprar o avião. Muitas delas são apontadas como "fantasmas", que não existem fora do papel. 

A situação coloca em dificuldades a campanha da agora candidata à Presidência Marina Silva (PSB), já que o avião não poderia ter sido cedido a campanha, além de estar ligado a grupos com práticas danosas ao meio ambiente e suspeitos de irregularidades que vão desde sonegação fiscal ao uso de laranjas e empresas fantasmas. Nesta quarta-feira, ela afirmou que não sabia quais eram as condições da aeronave e destacou a versão do partido sobre o assunto, de que o avião teria sido emprestado pelos empresários e que o empréstimo seria pago no final da campanha. Ainda ontem, em Santos, local onde caiu o avião que vitimou Campos e outras pessoas, Antônio Campos, irmão do ex-governador, visitou vítimas do desastre e prometeu que a família poderia pagar os danos materiais referentes ao acidente, o que, ainda que mesmo indiretamente ao tentar conter o estrago político, coloca a família na linha de frente como uma das possíveis proprietárias da aeronave.

O imbróglio, pelo visto, está longe de terminar.

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